sábado, novembro 29
Os boys são bons rapazes...
Não há como a política para aferir contradições entre as palavras e os actos. Não faltam exemplos de como os partidos são território privilegiado de tráfico de influências, de promoção de mediocridade, de pagamento de favores resultante da fidelidade dos votos. A actual câmara do Fundão é exemplo disso. Os tiques parecem reproduzirem-se intemporalmente na câmara do Fundão. A ocupação dos órgãos autárquicos pelo aparelhismo dominante dos partidos que conquistam o poder, e a sua constante cedência à mediocridade é, infelizmente, de uma trágica acualidade.
Novidade? Não tanto para quem viveu no fundão nos últimos meses. De facto, a voracidade do aparelho do PSD rápidamente tomou conta do poder e a prometida mudança tornou-se rápidamente num arcaísmo sem lugar na actual autarquia fundanense
Vem isto a propósito da deplorável programação cultural da Câmara do Fundão nos últimos dois anos.
UM EXEMPLO-A câmara do Fundão pelo segundo ano consecutivo produz espectáculos a Nuno Miguel Henrriques, um sobre Eugénio de Andrade e outro de Amália Rodrigues. Ambos os cd’s e espectáculos são de mais que duvidosa qualidade.
Nuno Miguel Henrriques fez campanha pelo DR Manuel Frexes porta a porta. Depois de ter visto o seu espectáculo na freguesia de Alcaria não tenho dúvidas que estamos perante um daqueles casos de promoção da mediocridade e de pagamento de favores políticos. Dizem que a factura ultrapassa já os 8 mil contos. A choldra recomenda-se. Afinal de contas os boys são todos bons rapazes.
Novidade? Não tanto para quem viveu no fundão nos últimos meses. De facto, a voracidade do aparelho do PSD rápidamente tomou conta do poder e a prometida mudança tornou-se rápidamente num arcaísmo sem lugar na actual autarquia fundanense
Vem isto a propósito da deplorável programação cultural da Câmara do Fundão nos últimos dois anos.
UM EXEMPLO-A câmara do Fundão pelo segundo ano consecutivo produz espectáculos a Nuno Miguel Henrriques, um sobre Eugénio de Andrade e outro de Amália Rodrigues. Ambos os cd’s e espectáculos são de mais que duvidosa qualidade.
Nuno Miguel Henrriques fez campanha pelo DR Manuel Frexes porta a porta. Depois de ter visto o seu espectáculo na freguesia de Alcaria não tenho dúvidas que estamos perante um daqueles casos de promoção da mediocridade e de pagamento de favores políticos. Dizem que a factura ultrapassa já os 8 mil contos. A choldra recomenda-se. Afinal de contas os boys são todos bons rapazes.
Encontro marcado com a neve
[Fotografia de Diamantino Gonçalves]
quarta-feira, novembro 26
Cenas da vida conjugal com um cadáver
Vivia em casa um Verão envenenado. Num gesto de revolta doméstica revolvi a gaveta e finalmente encontrei o revólver. Disparei ao acaso e acertei repetidamente num espelho, no abat-jour que herdara da Tia Palmira, no armário das gavetas, e no guarda-fatos. O cadáver que ali vivia há anos, soltou um queixume irado.
– Meus pobres ossos, já um esqueleto não pode viver em paz no armário!
A partir daquele dia, passei a arrumar os pijamas na gaveta junto às peúgas perfumadas e ao revólver inquieto. Comprei uma cana de pesca e passei as tardes de Domingo a pescar peças de roupa interior do estendal da vizinha de baixo, que depois arrumava religiosamente na gaveta de baixo, junto ao terço e à bíblia que recebera de herança da minha avó Deolinda.
Do esqueleto nunca mais escutei lamúrias. Vivíamos numa cordata paz doméstica e conjugal.
Ele no armário, eu na terceira gaveta, submergido pela lingerie dominatrix da vizinha e do abençoado crucifixo da família.
V7
PS: Não resisti a ir buscar este catálogo ao Vodka7, para animar a pedreira. Afinal, um homem não é de pedra....
O círculo de giz casapiano
Na sua peça "O Círculo de Giz Caucasiano", o dramaturgo alemão Berthold Brecht propõe uma visão de um sistema de justiça baseado no profundo sentido de humanidade, que é o melhor conselheiro do bom senso que deve presidir a qualquer decisão judicial.
Esta visão romãntica e próxima de um justicialismo comunitá¡rio e primitivo (de que ainda sobram exemplos em locais remotos de Portuga), é corporizada no personagem principal dessa peça - um juíz analfabeto e popular que dita as suas sentenças, baseando-se numa jurisprudência própria e que dispensa o articulado da Lei.
Vale a pena ler essa admirável peça, à luz desse verdadeiro "círculo de giz casapiano", que se desenhou no ventre barrigudo e ufano deste nosso Portugal.
Nem quero aqui falar dos inúmeros casos que alimentam essa matilha esfaimada de escândalos que agora se acotovela nas redacções dos jornais. Queriam apenas destacar o regresso a um País corporativo e tribalesco que julgávamos extinto e defunto, mas que afinal sempre por cá andou.
No último Domingo nas respectivas tribunas televisivas, Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa, juntaram a sua voz influente de "intelligentsia" oficial, ao coro de uivos que os Políticos têm rosnado às mordidelas da Justiça, do Ministério Público e do Juíz Rui Teixeira.
Repare-se, que esta desconfiança em relação aos inéditos avanços da Justiça no até agora sacrossanto armário de esqueletos dos políticos portugueses, tem feito ressurgir o Bloco Central, e provocado suspeitas reacções corporativas que atravessam transversalmente todo o espectro político-partidário nacional.
Depois de se ter repetidamente tentar assassinar o carácter e a competência do Juíz Rui Teixeira (pelo qual não nutro estima particular), sem resultados aparentes, já que num último estudo de confiança publicado pelo DN, os portugueses colocavam o juiz Rui Teixeira muito perto da referência de confiança e prestígio que é o Presidente da República, passa-se agora a discutir os "excessos" de protagonismo dos magistrados, que ameaçam ocupar um palanque habitualmente monopolizado pelo poder político.
No Domingo, Marcelo Rebelo de Sousa e Pacheco Pereira voltaram a levantar este "dogma", a propósito de uma entrevista do Juíz Rui Teixeira e do Juíz Rui Rangel à Rádio Renascença e ao Público, onde estes magistrados se pronunciavam sobre o sistema judicial português.
Inicialmente (no início deste processo) a magistratura era acusada de ser anacrónica em relação a um mundo polarizado pela informação e pelo mediatismo, agora são acusados precisamente do contrário. Este despauperado desnorte de contradições transmite sinais preocupantes de que os políticos estão a ficar nervosos com o poder do poder judicial. Fala-se mesmo na expressão "monstro judicial" para designar os poderes do Ministério Público, que alegadamente cresceram desmeduradamente sob o consulado socialista. Espero que esta tese, não seja o prenúncio de uma contra-ofensiva legislativa comandada pelos políticos para "amarrar" os juízes à sua voz de comando, como Berlusconi fez em Itália, livrando-se de forma tenebrosa (própria das ditaduras sul-americanas) dos acusações que sobre ele pendiam, e "algemando" incómodos juízes que protagonizaram a espectacular mega-operação "Mãos Limpas", que deslindou a pestilenta putrefacção que germinava nas relações entre poder político, crime organizado e obscuros interesses económicos e que levou Andreotti e Betino Craxi ao banco dos réus (ambos escaparam impunes).
Os políticos portugueses estão preocupados com o poder mediático que a Justiça portuguesa nunca teve e começa agora a ter, e este confronto corporativo assume proporções que demonstram claramente que o corporativismo - e tudo o que nele existe de ameaçador a uma democracia madura e dinâmica - está bem vivo na sociedade portuguesa.
Quando se verbera jactâncias sobre os jeans e a t-shirt do juíz; sobre os passeis de jipe do juíz; sobre o excesso de protagonismo do juíz, até sobre a idade e competência do juíz; está-se a criar uma campanha orquestrada de descredibilização, e recorre-se vergonhosamente a técnicas básicas de propaganda. Chama-se a isto uma manobra de diversão para iludir o essencial com o acessório e isto devia-nos preocupar a todos. A imprensa bem pensante (normalmente mais próxima dos sectores políticos do que da vetusta magistratura) dá normalmente cobertura e amplifica esta contra-ofensiva mediática dos políticos (Ferro Rodrigues deve ter batido o recorde mundial de entrevistas numa semana), o que também nos devia preocupar, e muito.
A Justiça não está isenta de erros, mas isso deveria ser válido para os "zé-ninguéns" ou para os poderosos. Prefiro uma Justiça que não erre, mas se errar, prefiro mil vezes que o faça indiscriminadamente sem critério de cor, raça, credo, fama, poder ou riqueza. Custe o que custar, e sobretudo, que doa a quem merece doer. Esperemos que o Círculo de Giz Casapiano não seja mais uma vez um circulo desenhado a impunidade no ventre barrigudo e ufano de Portugal.
Esta visão romãntica e próxima de um justicialismo comunitá¡rio e primitivo (de que ainda sobram exemplos em locais remotos de Portuga), é corporizada no personagem principal dessa peça - um juíz analfabeto e popular que dita as suas sentenças, baseando-se numa jurisprudência própria e que dispensa o articulado da Lei.
Vale a pena ler essa admirável peça, à luz desse verdadeiro "círculo de giz casapiano", que se desenhou no ventre barrigudo e ufano deste nosso Portugal.
Nem quero aqui falar dos inúmeros casos que alimentam essa matilha esfaimada de escândalos que agora se acotovela nas redacções dos jornais. Queriam apenas destacar o regresso a um País corporativo e tribalesco que julgávamos extinto e defunto, mas que afinal sempre por cá andou.
No último Domingo nas respectivas tribunas televisivas, Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa, juntaram a sua voz influente de "intelligentsia" oficial, ao coro de uivos que os Políticos têm rosnado às mordidelas da Justiça, do Ministério Público e do Juíz Rui Teixeira.
Repare-se, que esta desconfiança em relação aos inéditos avanços da Justiça no até agora sacrossanto armário de esqueletos dos políticos portugueses, tem feito ressurgir o Bloco Central, e provocado suspeitas reacções corporativas que atravessam transversalmente todo o espectro político-partidário nacional.
Depois de se ter repetidamente tentar assassinar o carácter e a competência do Juíz Rui Teixeira (pelo qual não nutro estima particular), sem resultados aparentes, já que num último estudo de confiança publicado pelo DN, os portugueses colocavam o juiz Rui Teixeira muito perto da referência de confiança e prestígio que é o Presidente da República, passa-se agora a discutir os "excessos" de protagonismo dos magistrados, que ameaçam ocupar um palanque habitualmente monopolizado pelo poder político.
No Domingo, Marcelo Rebelo de Sousa e Pacheco Pereira voltaram a levantar este "dogma", a propósito de uma entrevista do Juíz Rui Teixeira e do Juíz Rui Rangel à Rádio Renascença e ao Público, onde estes magistrados se pronunciavam sobre o sistema judicial português.
Inicialmente (no início deste processo) a magistratura era acusada de ser anacrónica em relação a um mundo polarizado pela informação e pelo mediatismo, agora são acusados precisamente do contrário. Este despauperado desnorte de contradições transmite sinais preocupantes de que os políticos estão a ficar nervosos com o poder do poder judicial. Fala-se mesmo na expressão "monstro judicial" para designar os poderes do Ministério Público, que alegadamente cresceram desmeduradamente sob o consulado socialista. Espero que esta tese, não seja o prenúncio de uma contra-ofensiva legislativa comandada pelos políticos para "amarrar" os juízes à sua voz de comando, como Berlusconi fez em Itália, livrando-se de forma tenebrosa (própria das ditaduras sul-americanas) dos acusações que sobre ele pendiam, e "algemando" incómodos juízes que protagonizaram a espectacular mega-operação "Mãos Limpas", que deslindou a pestilenta putrefacção que germinava nas relações entre poder político, crime organizado e obscuros interesses económicos e que levou Andreotti e Betino Craxi ao banco dos réus (ambos escaparam impunes).
Os políticos portugueses estão preocupados com o poder mediático que a Justiça portuguesa nunca teve e começa agora a ter, e este confronto corporativo assume proporções que demonstram claramente que o corporativismo - e tudo o que nele existe de ameaçador a uma democracia madura e dinâmica - está bem vivo na sociedade portuguesa.
Quando se verbera jactâncias sobre os jeans e a t-shirt do juíz; sobre os passeis de jipe do juíz; sobre o excesso de protagonismo do juíz, até sobre a idade e competência do juíz; está-se a criar uma campanha orquestrada de descredibilização, e recorre-se vergonhosamente a técnicas básicas de propaganda. Chama-se a isto uma manobra de diversão para iludir o essencial com o acessório e isto devia-nos preocupar a todos. A imprensa bem pensante (normalmente mais próxima dos sectores políticos do que da vetusta magistratura) dá normalmente cobertura e amplifica esta contra-ofensiva mediática dos políticos (Ferro Rodrigues deve ter batido o recorde mundial de entrevistas numa semana), o que também nos devia preocupar, e muito.
A Justiça não está isenta de erros, mas isso deveria ser válido para os "zé-ninguéns" ou para os poderosos. Prefiro uma Justiça que não erre, mas se errar, prefiro mil vezes que o faça indiscriminadamente sem critério de cor, raça, credo, fama, poder ou riqueza. Custe o que custar, e sobretudo, que doa a quem merece doer. Esperemos que o Círculo de Giz Casapiano não seja mais uma vez um circulo desenhado a impunidade no ventre barrigudo e ufano de Portugal.
Uma verdadeira diáspora de talento
Conversa de taberna de pedreiros-livres
Hip, hip ! Urrah. É só para saudar a deliciosa entrada em cena de dois ilustres camaradas, espalhados pelo mundo, nessa verdadeira diáspora de talento. Um grande abraço para o Rui em Barcelona e para o velho camarada de excursões desorganizadas em Alpedrinha e no Fundão - camarada e também pai Xano. A crónica Londrina é de ir ás lágrimas. Qualquer dia, o granito está mais internacional do que a Agência Reuters, com talentos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Xano e Rui, faz favor de mandarem mais deliciosas crónicas daí do mundo civilizado, que têm pelo menos um leitor fiel, que não vai perder nenhuma. ò Xano, manda um e-mailzinho para o granitomail@yahoo.com para te podermos enviar um convite para entrares directamente no granito. O mesmo se aplica ao João Carvalho Dias, cujo anterior convite não resultou. Só para informar, também que o sr. Juarez, é o Carlos Marçalo, próxima aquisição deste plantel verdadeiramente galáctico. Uma pedreira aberta e viva. Saí um tinto para rodar em brinde!!!!
PS: Esta mensagem auto-destruir-se-á dentro de 4 dias !
Hip, hip ! Urrah. É só para saudar a deliciosa entrada em cena de dois ilustres camaradas, espalhados pelo mundo, nessa verdadeira diáspora de talento. Um grande abraço para o Rui em Barcelona e para o velho camarada de excursões desorganizadas em Alpedrinha e no Fundão - camarada e também pai Xano. A crónica Londrina é de ir ás lágrimas. Qualquer dia, o granito está mais internacional do que a Agência Reuters, com talentos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Xano e Rui, faz favor de mandarem mais deliciosas crónicas daí do mundo civilizado, que têm pelo menos um leitor fiel, que não vai perder nenhuma. ò Xano, manda um e-mailzinho para o granitomail@yahoo.com para te podermos enviar um convite para entrares directamente no granito. O mesmo se aplica ao João Carvalho Dias, cujo anterior convite não resultou. Só para informar, também que o sr. Juarez, é o Carlos Marçalo, próxima aquisição deste plantel verdadeiramente galáctico. Uma pedreira aberta e viva. Saí um tinto para rodar em brinde!!!!
PS: Esta mensagem auto-destruir-se-á dentro de 4 dias !
Pedradas no Carteiro
Chegou-nos de uma "mail box" londrina mas com terminação .alp (de alpEDRINHA) esta estranha carta anónima que partilho com os camaradas pedreiros:
Antes do mais os meus parabéns a todos os pedreiros por este blog.
Devido a um incontrolável gosto pelo humor seco, molhado, inglês, negro e outros, não poderia deixar de partilhar o gosto pelo humor culinário espanhol.
Tudo comecou quando esperava pelo noticiário da TVE que começa ao meio-dia português... Às 11:40 deu inicio um programa de culinária : “La cocina de Karlos Arguinano”. Apresentado pelo próprio Karlos, um carismático cozinheiro do Pais Basco que se tornou famoso em Espanha pelos seus pratos tradicionais e pelos seus livros de receitas; Este programa ficou-me na memória pelos 20 minutos culinários mais hilariantes de toda a minha vida, muito acima daquela imitação da Maria Vá Com Deus protagonizada pelo Herman José: “Cuzinho para o Povo”. Desde então, sempre que posso, não perco um episódio.
Imaginem um genérico colorido e com referências visuais a muitos produtos culinários, mas com uma musica alegre (ao melhor estilo Espanhol) muito mal cantada. Mais adiante apercebi-me que era interpretada pelo próprio Karlos. O cozinheiro começa sempre por apresentar os produtos que vai utilizar, sempre com referências comerciais ”subtilmente” introduzidas e com o comentário de serem “de la mejor calidad!!!”. As filmagens também denunciam algumas marcas de electrodomésticos culinários; Depois de 20 minutos de programa jamais nos iremos esquecer da “olvidada” FAGOR.
Durante a preparação da comida é que as coisas se tornam realmente cómicas. O Karlos faz-me mesmo rir, não só pelos seus comentários exagerados mas também pelas anedotas politicamente incorrectas que conta para matar tempo(ex: anedotas sobre cegos). Como ele próprio afirma:“Cuando me invitarón para presentar este programa me pidierón para que no me calle y yo no me callo y pronto!!”
Os pratos apresentados pelo cozinheiro são, por norma, muito apetitosos e parecem confeccionar-se com relativa facilidade,tornando este programa num “must see” a nível culinário mas principalmente ao nível cómico!
Espero que todos os bons apreciadores de comida e de bom humor se deliciem com estes 20 minutos diários de boa disposição.
Ah, já me esquecia... Reparem no anúncio ao livro de receitas do cozinheiro...gargalhada na certa!!
Xano
Antes do mais os meus parabéns a todos os pedreiros por este blog.
Devido a um incontrolável gosto pelo humor seco, molhado, inglês, negro e outros, não poderia deixar de partilhar o gosto pelo humor culinário espanhol.
Tudo comecou quando esperava pelo noticiário da TVE que começa ao meio-dia português... Às 11:40 deu inicio um programa de culinária : “La cocina de Karlos Arguinano”. Apresentado pelo próprio Karlos, um carismático cozinheiro do Pais Basco que se tornou famoso em Espanha pelos seus pratos tradicionais e pelos seus livros de receitas; Este programa ficou-me na memória pelos 20 minutos culinários mais hilariantes de toda a minha vida, muito acima daquela imitação da Maria Vá Com Deus protagonizada pelo Herman José: “Cuzinho para o Povo”. Desde então, sempre que posso, não perco um episódio.
Imaginem um genérico colorido e com referências visuais a muitos produtos culinários, mas com uma musica alegre (ao melhor estilo Espanhol) muito mal cantada. Mais adiante apercebi-me que era interpretada pelo próprio Karlos. O cozinheiro começa sempre por apresentar os produtos que vai utilizar, sempre com referências comerciais ”subtilmente” introduzidas e com o comentário de serem “de la mejor calidad!!!”. As filmagens também denunciam algumas marcas de electrodomésticos culinários; Depois de 20 minutos de programa jamais nos iremos esquecer da “olvidada” FAGOR.
Durante a preparação da comida é que as coisas se tornam realmente cómicas. O Karlos faz-me mesmo rir, não só pelos seus comentários exagerados mas também pelas anedotas politicamente incorrectas que conta para matar tempo(ex: anedotas sobre cegos). Como ele próprio afirma:“Cuando me invitarón para presentar este programa me pidierón para que no me calle y yo no me callo y pronto!!”
Os pratos apresentados pelo cozinheiro são, por norma, muito apetitosos e parecem confeccionar-se com relativa facilidade,tornando este programa num “must see” a nível culinário mas principalmente ao nível cómico!
Espero que todos os bons apreciadores de comida e de bom humor se deliciem com estes 20 minutos diários de boa disposição.
Ah, já me esquecia... Reparem no anúncio ao livro de receitas do cozinheiro...gargalhada na certa!!
Xano
terça-feira, novembro 25
É preciso mantê-los na ordem
Já aqui disse que a direita política portuguesa era a direita mais reaccionária de toda a Europa. Mantenho o que disse. No entanto, é possível que tenha sido injusto. Não é apenas a direita portuguesa que é mais conservadora, é o país no seu todo que é ultra-conservador. Quem a este respeito ainda tenha duvidas, as reacções em relação aos protestos contra a nova lei de finaciamento do ensino superior por parte dos estudantes universitários são, por si só, elucidativas. De direita ou de esquerda, conservadores ou auto-proclamados progressistas, todos os “tribunos” deste país se atiraram com fúria aos estudantes universitários. E o que de tão grave provoca esta indignação nas elites nacionais? Houve desacatos? As manifestações foram marcadas por vergonhosos actos de violência e vandalismo? Os estudantes voltaram a exibir os seus órgãos genitais? As ruas foram bloqueadas com barricadas a fazer lembrar o Maio de 68? Da calçada se vislumbrou a praia? Nada disso. Afinal, tudo o que motiva este bizarro consenso são uns cadeados na universidade de Coimbra. Por isto, alguns professores da Universidade de Coimbra chegaram ao ridículo de apresentar queixas-crime contra os estudantes. A forma de protesto é criticável, não o nego, mas tanto alarido por tão pouco dá que pensar. Num país mal habituado no que toca a uma cidadania activa, qualquer acto de desobediência civil, por mais pequeno que seja, é um escândalo inadmissível. Há que mantê-los na ordem, custe o que custar. Não vão eles habituar-se à ideia. É que neste país a ordem é um valor absoluto e cimeiro que urge preservar.
segunda-feira, novembro 24
Tudo treme na taça americana
Pois é, tudo treme. Tremem os investidores endinheirados, tremem os políticos pela vergonha das decisões tomadas e sua consequente descredibilização, tremem os promotores turísticos, excitados com a mediatização da marca "PORTUGAL", tremem os mesmos promotores, mas no campo imobiliário, com a visão de mais uma "expo-lux" e a sacada de condomínios "top model" a reboque do progresso, tudo isto em mais um sítio previligiado deste paraizososinho à beira-mar plantado. Mas não é só isto que treme, também tremem os pedreiros e os contribuintes, tremem os pescadores e trabalhadores que continuam, pelas políticas da União, a ser empurrados para terra, onde são depois chutados para lado nenhum pelas sucessivas políticas desastrosas dos sucessivos governos de marca "PORTUGAL".
No "Público" de ontem, Domingo, apresentavam-se alguns generais desta nova batalha nacional, o magnata armador, o arquitecto velejador, o investidor salva vidas. Vivemos num país de Mar, é normal. No mesmo artigo pediam-se opiniões a vários arquitectos de renome do panorama actual nacional, mais propriamente de Lisboa, a opinião sobre a "Revolução de Pedrouços"e algumas sugestões para o sítio. Sugere-se a leitura atenta da opinião delineada pelo Arquitecto Manuel Graça Dias, que, apesar de algo extremista se assume como pedrada no charco do perpétuo Português Suave do sim, talvez. Sugestões? Zonas de Lazer e Comércio... Como se Portugal fosse feito e se fizesse são de lazer e comércio.
Nem oito nem oitenta, a Expo foi de facto uma revolução positiva na zona em que nasceu, bem ou mal, trouxe benefícios inegáveis à cidade.
em questão é outra. Para quê? Não haverá outras estratégias de desenvolvimento sustentado aplicáveis em zonas em que o que são necessário é resgatarem-se para a cidade e não para meia dúzia de afortunados.
O mesmo Arquitecto deixa no ar uma questão essencial: Será que a habitação social, por exemplo, não tem o mesmo direito de usufruir da cidade e do rio, não seria essa uma marca de modernidade civilizacional que poderia ser decisiva na postura cívica do país?
A verdade é que a DocaPesca de Pedrouços pertence, não só à cidade como às gerações de pescadores que ali escreveram as suas vidas, que agora tremem.
À falta de melhor, sempre podem fazer uma equipa portuguesa, que leve ainda mais longe o longínquo orgulho da marca "PORTUGAL".
No "Público" de ontem, Domingo, apresentavam-se alguns generais desta nova batalha nacional, o magnata armador, o arquitecto velejador, o investidor salva vidas. Vivemos num país de Mar, é normal. No mesmo artigo pediam-se opiniões a vários arquitectos de renome do panorama actual nacional, mais propriamente de Lisboa, a opinião sobre a "Revolução de Pedrouços"e algumas sugestões para o sítio. Sugere-se a leitura atenta da opinião delineada pelo Arquitecto Manuel Graça Dias, que, apesar de algo extremista se assume como pedrada no charco do perpétuo Português Suave do sim, talvez. Sugestões? Zonas de Lazer e Comércio... Como se Portugal fosse feito e se fizesse são de lazer e comércio.
Nem oito nem oitenta, a Expo foi de facto uma revolução positiva na zona em que nasceu, bem ou mal, trouxe benefícios inegáveis à cidade.
em questão é outra. Para quê? Não haverá outras estratégias de desenvolvimento sustentado aplicáveis em zonas em que o que são necessário é resgatarem-se para a cidade e não para meia dúzia de afortunados.
O mesmo Arquitecto deixa no ar uma questão essencial: Será que a habitação social, por exemplo, não tem o mesmo direito de usufruir da cidade e do rio, não seria essa uma marca de modernidade civilizacional que poderia ser decisiva na postura cívica do país?
A verdade é que a DocaPesca de Pedrouços pertence, não só à cidade como às gerações de pescadores que ali escreveram as suas vidas, que agora tremem.
À falta de melhor, sempre podem fazer uma equipa portuguesa, que leve ainda mais longe o longínquo orgulho da marca "PORTUGAL".
Tarantino "tromp l`oeil"
Um dos mais promissores cineastas americanos da década de 90 – Quentin Tarantino – está de regresso, e afinal é um puro “franchising” dele próprio. Uma espécie de fórmula “fast food” para alimentar uma corja de adolescentes borbulhentos e adultos patetas, pretenseamente “off system”, e que afinal são uma legião de novos conformados, parte indispensável da perpetuação sistemática de um sistema que julgam repugnar.
Depois dos brilhantes “Reservoir Dog`s” e “Pulp Fiction” e do mais apagado “Jackie Brown”, esperava-se que o quarto filme de Quentin Tarantino – “Kill Bill”, representasse um ponto de viragem na obra do homem que aprendeu cinema de forma enciclopédica num clube de vídeo.
Mais do que uma decepção, “Kill Bill” apenas é aceitável porque tem a assinatura de um autor que granjeou crédito junto da crítica oficial.
Fosse este filme de um jovem estreante e teria sido positivamente dizimado pelas penas afiadas da guarda pretoriana do bom gosto cinéfilo.
Mais uma vez, Tarantino eterniza a fórmula que o celebrizou, recorrendo ao “pastiche” de uma série de géneros narrativos, através de uma paródia “gore” aos filmes de artes marciais, muito populares nos anos 70 e 80.
O tema central, contudo, permanece o mesmo, e é transversal a toda a obra de Tarantino, trata-se da coreografia da violência, exposta de forma grotesca e gratuita. A vingança que fornece o “leitmotiv” para o “plot” não é mais do que a justificação moral para a violência, naquilo que é uma herança clara do velho western americano.
Misto de cóboiada spaghetti, de king-fuzada kitsch, de BD manga em registo gore, e de ambiente musical disco-sound, Tarantino limita-se a repetir em “Kill Bill” a fórmula secreta da Coca-Cola que esgotou em “Pulp Fiction”, e que demonstra um perturbador atrofiamente criativo e uma perene incapacidade de saber explorar o seu inegável talento.
A violência é um tema central na cinematografia americana, que talvez tenha atingido a sua máxima expressão em Sam Peckinpaw no lendário “Quadrilha Selvagem” – um filme cru e desprovido de moral. É na ausência de moralidade ou de justificação que a violência melhor exprime a sua vertigem animal, mas esse é um desiderato que Tarantino ambicionou mas nunca atingiu, nem mesmo no argumento que ofereceu a Oliver Stone em “Natural Born Killers”, talvez o filme “mainstream” que mais se aproximou do legado de Peckinpaw.
O cinema de Tarantino pode ser exuberante e ultra-pop, conquistar plateias e galvanizar a “vídeo generation”, mas dificilmente deixará de ser adolescente no pior sentido da palavra. Continuamos, portanto à espera de um cineasta maduro e de uma obra que não seja um mero “tromp l`oeil”.
No naufrágio de “Kill Bill” a jangada apenas leva uma fabulosa Uma Thurman e Lucy Liu que protagonizam o melhor momento deste filme – a batalha final na neve.
O resto são corpos decepados, cabeças a saltar a golpe de sabre e sangue a jorrar a rodos. O sangue jorra, o talento nem por isso.
Portugal vai de vela
O País está em suspense de cortar a respiração. Faltam menos de 48 horas para conhecer a decisão final sobre o local onde se vai realizar a mais emblemática prova de navegação e vela do Mundo - a America Cup de 2007.
Nápoles, Marselha, Valência, e a inevitável Lisboa perfilam-se como os mais fortes candidatos a acolher os veleiros e marinheiros milionários que sulcam os sete mares em busca da vão glória de vencer.
Mais uma vez, sou tentado a juntar a minha voz ao coro de Velhos do Restelo, que não compreendem como é que um país em falência técnica e estruturalmente retardado, possa dar ares de prosperidade e gastar 600 milhões de euros em Pedrouços para fazer uma doca dondoca à maneira, para receber os super-veleiros, fechando, no processo, a Docapesca e largando no infortúnio das marés centenas de famílias de pescadores – espécie em vias de extinção num país de marinheiros de terra firme.
Se são estas as prioridades de investimento público da Nação, se são estádios faraónicos para gáudio do mosquedo que encherá as bancadas depois do Euro 2004, se é um projecto de TGV desconexo e a reboque de múltiplos interesses espúrios e da voz de comando espanhola. Se é isto. Resta-me sinceramente torcer para que Nápoles ou Valência vençam este concursozinho de públicas vaidades, porque nisso da mania das grandezas, já se sabe, somos muito parecidos com os franceses.
Portugal não vai de tanga, vai mas é de vela !
Nápoles, Marselha, Valência, e a inevitável Lisboa perfilam-se como os mais fortes candidatos a acolher os veleiros e marinheiros milionários que sulcam os sete mares em busca da vão glória de vencer.
Mais uma vez, sou tentado a juntar a minha voz ao coro de Velhos do Restelo, que não compreendem como é que um país em falência técnica e estruturalmente retardado, possa dar ares de prosperidade e gastar 600 milhões de euros em Pedrouços para fazer uma doca dondoca à maneira, para receber os super-veleiros, fechando, no processo, a Docapesca e largando no infortúnio das marés centenas de famílias de pescadores – espécie em vias de extinção num país de marinheiros de terra firme.
Se são estas as prioridades de investimento público da Nação, se são estádios faraónicos para gáudio do mosquedo que encherá as bancadas depois do Euro 2004, se é um projecto de TGV desconexo e a reboque de múltiplos interesses espúrios e da voz de comando espanhola. Se é isto. Resta-me sinceramente torcer para que Nápoles ou Valência vençam este concursozinho de públicas vaidades, porque nisso da mania das grandezas, já se sabe, somos muito parecidos com os franceses.
Portugal não vai de tanga, vai mas é de vela !
Santana Lopes “World Tour”
O inefável e inevitável Dr. Lopes, iniciou esta semana uma “tourné” nacional, para actuar com a sua banda de marmanjões incompetentes em todas os salões recreativos da agremiação “laranjada” espalhada pelos quatro cantos do País.
É de prever que o virtuoso violinista da política, venha cá a terras da Beira, para dedilhar umas sonatas de Chopin ao atento auditório, arregimentado pelo seu inseparável “compagn de route”, o nosso estimado edil – Dr. Frexes.
Este regresso às bases do partido, marca o compasso do Sr. Lopes, rumo ao grande concerto das Presidenciais, tentando assim obrigar o outro solista laranja – o Dr. Cavaco Silva – a meter a viola no saco.
O supersónico Santana, desdobra-se assim na sua azáfama auto-propagandista em Lisboa, nos chás-dançantes do “jet set”, nas tiradas de grande senador em “prime time” televisivo, e nas capas de revista côr-de-rosa. Sobra-lhe ainda tempo para ser o responsável pela pasta da Revisão Constitucional do PSD – como um companheiro de partido, confessava ao “DN” – “Para dar uma imagem que até tem pensamento democrático.” Sublinhe-se as expressões “dar uma imagem” e “até tem pensamento” e temos a quintessência do espécimen.
Por fim, numa agenda mais carregada do que a carga fiscal portuguesa, o Dr. Lopes sai em tourné nacional para levantar uma onda de fundo laranja, que lhe permita surfar em estilo triunfal até ao Palácio de Belém.
E, vão por mim, o homem chega lá, resta-nos portanto como única solução – a emigração.
Até aposto que sei o nome do próximo Chefe da Casa Civil do Presidente Lopes ... Lá teremos de gramar mais uma cerimónia de choramingas despedidas no Salão Nobre da Câmara Municipal do Fundão ...
sábado, novembro 22
A nova vocação "Atlántica" do estado português
Chega-me a notícia, pelo El País de ontem, de que o estado Português se irá endividar mais do que tinha anunciado. Afinal, a contenção que dividiu tantas das nossas opiniões, era só para a UE ver: de um limite de 7,900 milhões de euros passamos agora para 8,200 milhões. O secretário de estado Norberto Rosa justificou a medida com a necessidade de dar resposta às queixas da Associação Nacional de Municípios, transferindo para estes 41 milhões de euros. Humm, vejamos a aritmética da coisa... 8,2-7,9=300 milhões de euros. Falta qualquer coisa? Ah, é verdade, também há a engorda no valor de 400 milhões de euros do capital da Caixa Geral de Depósitos, para a qual o estado, seu único accionista, quer contribuír generosamente. Obviamente, não se engordá um banco dessa forma sem objectivos muito concretos.
Como accionista do maior banco português, o estado, por via governamental, tem outras coisas em que pensar para além do financiamento dos municípios, que este ano quase entraram em colapso funcional. A engorda da CGD tem como objectivo imediato a compra do banco espanhol Atlántico, para grande desconfiança do governo espanhol.
Nem vou opinar sobre a política expansionista do nosso banco "estatal". Gostava sim, era de questionar esta ambivalência, cuja grandeza dos números parece abstraccionar: entre a gestão das empresas "estratégicas" participadas pelo estado, e a atenuação das desigualdades entre as regiões do país (leia-se o especial dedicado a esse tema no site do Público), qual deveria ser a prioridade??? 400 milhões para 41. Eis a ordem de diferença, essa bem menos abstracta, que estabelece as prioridades e lança os fundamentos para entrarmos ainda mais no "vermelho", em direcção a um futuro seguramente mais sub-desenvolvido, mas com intenções expansionistas, ou "atlánticas".
Yuri
Como accionista do maior banco português, o estado, por via governamental, tem outras coisas em que pensar para além do financiamento dos municípios, que este ano quase entraram em colapso funcional. A engorda da CGD tem como objectivo imediato a compra do banco espanhol Atlántico, para grande desconfiança do governo espanhol.
Nem vou opinar sobre a política expansionista do nosso banco "estatal". Gostava sim, era de questionar esta ambivalência, cuja grandeza dos números parece abstraccionar: entre a gestão das empresas "estratégicas" participadas pelo estado, e a atenuação das desigualdades entre as regiões do país (leia-se o especial dedicado a esse tema no site do Público), qual deveria ser a prioridade??? 400 milhões para 41. Eis a ordem de diferença, essa bem menos abstracta, que estabelece as prioridades e lança os fundamentos para entrarmos ainda mais no "vermelho", em direcção a um futuro seguramente mais sub-desenvolvido, mas com intenções expansionistas, ou "atlánticas".
Yuri
sexta-feira, novembro 21
Chutar para a veia do negócio
Em primeiro lugar subscrevo inteiramente a repugnância manifestada pelo Vasco em relação ao lamentável episódio da direita bolorenta, que prefere fazer vista grossa ao facto de 30 por cento da população prisional estar "contaminada" com doenças infecto-contagiosas. Mas, essa é apenas a face visível de uma ruinosa inversão na política de combate e tratamento da toxicodependência, por onde este Governo enveredou a reboque dos habituais interesses privados que sibilinamente se agregam no remanso dos gabinetes do Ministério da Saúde.
Convém relembrar aos mais desatentos, que o Dr. Luis Filipe Pereira, actual Ministro da Saúde, transitou directamente da administração do Grupo Mello - que tem chorudos e duvidosos interesses nos negócios da Saúde, vide o escandaloso contrato de concessão do Amadora-Sintra.
Desde o primeiro dia, este ministro está claramente mandatado para desmantelar o Serviço Nacional de Saúde e entregá-lo de bandeja na mão à corja de magnates do lucro fácil.
Racionalizar os serviços de saúde é para estes senhores cortar custos. Aumentar a produtividade é obrigar os médicos a "despachar" um volume perigoso de actos médicos, que podem prejudicar a qualidade do próprio acto, que passa a ser avaliado e desenhado por gestores de folhas Excel, em vez de profissionais de Saúde. Recorde-se também a vergonhosa colonização partidária das administrações dos hospitais, onde vale tudo - até meter cunhas para jovens e recém-licenciadas sobrinhas de deputados do PSD.
Para lançar a habilidosa cortina de fumo que envolve todas as políticas de má fé e mentira deste Governo, foi içada a bandeira demagógica de: vamos acabar com as listas de espera. Essa populista medida, continua também ela em lista de espera...
No que respeita ao combate e tratamento da toxicodependência, que são conceitos bem diferentes, a primeira medida deste Governo foi desarticular o SPTT (Serviço Prevenção e Tratamento da Toxicodependência) e pulverizar as competências daquela instituição, retirando assim poder ao homem que mais fez pela Prevenção e Tratamento da Toxicodependência em Portugal, e que finalmente conseguiu vencer as barreiras da moral hipócrita para lançar em Portugal um programa sério de metadona - O Dr. João Goulão-, por acaso público militante do Partido Comunista Português e candidato à AR pelo círculo de Faro.
Para o seu lugar, o Governo nomeou um polícia, o Dr. Fernando Negrão, cuja maior proeza detectivesca foi ter quebrado o segredo de justiça, passando umas informações comprometedoras à sua sobrinha - jornalista do Diário de Notícias - sobre o caso Moderna, e que foi também candidato pelo PSD à Assembleia da República, curiosamente pelo círculo de Faro, depois de ter sido corrido da PJ pelo então ministro socialista, António Costa.
Ou seja, para tratar e prevenir o flagelo da toxicodependência, o Governo nomeou um polícia, e para desenhar o novo modelo científico e político do sector, escolheu uma eminência parda, que é proprietário de uma série de clínicas de tratamento de toxicodependência, com programas livres de drogas, e que ficaram às moscas, a partir do momento em que foi introduzida a metadona. A metadona é má para o negócio das clínicas privadas, acabe-se com ela, ou pelo menos reduza-se à mínima expressão.
É este o grande designio da actual politica portuguesa de prevenção e tratamento da toxicodependência, e o resto são falinhas mansas, e música de câmara.
Toda a comunidade científica que há muitos anso se dedica em Portugal ao estudo e combate do fenómeno da toxicodependência não se fará rogada em qualificar esta política assassina e irresponsável, protagonizada por um polícia e por um médico que é considerado um mero "charlatão" entre os seus pares.
Os programas com metadona e em ambulatório são um paradigma do tratamento da toxicodependência em toda a Europa civilizada (da qual obviamente não fazemos parte), e com resultados muito positivos em vários países. Dois anos depois de termos enveredado por esse difícil rumo, o actual Governo faz uma perigosa inversão de marcha, e fá-lo por valores economicistas que se sobrepõem a qualquer ideologia - de direita ou de esquerda. Fá-lo, alinhando por aquela que é a verdadeira ideologia deste Governo - a do dinheiro e a dos capitalistas do lucro fácil.
Deste modo continuaremos durante muitos e bons anos a ser o país da CE com uma maior taxa de "agarrados", já que os "agarrados" ao poder são quem mais ordenam.
Podemos andar calados e complacentes, mas não nos tomem por parvos, pode ser que um dia destes a gente se farte a sério.
Convém relembrar aos mais desatentos, que o Dr. Luis Filipe Pereira, actual Ministro da Saúde, transitou directamente da administração do Grupo Mello - que tem chorudos e duvidosos interesses nos negócios da Saúde, vide o escandaloso contrato de concessão do Amadora-Sintra.
Desde o primeiro dia, este ministro está claramente mandatado para desmantelar o Serviço Nacional de Saúde e entregá-lo de bandeja na mão à corja de magnates do lucro fácil.
Racionalizar os serviços de saúde é para estes senhores cortar custos. Aumentar a produtividade é obrigar os médicos a "despachar" um volume perigoso de actos médicos, que podem prejudicar a qualidade do próprio acto, que passa a ser avaliado e desenhado por gestores de folhas Excel, em vez de profissionais de Saúde. Recorde-se também a vergonhosa colonização partidária das administrações dos hospitais, onde vale tudo - até meter cunhas para jovens e recém-licenciadas sobrinhas de deputados do PSD.
Para lançar a habilidosa cortina de fumo que envolve todas as políticas de má fé e mentira deste Governo, foi içada a bandeira demagógica de: vamos acabar com as listas de espera. Essa populista medida, continua também ela em lista de espera...
No que respeita ao combate e tratamento da toxicodependência, que são conceitos bem diferentes, a primeira medida deste Governo foi desarticular o SPTT (Serviço Prevenção e Tratamento da Toxicodependência) e pulverizar as competências daquela instituição, retirando assim poder ao homem que mais fez pela Prevenção e Tratamento da Toxicodependência em Portugal, e que finalmente conseguiu vencer as barreiras da moral hipócrita para lançar em Portugal um programa sério de metadona - O Dr. João Goulão-, por acaso público militante do Partido Comunista Português e candidato à AR pelo círculo de Faro.
Para o seu lugar, o Governo nomeou um polícia, o Dr. Fernando Negrão, cuja maior proeza detectivesca foi ter quebrado o segredo de justiça, passando umas informações comprometedoras à sua sobrinha - jornalista do Diário de Notícias - sobre o caso Moderna, e que foi também candidato pelo PSD à Assembleia da República, curiosamente pelo círculo de Faro, depois de ter sido corrido da PJ pelo então ministro socialista, António Costa.
Ou seja, para tratar e prevenir o flagelo da toxicodependência, o Governo nomeou um polícia, e para desenhar o novo modelo científico e político do sector, escolheu uma eminência parda, que é proprietário de uma série de clínicas de tratamento de toxicodependência, com programas livres de drogas, e que ficaram às moscas, a partir do momento em que foi introduzida a metadona. A metadona é má para o negócio das clínicas privadas, acabe-se com ela, ou pelo menos reduza-se à mínima expressão.
É este o grande designio da actual politica portuguesa de prevenção e tratamento da toxicodependência, e o resto são falinhas mansas, e música de câmara.
Toda a comunidade científica que há muitos anso se dedica em Portugal ao estudo e combate do fenómeno da toxicodependência não se fará rogada em qualificar esta política assassina e irresponsável, protagonizada por um polícia e por um médico que é considerado um mero "charlatão" entre os seus pares.
Os programas com metadona e em ambulatório são um paradigma do tratamento da toxicodependência em toda a Europa civilizada (da qual obviamente não fazemos parte), e com resultados muito positivos em vários países. Dois anos depois de termos enveredado por esse difícil rumo, o actual Governo faz uma perigosa inversão de marcha, e fá-lo por valores economicistas que se sobrepõem a qualquer ideologia - de direita ou de esquerda. Fá-lo, alinhando por aquela que é a verdadeira ideologia deste Governo - a do dinheiro e a dos capitalistas do lucro fácil.
Deste modo continuaremos durante muitos e bons anos a ser o país da CE com uma maior taxa de "agarrados", já que os "agarrados" ao poder são quem mais ordenam.
Podemos andar calados e complacentes, mas não nos tomem por parvos, pode ser que um dia destes a gente se farte a sério.
Uma direita bolorenta
Sempre achei que a direita política portuguesa era a direita mais reaccionária e bolorenta da Europa. Para desgraça do país esta insiste em confirmá-lo constantemente. Vem esta prosa dura a propósito do recente chumbo do governo à criação de salas de chuto nas prisões. A instalação de salas de injecção assistida nas prisões portuguesas, uma realidade em quase todos os países da União Europeia, é uma das medidas preconizadas pela Provedoria da Justiça para combater o dramático aumento das doenças infecto-contagiosas. Mas o governo não aprova e o ministro da saúde apressou-se a dizer que a maioria prefere "manter a linha de actuação". Ou seja, o único que o governo tem a propor para combater este flagelo é a insistência no lugar-comum da prevenção. O que tudo isto revela é o crónico conservadorismo paralisante da direita portuguesa. Uma direita que odeia tudo o que seja novo e que implique a experimentação. Uma direita refém dos seus preconceitos ideológicos passadistas, ultra-conservadora e cheia de falsos moralismos. E fico por aqui. O cheiro a naftalina está a tornar o ar irrespirável.
segunda-feira, novembro 17
Que lhes caiam os braços direitos
Já não suporto mais a atitude do CDS/PP no Governo! Já não sou capaz de olhar para a televisão e ver aparecer o Portas ou o Cervant, abrir o jornal e ler o Telmo Correia ou outro sub-produto bafiento da dita direita portuguesa. Enojam-me verdadeiramente. No meu caso já ultrapassou a simples discordância com as suas políticas bolorentas e estupidamente nacionalisto-cristãs para passar a ser um sentimento visceral de ódio que me sobe à graganta num impulso de vómito.
Aquilo que me faz ter vontade de meter-lhes a cabeça numa trituradora é a postura arrogante. Subiram ao poder a reboque dos laranjas e colaram-se como peçonha às cadeiras de S. Bento. O erro, o insuportável erro é pensarem que o cargo é tudo. Ou pior, que ter o cargo é ter (sempre) razão. Nesse aspecto, o PSD, mais habituado à dança das cadeiras com o PS, sabe bem como a coroa de governo pode ser efémera. E a arrogância, o autoritarismo e o autismo com que têm governado deve-se mais ao desnorte do PS (incapaz de fazer uma verdadeira oposição e assim dar real dimensão política a tantas contestações sociais que têm surgido nas ruas, obrigando o governo laranja a ter mais cuidadinho naquilo que faz), do que a uma cultura política própria.
Mas, no caso do centristas, o problema é a total ausência dessa mesma cultura política. O CDS/PP é um partido minoritário e nunca deixará de o ser (e ainda bem!). Terem chegado ao poder foi um acidente de percurso, foi uma simples adição numérica de deputados e não um valor acrescentado. As suas vociferações nacionalistas, as suas inenarráveis declarações oficiais, as suas iniciativas políticas hipócritas e, pior de tudo, a insultuosa arrogância com que lidam com todas as opiniões contrárias devem ficar na história da democracia portuguesa como o pior exemplo governativo de sempre. Não se trata de firmeza, como querem fazer passar para a opinião pública. Trata-se de pura e simples mesquinhez provocada por uma súbita bebedeira de poder.
Permitam-me verter mais um bocado de bílis para cima destes políticos da linha: ministrinhos de dar corda, porta-vozes emplumados na postura e armados em papagaios, soldadinhos ridículos de bochechas rosadinhas pelo calor do poder… são os indomáveis do CSDS/PP, eles são o braço direito da direita portuguesa!!! Asquerosos, demagogos, falsos, frágeis como um papagaio de papel ao sabor do vento laranja. Falsos, falsos, falsos, mil vezes falsos!!! Acima de tudo são estupidamente arrogantes, estupidamente agarrados ao poder, estupidamente opinativos, estupidamente incompetentes, estupidamente insensíveis, estupidamente de direita, estupidamente políticos, estupidamente estúpidos. Que lhes caiam os braços direitos com uma valente gangrena! Aqueles gajos não são ninguém! E Portugal, apesar de tudo, não merecia tal (má) sorte. Nem tal falta (ininterrupta) de respeito!
Aquilo que me faz ter vontade de meter-lhes a cabeça numa trituradora é a postura arrogante. Subiram ao poder a reboque dos laranjas e colaram-se como peçonha às cadeiras de S. Bento. O erro, o insuportável erro é pensarem que o cargo é tudo. Ou pior, que ter o cargo é ter (sempre) razão. Nesse aspecto, o PSD, mais habituado à dança das cadeiras com o PS, sabe bem como a coroa de governo pode ser efémera. E a arrogância, o autoritarismo e o autismo com que têm governado deve-se mais ao desnorte do PS (incapaz de fazer uma verdadeira oposição e assim dar real dimensão política a tantas contestações sociais que têm surgido nas ruas, obrigando o governo laranja a ter mais cuidadinho naquilo que faz), do que a uma cultura política própria.
Mas, no caso do centristas, o problema é a total ausência dessa mesma cultura política. O CDS/PP é um partido minoritário e nunca deixará de o ser (e ainda bem!). Terem chegado ao poder foi um acidente de percurso, foi uma simples adição numérica de deputados e não um valor acrescentado. As suas vociferações nacionalistas, as suas inenarráveis declarações oficiais, as suas iniciativas políticas hipócritas e, pior de tudo, a insultuosa arrogância com que lidam com todas as opiniões contrárias devem ficar na história da democracia portuguesa como o pior exemplo governativo de sempre. Não se trata de firmeza, como querem fazer passar para a opinião pública. Trata-se de pura e simples mesquinhez provocada por uma súbita bebedeira de poder.
Permitam-me verter mais um bocado de bílis para cima destes políticos da linha: ministrinhos de dar corda, porta-vozes emplumados na postura e armados em papagaios, soldadinhos ridículos de bochechas rosadinhas pelo calor do poder… são os indomáveis do CSDS/PP, eles são o braço direito da direita portuguesa!!! Asquerosos, demagogos, falsos, frágeis como um papagaio de papel ao sabor do vento laranja. Falsos, falsos, falsos, mil vezes falsos!!! Acima de tudo são estupidamente arrogantes, estupidamente agarrados ao poder, estupidamente opinativos, estupidamente incompetentes, estupidamente insensíveis, estupidamente de direita, estupidamente políticos, estupidamente estúpidos. Que lhes caiam os braços direitos com uma valente gangrena! Aqueles gajos não são ninguém! E Portugal, apesar de tudo, não merecia tal (má) sorte. Nem tal falta (ininterrupta) de respeito!
Serviço... quê?
Pelo que pude ver, a RTP dedicou ontem quase uma tarde e uma noite inteiras à inauguração do novo estádio do F.C. Porto. Um lamentável exemplo do que uma estação de televisão pública não deve fazer. São estes autênticos tiros nos pés que desacreditam ainda mais (sim, é possível) a própria noção de seviço público de televisão. É que perante tão cómica quanto vergonhosa emissão é legitimo perguntar: O que é que distingue hoje, em Portugal, o serviço público de televisão da lógica mercantil das emissoras privadas? Pelo que se viu ontem, absolutamente nada. E isso é grave.
sábado, novembro 15
Evoluções linguísticas
Apesar do desconforto do presidente da gigante de fast-food McDonalds, a Merrian-Webster incluíu no último dos seus muito respeitados dicionários de língua inglesa uma nova palavra à muito utilizada de forma corrente pelos norte-americanos: McJob (surge no léxico popular como a junção do sufixo Mc - relativo a McDonalds - com a palavra Job/ emprego). Percebe-se a ira do presidente da conhecida Multinacional norte-americana, pois para os seus compatriotas um McJob é um mau emprego, o tipo de trabalho mal pago e pouco interessante, precário, provavelmente temporário e sem perspectivas de evolução profissional.
Agenda mediática
Termina hoje, em Paris, a segunda edição do Fórum Social Europeu. Nos media nacionais a regra tem sido a quase total invisibilidade deste acontecimento sócio-político. E as raras excepções, caracterizam-se por uma insuportável repetição de lugares-comuns e a mais pura celebração do folclore político-militante. Dos temas em debate nas inúmeras conferências quase nenhuma referência. Porque será que não estou surpreendido?
sexta-feira, novembro 14
Os benefícios da loirinha
No meio de tantas notícias deprimentes, finalmente uma notícia reconfortante. A Visão desta semana informa-nos que afinal beber cerveja, esse acto sócio-cultural da maior importância, tem também as suas vantagens para a saúde. As mais significativas são os benefícios na redução de problemas cardiovasculares, psiquiátricos, de diabetes tipo II e até dietéticos. O mesmo artigo revela ainda que as quantidades ideais para tais efeitos são um a dois copos por dia para as mulheres e três a quatro copos no caso dos homens. Como se vê, uma bebida, a vários títulos, milagrosa.
O efeito JamSession
O Optimista- - Amanhã é outro dia !
O Fatalista- Amanhã é mais um dia !
O Pessimista- Amanhã é o último dia !
Eu-Afinal, que dia é amanhã ?
O Fatalista- Amanhã é mais um dia !
O Pessimista- Amanhã é o último dia !
Eu-Afinal, que dia é amanhã ?
A Ilha do Fundão
E o barco vai de partida, adeus ó Cais d`Alfama que agora vou de fugida. Levo-te comigo ó cana verde, levo-te comigo ó meu amor, levo-te comigo nesta aventura para lá da aventura, para lá do Equador.
Fausto
Navegar, navegar, nos dias cinzentos de Novembro, procuro porto de abrigo dos mares revoltos da Internet, e avisto Terra Firme no fundo do monóculo que prescruta o horizonte.
Nas terras de Vera Cruz, à margem de Niteroi avisto a magnífica Ilha do Fundão, que se espraia no baixo ventre brasileiro, prometendo um sortido de delícias tropicais e o cafoné tropicaliente das esbeltas nativas.
Finalmente, alumia-se de lamparina o meu espírito imerso nas trevas, a propósito do regime de incentivo à fixação de jovens no Concelho do Fundão, que a benemérita edilidade local, hasteia como bandeira “repovoadora”, à laia de um D.Sancho demográfico, e de que faz gáudio e fanfarra no site oficial da Câmara Municipal do Fundão.
Preparado para embalar a trouxa e zarpar rumo ao interior granítico das beiras à beira da cova, sob a promessa dos chorudos descontos fiscais que enrobusteceriam o meu orçamento para os copos, espantei-me com a miragem que a foto seguinte documenta, e que é no site, o cartaz-isco para atrair a malta da Damaia e da Reboleira, para as covas da Beira.
Já com apetites despertos por uma campanha anterior para uma pândega de cerejas à farta, vejo agora uma esplêndida loura de porte frondoso, estender um decote com promessas de enlevos de fim de tarde ao som do rumorejar do mar Atlântico e do tilintar das flutes de “champagne” em “pas de deux”.
Primeiramente pensei que seria um caso claro de publicidade enganosa-, promover os encantos da vida no Interior, com um casal de banhistas em fundo de mar atlântico - ou dando desconto do benefício da dúvida, que o cenário do “set” seria alguma praia fluvial do Zêzere, despoluída por obra e graça do Espírito Santo.
Afinal não, quando nos mares revoltos da Internet descobri a Ilha do Fundão a jusante da costa onde o distinto cidadão de Belmonte foi desaguar aos enganos, percebi que a visão estratégica da edilidade e dos nossos autarcas transcende em muito a vulgar engenharia do dízimo.
No sentido mais metafórico do real, o Fundão é uma ilha, isolada pelos mares do esquecimento, da negligência, da ignorância.
O que faltava era entender as possibilidades semânticas dessa Ilha. Em vez de promovermos os pedregulhos, os cabeços, o toró de rachar das noites invernosas, ou o tintól hibernoso das tascas, a CM do Fundão pretende adoptar o modelo de ilha tropical, estando já em estudo uma série de medidas que prometem tornar a Ilha do Fundão, um verdadeiro oásis de prazer, onde apetece viver.
Em primeiro lugar, praias artificiais seguindo o modelo japonês, com areia de esferovite e água directamente do cano do Projecto de Regadio da Cova da Beira, que na data da sua conclusão servirá para banhocas, banhistas e campos de golfe, já que a agricultura é coisa moribunda e a enchada e o sacho não são passíveis de atrair as manápulas aveludadas das hordas de jovens da cidade que esgotarão a lotação dos ultra-rápidos TGV`s rumo ao Fundão.
Em segundo lugar, renovar a floresta e as espécies arbóreas, introduzindo o Coqueiro, a Palmeira e o Kiwi como espécies endógenas predominantes, extinguindo o pinheiro, o castanheiro e todas as árvores de fruta, incompatíveis com o clima tropical da Ilha do Fundão.
Em relação ao clima, encomendar ao MIT de Massachussets um microclima, capaz de reproduzir o fenómeno do aquecimento global, mas agora à escala local – No Fundão temos um aquecimento local; podia bem ser um dos slogans publicitários a adoptar.
A Rua da Cal seria transformada numa Rua de Bares de temas marítimos, ao melhor estilo de Albufeira, com nomes como “Tsunami”, “Mar Aberto”, “A Ilha dos Amores”, “Capitão Igloo”, “Discoteca”, “English Bar”, “O jovem lobo do Mar”.
Na arquitectura local pontificariam grandes mamarrachos com condóminos desenhados pelo Taveira, com o foclore cromático que lhe é habitual. Na gastronomia seroam banidos os enchidos e os maranhos, para adoptar a “fast-food” e a cozinha etno-globalizante. Finalmente, seria liberalizado o jogo do chinquilho e a suecada, a prostituição, a droga, bem como isentas as empresas multinacionais de pagar impostos, estabelecendo assim uma verdadeira concorrência desleal à ilhas Caimão, bem nas fraldas de Portugal.
Seremos portanto uma Ilha, e honradamente ilhéus, com sorte inaudita, as ruas vão parecer Miami com Pin UP`s a patinar ao fim da tarde, enquanto nós gozamos as delícias de uma 7-Up cruzada com cerveja importada e atiramos cascas de tremoços ao Mar que rodeia essa grande Ilha do Fundão. Em vez de beirões, seremos ilhéus, cortejados na nossa insularidade por quinhão grosso do Orçamento de Estado. Ainda há esperança para o Fundão.
Deo Gracias pelos visionários que comandam esta barca, porque ao leme vai mais do que um homem. Vai uma nação.
O único problema é que eu enjoo em mar alto, por isso fico para aqui enterrado.
Fausto
Navegar, navegar, nos dias cinzentos de Novembro, procuro porto de abrigo dos mares revoltos da Internet, e avisto Terra Firme no fundo do monóculo que prescruta o horizonte.
Nas terras de Vera Cruz, à margem de Niteroi avisto a magnífica Ilha do Fundão, que se espraia no baixo ventre brasileiro, prometendo um sortido de delícias tropicais e o cafoné tropicaliente das esbeltas nativas.
Finalmente, alumia-se de lamparina o meu espírito imerso nas trevas, a propósito do regime de incentivo à fixação de jovens no Concelho do Fundão, que a benemérita edilidade local, hasteia como bandeira “repovoadora”, à laia de um D.Sancho demográfico, e de que faz gáudio e fanfarra no site oficial da Câmara Municipal do Fundão.
Preparado para embalar a trouxa e zarpar rumo ao interior granítico das beiras à beira da cova, sob a promessa dos chorudos descontos fiscais que enrobusteceriam o meu orçamento para os copos, espantei-me com a miragem que a foto seguinte documenta, e que é no site, o cartaz-isco para atrair a malta da Damaia e da Reboleira, para as covas da Beira.
Já com apetites despertos por uma campanha anterior para uma pândega de cerejas à farta, vejo agora uma esplêndida loura de porte frondoso, estender um decote com promessas de enlevos de fim de tarde ao som do rumorejar do mar Atlântico e do tilintar das flutes de “champagne” em “pas de deux”.
Primeiramente pensei que seria um caso claro de publicidade enganosa-, promover os encantos da vida no Interior, com um casal de banhistas em fundo de mar atlântico - ou dando desconto do benefício da dúvida, que o cenário do “set” seria alguma praia fluvial do Zêzere, despoluída por obra e graça do Espírito Santo.
Afinal não, quando nos mares revoltos da Internet descobri a Ilha do Fundão a jusante da costa onde o distinto cidadão de Belmonte foi desaguar aos enganos, percebi que a visão estratégica da edilidade e dos nossos autarcas transcende em muito a vulgar engenharia do dízimo.
No sentido mais metafórico do real, o Fundão é uma ilha, isolada pelos mares do esquecimento, da negligência, da ignorância.
O que faltava era entender as possibilidades semânticas dessa Ilha. Em vez de promovermos os pedregulhos, os cabeços, o toró de rachar das noites invernosas, ou o tintól hibernoso das tascas, a CM do Fundão pretende adoptar o modelo de ilha tropical, estando já em estudo uma série de medidas que prometem tornar a Ilha do Fundão, um verdadeiro oásis de prazer, onde apetece viver.
Em primeiro lugar, praias artificiais seguindo o modelo japonês, com areia de esferovite e água directamente do cano do Projecto de Regadio da Cova da Beira, que na data da sua conclusão servirá para banhocas, banhistas e campos de golfe, já que a agricultura é coisa moribunda e a enchada e o sacho não são passíveis de atrair as manápulas aveludadas das hordas de jovens da cidade que esgotarão a lotação dos ultra-rápidos TGV`s rumo ao Fundão.
Em segundo lugar, renovar a floresta e as espécies arbóreas, introduzindo o Coqueiro, a Palmeira e o Kiwi como espécies endógenas predominantes, extinguindo o pinheiro, o castanheiro e todas as árvores de fruta, incompatíveis com o clima tropical da Ilha do Fundão.
Em relação ao clima, encomendar ao MIT de Massachussets um microclima, capaz de reproduzir o fenómeno do aquecimento global, mas agora à escala local – No Fundão temos um aquecimento local; podia bem ser um dos slogans publicitários a adoptar.
A Rua da Cal seria transformada numa Rua de Bares de temas marítimos, ao melhor estilo de Albufeira, com nomes como “Tsunami”, “Mar Aberto”, “A Ilha dos Amores”, “Capitão Igloo”, “Discoteca”, “English Bar”, “O jovem lobo do Mar”.
Na arquitectura local pontificariam grandes mamarrachos com condóminos desenhados pelo Taveira, com o foclore cromático que lhe é habitual. Na gastronomia seroam banidos os enchidos e os maranhos, para adoptar a “fast-food” e a cozinha etno-globalizante. Finalmente, seria liberalizado o jogo do chinquilho e a suecada, a prostituição, a droga, bem como isentas as empresas multinacionais de pagar impostos, estabelecendo assim uma verdadeira concorrência desleal à ilhas Caimão, bem nas fraldas de Portugal.
Seremos portanto uma Ilha, e honradamente ilhéus, com sorte inaudita, as ruas vão parecer Miami com Pin UP`s a patinar ao fim da tarde, enquanto nós gozamos as delícias de uma 7-Up cruzada com cerveja importada e atiramos cascas de tremoços ao Mar que rodeia essa grande Ilha do Fundão. Em vez de beirões, seremos ilhéus, cortejados na nossa insularidade por quinhão grosso do Orçamento de Estado. Ainda há esperança para o Fundão.
Deo Gracias pelos visionários que comandam esta barca, porque ao leme vai mais do que um homem. Vai uma nação.
O único problema é que eu enjoo em mar alto, por isso fico para aqui enterrado.
quinta-feira, novembro 13
Manuel da Silva Ramos regressa ao Neo-Realismo
O escritor Manuel da Silva Ramos apresenta hoje na Covilhã o seu último romance--Café Montalto. O livro (muito cinematográfico) conta a estória de Rui Vaz, um jornalista nascido na Covilhã, que depois de trinta e cinco anos de ausência, regressa à cidade natal para o enterro do pai (poderoso industrial de lanifícios na ex-Manchester portuguesa) que morrera no albergue dos inválidos do trabalho, abandonado por todos. Neste regresso Rui vaz vai descobrir o grande amor da sua vida, Marta.
O livro de Manuel da Silva Ramos é uma "factioficção", onde o escritor consegue cruzar uma estória imaginada com acontecimentos reais, e, através de uma estrutura narrativa bem montada, podemos revisitar situações como as lutas subterrãneas de resistência ao fascismo português e o combate dos operários pela sobrevivência e pela dignidade, numa cidade sempre caracterizada por fortes desigualdades sociais.
Um combate pela memória, feito de palavras de pedra (graníticas), sem nunca perder de vista a estória de amor de dois malditos, oiçam-no:
"Rui vaz olhava o corpo de marta...
Tinham feito mais uma vez amor e ela adormecera depois de ter gritado forte...
A nudez não tinha coronha nem gatilho. Era uma arma que se disparava sózinha...agora estava pousada ao sol num deserto... resplandecia...
Viu vir um camelo lento e sedento. Os olhos estavam cheios de areia. Logo que chegou perto dela a sua língua branca imensa...
Era ele voltado para a estrela polar dos seus sentimentos...
Começou a chupar-lhe os dedos dos pés, tão pequeninos como os loukoums que fazem em Marrakech. São na África gostava deb pastelaria...
Tens de vir comigo ao Sara, ver o bahr bela ma, o mar sem água. Tenho a certeza que lá encontraremos o Saint Exupéry, o principezinho e também o Léon Werth...
tens de vir comigo aos Montes Tassili porque eu agora te chupei os seios e eles ganharam forma geológicas bizarras...
Tens que vir comigo aos Montes Tibesti porque eu agora te chupei as axilas essas montanhas inacessiveis mas sempre frescas.
Tens que vir comigo aos desertos de Ténére porque eu agora te chupei uma lágrima perdida...Lá montados num camelo no mês de inverno seguiremos as caravanas de sal infindáveis, com esses tuaregues meus aamigos que fazem so silêncio uma aventura constante...Depois iremos ver essas terríveis montanhas azuis de Mármore que se afogam no mar de areia desse Térére e que podem ser verdes se tu as olhares...
Tens que vir comigo ver as tempestades de areia na orla do deserto do Chalbi porque eu agora te beijei o clítoris e vi uma revolta incerta no teu corpo...
Tens que vir comigo ver os rebanhos de cabras dos Tubus porque eu agora te penetrei outra vez e tu gorgoleijas como uma cabrita ligeira...
Tens que vir comigo à ilha vulcânica de Guinni Koma, não muito longe de Jibuti, porque ela se parece com os teus dois seios-- que agora chupo como um javardo.
Tu és o meu deserto e eu sou um "banido por Deus", sim,sim,sim, mas embora sejas minha irmã vais casar comigo!
--Amo-te meu irmão!`Não posso viver sem ti! disse Marta abrindo os olhos.
--e eu também, irmã! A culpa não é nossa!
[Manuel da Silva Ramos, Café Montalto, Alma azul, pag 267]
O livro de Manuel da Silva Ramos é uma "factioficção", onde o escritor consegue cruzar uma estória imaginada com acontecimentos reais, e, através de uma estrutura narrativa bem montada, podemos revisitar situações como as lutas subterrãneas de resistência ao fascismo português e o combate dos operários pela sobrevivência e pela dignidade, numa cidade sempre caracterizada por fortes desigualdades sociais.
Um combate pela memória, feito de palavras de pedra (graníticas), sem nunca perder de vista a estória de amor de dois malditos, oiçam-no:
"Rui vaz olhava o corpo de marta...
Tinham feito mais uma vez amor e ela adormecera depois de ter gritado forte...
A nudez não tinha coronha nem gatilho. Era uma arma que se disparava sózinha...agora estava pousada ao sol num deserto... resplandecia...
Viu vir um camelo lento e sedento. Os olhos estavam cheios de areia. Logo que chegou perto dela a sua língua branca imensa...
Era ele voltado para a estrela polar dos seus sentimentos...
Começou a chupar-lhe os dedos dos pés, tão pequeninos como os loukoums que fazem em Marrakech. São na África gostava deb pastelaria...
Tens de vir comigo ao Sara, ver o bahr bela ma, o mar sem água. Tenho a certeza que lá encontraremos o Saint Exupéry, o principezinho e também o Léon Werth...
tens de vir comigo aos Montes Tassili porque eu agora te chupei os seios e eles ganharam forma geológicas bizarras...
Tens que vir comigo aos Montes Tibesti porque eu agora te chupei as axilas essas montanhas inacessiveis mas sempre frescas.
Tens que vir comigo aos desertos de Ténére porque eu agora te chupei uma lágrima perdida...Lá montados num camelo no mês de inverno seguiremos as caravanas de sal infindáveis, com esses tuaregues meus aamigos que fazem so silêncio uma aventura constante...Depois iremos ver essas terríveis montanhas azuis de Mármore que se afogam no mar de areia desse Térére e que podem ser verdes se tu as olhares...
Tens que vir comigo ver as tempestades de areia na orla do deserto do Chalbi porque eu agora te beijei o clítoris e vi uma revolta incerta no teu corpo...
Tens que vir comigo ver os rebanhos de cabras dos Tubus porque eu agora te penetrei outra vez e tu gorgoleijas como uma cabrita ligeira...
Tens que vir comigo à ilha vulcânica de Guinni Koma, não muito longe de Jibuti, porque ela se parece com os teus dois seios-- que agora chupo como um javardo.
Tu és o meu deserto e eu sou um "banido por Deus", sim,sim,sim, mas embora sejas minha irmã vais casar comigo!
--Amo-te meu irmão!`Não posso viver sem ti! disse Marta abrindo os olhos.
--e eu também, irmã! A culpa não é nossa!
[Manuel da Silva Ramos, Café Montalto, Alma azul, pag 267]
quarta-feira, novembro 12
Deliciosas Misérias
Recebemos do João Gonçalves esta boa notícia, que abraçamos calorosamente, como abraçaremos uns belos tintóis no Misérias, bem como as futuras picaretas do João Gonçalves.
Avé Júlio! e aos demais presentes...
É com enorme felicidade que recebo a notícia que o misérias ainda vive! Agora sim, com toda a sua manancial potência, sem os entropecimentos dos saudosos Sô Jaquim, Sô Zé e Sô João (que a vida os leve a bom porto) bem como a luz teimosamente intermitente do mercurio fluorescente e o delicioso prazer de almejar todo o tipo de doces que se colocavam a jeito, ali mesmo ao nosso lado. Embora eu ja fosse nostalgico bem antes do tempo a ser, hoje recordo com nostalgia um tempo que agora vejo que pode tornar a vir a ser. Um grande, mas mesmo grande abraço aos que o queiram receber, pois de mim poderão contar com a contribuíção assídua das minhas mais severas pedradas a este «.......entre a beira e o muuuuuundo, tchan tchaaann» por nós habitado.
Parabéns a quem teve está grande ideia, a de dar ao dente da linguística de grupo, na nossa para sempre cultura Beirã.
Vivó Miserias! Vivó Granito! Viva o Português! Viva Portugal!
João Gonçalves
Avé Júlio! e aos demais presentes...
É com enorme felicidade que recebo a notícia que o misérias ainda vive! Agora sim, com toda a sua manancial potência, sem os entropecimentos dos saudosos Sô Jaquim, Sô Zé e Sô João (que a vida os leve a bom porto) bem como a luz teimosamente intermitente do mercurio fluorescente e o delicioso prazer de almejar todo o tipo de doces que se colocavam a jeito, ali mesmo ao nosso lado. Embora eu ja fosse nostalgico bem antes do tempo a ser, hoje recordo com nostalgia um tempo que agora vejo que pode tornar a vir a ser. Um grande, mas mesmo grande abraço aos que o queiram receber, pois de mim poderão contar com a contribuíção assídua das minhas mais severas pedradas a este «.......entre a beira e o muuuuuundo, tchan tchaaann» por nós habitado.
Parabéns a quem teve está grande ideia, a de dar ao dente da linguística de grupo, na nossa para sempre cultura Beirã.
Vivó Miserias! Vivó Granito! Viva o Português! Viva Portugal!
João Gonçalves
Descubra as diferenças
Desde já peço desculpa aos meus co-pedreiros o espaço que vou ocupar com a seguinte citação, e aos leitores peço algum paciência para lê-la.
"Os portugueses tinham aprendido a calcular a latitude.
(…)
Uma vez que se podia calcular a latitude, tanto no mar como em terra, tinha-se a posse da chave para os aceanos.
(…)
Cada viagem era uma experiência, um incentivo ao aperfeiçoamento.
(…)
A estratégia portuguesa, o conhecimento através da experiência, tinha lógica. Cada viagem era baseada nas antecedentes; a cada viagem iam um pouco mais longe; anotavam a latitude atingida, alteravam os mapas e cartas de marear e por onde passavam deixavam padrões para assinalar a sua presença.
(…)
A façanha portuguesa é testemunho do seu espírito empreeendedor e força, da sua fé religiosa e entusiasmo; da sua capacidade para mobilizar e explorar os conhecimentos e técnicas mais recentes. Nenhum chauvinismo tolo; o pragmatismo em primeiro lugar. Atraíram gente de fora pelo dinheiro, conhecimentos práticos e mão-de-obra.
(…)
Quando os Portugueses conquistaram o Atlântico sul, estavam na vanguarda da técnica de navegação. Um empenho em aprender com cientistas estrangeiros, muitos deles judeus, fizera que os conhecimentos adquiridos fossem directamente traduzidos em aplicações práticas; e, quando, em 1492, os Espanhóis decidiram compelir os seus judeus a professar o cristianismo ou abandonar o país, muitos encontraram refúgio em Portugal, nessa época mais complacente quanto aos seus sentimentos antijudaicos. Mas em 1497, pressões da igreja católica e de Espanha levaram a coroa portuguesa a abandonar essa tolerância. Cerca de 70 mil judeus foram forçados a um baptismo espúrio, embora válido como sacramento. Em 1506, Lisboa viu o seu primeiro "progrom", que deixou um saldo de 2000 "cristão-novos" mortos (a Espanha já adoptava essa prática há duzentos anos). Desde então, a vida intelectual e científica de Portugal desceu a um abismo de intolerância, fanatismo e pureza de sangue.
O declínio foi gradual. A Inquisição Portuguesa só foi instalada na década de 1540 e o seu primeiro auto-de-fé três anos depois; mas só se tornou sombriamente implacável na década de 1580, depois da união das coroas portuguesa e espanhola. Muitos estrangeiros, comerciantes e homens de ciência, acharam entretanto que a vida em Portugal estava a ficar demasiado perigosa para justificar a saída do país em massa. Levaram com eles dinheiro, experiência comercial, ligações, conhecimentos e – ainda mais importante – aquelas qualidades imensuráveis de curiosidade e inconformismo que constituem o fermento do pensamento.
Foi uma perda, mas em questões de intolerância a maior perda é a que o perseguidor inflige a si próprio. É esse processo de autodiminuição que confere à perseguição a sua durabilidade e a torna, não o acontecimento de um dado momento, ou de um reinado, mas de vidas inteiras, de gerações e de séculos. Em 1513, Portugal precisava de astrónomos; na década de 1520, a liderança científica tinha acabado. O país tentou criar uma nova tradição astronómica e matemática cristã, mas fracassou, até porque os bons astrónomos foram alvo da suspeita de judaísmo.
Tal como em Espanha, os Portugueses esforçaram-se ao máximo em fechar-se a influências estrangeiras e heréticas. A educação formal era controlada pela Igreja, que mantinha um currículo medieval centrado na gramática, retórica e argumentação escolástica. Característicos eram o exibicionismo e o bizantinismo (247 regras rimadas e decoradas da sintaxe de substantivos latinos). A única ciência de nível superior seria encontrada na faculdade de medicina de Coimbra. Mesmo aí, porém, poucos professores estavam dispostos a trocar Galeno por Harvey, ou a ensinar as ideias ainda mais perigosas de Copérnico, Galileu e Newton, todos banidos pelos Jesuítas ainda em 1746.
Deixou de haver mais jovens portugueses a estudar no estrangeiro e a importação de livros era rigorosamente controlada por fiscais enviados pelo Santo Ofício para inspecionar os navios que chegavam e visitar livrarias e bibliotecas. Um índice de obras proibidas foi preparado pela primeira vez em 1547; sucessivas ampliações culminaram na gigantesca lista de 1624- a mais recomendada para salvar as almas portuguesas.
(…)
Claro que era impossível isolar um país envolvido no concerto da Europa e na disputa por um império. Os diplomatas e agentes portugueses no estrangeiro regressavam ao país com a mensagem de que o resto do mundo estava a avançar, enquanto Portugal ficava parado no tempo. Esses "estrangeirados" – uma alcunha pejorativa – atraíram profundas suspeitas, pois estavam "contaminados". A sua rejeição estava implícita no orgulho português. Profundamente desastroso. Eles perceberam o que pouco portugueses podiam ou queriam ver: que a busca da pureza cristã era estúpida, que o Santo Ofício da Inquisição era um desastre nacional; que a Igreja devorava a riqueza do país; que o fracasso do governo em promover a agricultura e a indústria tinha reduzido Portugal ao papel de "melhor e mais lucrativa colónia da Inglaterra". Através desse isolamento auto-imposto, os Portugueses perderam a competência até mesmo nas áreas que anteriormente tinham dominado. "De líderes na vanguarda da teoria e prática de navegação passaram a andar sem rumo muito atrás dos outros", como afirmou D. Luís da Cunha, por altura da assinatura do Tratado de Methuen".
A Riqueza e a Pobreza das Nações- porque são algumas tão ricas e outras tão pobres, de David S. Landes, ed. Gradiva 2002
Portugal do séc. XVI e Portugal do séc. XXI: descubra as diferenças...
"Os portugueses tinham aprendido a calcular a latitude.
(…)
Uma vez que se podia calcular a latitude, tanto no mar como em terra, tinha-se a posse da chave para os aceanos.
(…)
Cada viagem era uma experiência, um incentivo ao aperfeiçoamento.
(…)
A estratégia portuguesa, o conhecimento através da experiência, tinha lógica. Cada viagem era baseada nas antecedentes; a cada viagem iam um pouco mais longe; anotavam a latitude atingida, alteravam os mapas e cartas de marear e por onde passavam deixavam padrões para assinalar a sua presença.
(…)
A façanha portuguesa é testemunho do seu espírito empreeendedor e força, da sua fé religiosa e entusiasmo; da sua capacidade para mobilizar e explorar os conhecimentos e técnicas mais recentes. Nenhum chauvinismo tolo; o pragmatismo em primeiro lugar. Atraíram gente de fora pelo dinheiro, conhecimentos práticos e mão-de-obra.
(…)
Quando os Portugueses conquistaram o Atlântico sul, estavam na vanguarda da técnica de navegação. Um empenho em aprender com cientistas estrangeiros, muitos deles judeus, fizera que os conhecimentos adquiridos fossem directamente traduzidos em aplicações práticas; e, quando, em 1492, os Espanhóis decidiram compelir os seus judeus a professar o cristianismo ou abandonar o país, muitos encontraram refúgio em Portugal, nessa época mais complacente quanto aos seus sentimentos antijudaicos. Mas em 1497, pressões da igreja católica e de Espanha levaram a coroa portuguesa a abandonar essa tolerância. Cerca de 70 mil judeus foram forçados a um baptismo espúrio, embora válido como sacramento. Em 1506, Lisboa viu o seu primeiro "progrom", que deixou um saldo de 2000 "cristão-novos" mortos (a Espanha já adoptava essa prática há duzentos anos). Desde então, a vida intelectual e científica de Portugal desceu a um abismo de intolerância, fanatismo e pureza de sangue.
O declínio foi gradual. A Inquisição Portuguesa só foi instalada na década de 1540 e o seu primeiro auto-de-fé três anos depois; mas só se tornou sombriamente implacável na década de 1580, depois da união das coroas portuguesa e espanhola. Muitos estrangeiros, comerciantes e homens de ciência, acharam entretanto que a vida em Portugal estava a ficar demasiado perigosa para justificar a saída do país em massa. Levaram com eles dinheiro, experiência comercial, ligações, conhecimentos e – ainda mais importante – aquelas qualidades imensuráveis de curiosidade e inconformismo que constituem o fermento do pensamento.
Foi uma perda, mas em questões de intolerância a maior perda é a que o perseguidor inflige a si próprio. É esse processo de autodiminuição que confere à perseguição a sua durabilidade e a torna, não o acontecimento de um dado momento, ou de um reinado, mas de vidas inteiras, de gerações e de séculos. Em 1513, Portugal precisava de astrónomos; na década de 1520, a liderança científica tinha acabado. O país tentou criar uma nova tradição astronómica e matemática cristã, mas fracassou, até porque os bons astrónomos foram alvo da suspeita de judaísmo.
Tal como em Espanha, os Portugueses esforçaram-se ao máximo em fechar-se a influências estrangeiras e heréticas. A educação formal era controlada pela Igreja, que mantinha um currículo medieval centrado na gramática, retórica e argumentação escolástica. Característicos eram o exibicionismo e o bizantinismo (247 regras rimadas e decoradas da sintaxe de substantivos latinos). A única ciência de nível superior seria encontrada na faculdade de medicina de Coimbra. Mesmo aí, porém, poucos professores estavam dispostos a trocar Galeno por Harvey, ou a ensinar as ideias ainda mais perigosas de Copérnico, Galileu e Newton, todos banidos pelos Jesuítas ainda em 1746.
Deixou de haver mais jovens portugueses a estudar no estrangeiro e a importação de livros era rigorosamente controlada por fiscais enviados pelo Santo Ofício para inspecionar os navios que chegavam e visitar livrarias e bibliotecas. Um índice de obras proibidas foi preparado pela primeira vez em 1547; sucessivas ampliações culminaram na gigantesca lista de 1624- a mais recomendada para salvar as almas portuguesas.
(…)
Claro que era impossível isolar um país envolvido no concerto da Europa e na disputa por um império. Os diplomatas e agentes portugueses no estrangeiro regressavam ao país com a mensagem de que o resto do mundo estava a avançar, enquanto Portugal ficava parado no tempo. Esses "estrangeirados" – uma alcunha pejorativa – atraíram profundas suspeitas, pois estavam "contaminados". A sua rejeição estava implícita no orgulho português. Profundamente desastroso. Eles perceberam o que pouco portugueses podiam ou queriam ver: que a busca da pureza cristã era estúpida, que o Santo Ofício da Inquisição era um desastre nacional; que a Igreja devorava a riqueza do país; que o fracasso do governo em promover a agricultura e a indústria tinha reduzido Portugal ao papel de "melhor e mais lucrativa colónia da Inglaterra". Através desse isolamento auto-imposto, os Portugueses perderam a competência até mesmo nas áreas que anteriormente tinham dominado. "De líderes na vanguarda da teoria e prática de navegação passaram a andar sem rumo muito atrás dos outros", como afirmou D. Luís da Cunha, por altura da assinatura do Tratado de Methuen".
A Riqueza e a Pobreza das Nações- porque são algumas tão ricas e outras tão pobres, de David S. Landes, ed. Gradiva 2002
Portugal do séc. XVI e Portugal do séc. XXI: descubra as diferenças...
segunda-feira, novembro 10
Vote SMS!
Eu voto SMS!
O mais jovem partido do panorama político nacional!
SMS (esse serviço excepcional que dizem estar prestes a substituir a tão fastidiosa rumagem domingueira por alturas de São Jó às urnas de voto.) É verdade. Acabou-se a ida à terra por alturas dos feriados nacionalistas, o fatinho domingueiro de cheiro a naftalina com que se engana o odor do suor e do fumo de tabaco entranhado nos cubículos de escritório nos arranha-c(é)us da capital. Tudo para comodidade do cidadão, que já nem a Fátima terá que se deslocar, mandando um SMS com o pedido ao Redentor e pagando depois a promessa em voltas na sala, em redor da mesa de jantar.
Eu voto SMS! Porque ainda me lembro dos malditos tempos de referendos que lá vão, em que a chuva e a desinformação transformaram o país nesta bicéfalia prenha em que nunca se sabe quem é o pai, se o Guterrismo Interior ou o Barrosismo Ianque à deriva ao largo de Portugal à espera de atingir águas espanholas mas enxotado como se enxotam Prestiges pelo bem das Comunidades.
Eu voto SMS! Porque me sinto útil quando livro o país de todos os trovadores desafinados que nos estragam as estatísticas de país dos poetas. Será agora mais o país dos cantores, ou dos actores, a avaliar pela proliferação de pessoas que tentam à força ser o que não são. Sejam cantores, governo ou oposição.
Eu voto SMS! Porque quero fazer parte de alguma coisa, nem que seja do GCATC (Grupo de Cidadãos Arruinados pelas Tramas da Comunicação), ou do GAD (Grupo dos Apartidários Deprimidos), ou mesmo do GQAQEÉUS, (Gajos Que Acham Que Este País É Uma Seca), sem ter que dar a cara, nem sequer para dizer que votei, e mandar umas bocas ranhosas a quem me apetecer e assinar sob pseudónimo, com os nomes dos nossos queridos politiqueiros. AH! Sou todo Poderoso!
Falso.
No outro dia experimentei, enquanto me embriagava de estupidez e me encharcava de cerveja no meu simples quarto de estudante deslocado, aproveitar o facto de haver um desses rodapés carnívoro a rodar na minha frente ao mesmo tempo que meia dúzia de palhaços faziam o pino enquanto cantavam o "Soldado 31" em versão soft, e mandei, mandei mesmo! Foi só para experimentar por isso não assinei o meu nome, decidi abusar, para ver o que acontecia, escrevi uma coisa mais ou menos feia, mais ou menos sem mal nenhum, e assinei com um nome parecido com o de um político conhecido. Pois, para além de ter ficado o resto do programa colado ao ecrã sem ver a minha missiva aparecer no grande ecrã ainda me mandaram uma mensagem no final do programa a dizer o seguinte:
-Queres partir pedra?
-Faz um Blog oh palhaço!
... Já viram isto?
O mais jovem partido do panorama político nacional!
SMS (esse serviço excepcional que dizem estar prestes a substituir a tão fastidiosa rumagem domingueira por alturas de São Jó às urnas de voto.) É verdade. Acabou-se a ida à terra por alturas dos feriados nacionalistas, o fatinho domingueiro de cheiro a naftalina com que se engana o odor do suor e do fumo de tabaco entranhado nos cubículos de escritório nos arranha-c(é)us da capital. Tudo para comodidade do cidadão, que já nem a Fátima terá que se deslocar, mandando um SMS com o pedido ao Redentor e pagando depois a promessa em voltas na sala, em redor da mesa de jantar.
Eu voto SMS! Porque ainda me lembro dos malditos tempos de referendos que lá vão, em que a chuva e a desinformação transformaram o país nesta bicéfalia prenha em que nunca se sabe quem é o pai, se o Guterrismo Interior ou o Barrosismo Ianque à deriva ao largo de Portugal à espera de atingir águas espanholas mas enxotado como se enxotam Prestiges pelo bem das Comunidades.
Eu voto SMS! Porque me sinto útil quando livro o país de todos os trovadores desafinados que nos estragam as estatísticas de país dos poetas. Será agora mais o país dos cantores, ou dos actores, a avaliar pela proliferação de pessoas que tentam à força ser o que não são. Sejam cantores, governo ou oposição.
Eu voto SMS! Porque quero fazer parte de alguma coisa, nem que seja do GCATC (Grupo de Cidadãos Arruinados pelas Tramas da Comunicação), ou do GAD (Grupo dos Apartidários Deprimidos), ou mesmo do GQAQEÉUS, (Gajos Que Acham Que Este País É Uma Seca), sem ter que dar a cara, nem sequer para dizer que votei, e mandar umas bocas ranhosas a quem me apetecer e assinar sob pseudónimo, com os nomes dos nossos queridos politiqueiros. AH! Sou todo Poderoso!
Falso.
No outro dia experimentei, enquanto me embriagava de estupidez e me encharcava de cerveja no meu simples quarto de estudante deslocado, aproveitar o facto de haver um desses rodapés carnívoro a rodar na minha frente ao mesmo tempo que meia dúzia de palhaços faziam o pino enquanto cantavam o "Soldado 31" em versão soft, e mandei, mandei mesmo! Foi só para experimentar por isso não assinei o meu nome, decidi abusar, para ver o que acontecia, escrevi uma coisa mais ou menos feia, mais ou menos sem mal nenhum, e assinei com um nome parecido com o de um político conhecido. Pois, para além de ter ficado o resto do programa colado ao ecrã sem ver a minha missiva aparecer no grande ecrã ainda me mandaram uma mensagem no final do programa a dizer o seguinte:
-Queres partir pedra?
-Faz um Blog oh palhaço!
... Já viram isto?
SLB, SLB, Glorioso SLB...
O Benfica ganhou, a Beira agradece...
-Quero sanitas amarelo canário!...
Dizia o arquitecto pelo telefone em voz berrante.
-Quero candeeiros em forma de cone, brilhantes como diamantes, com lâmpadas cor de rosa e tapetes de relva plástica pendurados no tecto. E azulejos, muitos azulejos, de muitas cores.
-Quero uma galáxia de luz e cor!
Era já raro aparecer no atelier, as ordens dava-as pelo telefone da pensão barata em Carnaxide onde passava a maior parte do seu tempo cuja decoração era de sua responsabilidade. Acontece que há coisa de um ano desesperado e desempregado ali fui bater em busca de trabalho. Deram-me o emprego. Desde logo fui avisado por alguns colegas que aquela era uma casa difícil, que, para além da excentricidade de alguns clientes, a própria casa tinha efeitos estranhos sobre as pessoas, algo relacionado com saturação psicológica e coisas do género. Fiz ouvidos de mercador. Nunca liguei muito a essas coisas de psicologia, o salário era bom, e como nunca tive nenhuma depressão decidi arriscar. A princípio tudo correu bem, a decoração era descontraída e alegre e durante os primeiros tempos senti-me muito bem por trabalhar ali.
Mas bastou um par de meses para tudo se alterar, as insónias, as enxaquecas crónicas, as náuseas perseguiam-me. Enquanto me ía tornando mais íntimo do trabalho na pensão,
ía também ficando mais íntimo de alguns dos clientes. Normalmente não ficavam mais que uma noite, de passagem, mas havia um residente, o doido. Azeiteiro de primeira água, passava a vida em paródias no quarto, incomodando-me a mim e a toda a gente, enquanto dava ordens para o telefone em voz berrante. De facto, tudo nele era berrante, até a velocidade com que tirava a roupa, fosse onde fosse, estivesse quem estivesse, sempre que via aproximar-se dele a camareira Maria, que nem se importava, pois, enquanto se despia, telefonava para a escola. Depois berrava: Parabéns Maria!
Assim fez o curso a minha colega Maria, e, ou muito me engano ou é a ela que cabe agora, já do outro lado do telefone, dizer que sim e revolver catálogos em busca das tão bajuladas sanitas amarelo canário.
-Quero candeeiros em forma de cone, brilhantes como diamantes, com lâmpadas cor de rosa e tapetes de relva plástica pendurados no tecto. E azulejos, muitos azulejos, de muitas cores.
-Quero uma galáxia de luz e cor!
Era já raro aparecer no atelier, as ordens dava-as pelo telefone da pensão barata em Carnaxide onde passava a maior parte do seu tempo cuja decoração era de sua responsabilidade. Acontece que há coisa de um ano desesperado e desempregado ali fui bater em busca de trabalho. Deram-me o emprego. Desde logo fui avisado por alguns colegas que aquela era uma casa difícil, que, para além da excentricidade de alguns clientes, a própria casa tinha efeitos estranhos sobre as pessoas, algo relacionado com saturação psicológica e coisas do género. Fiz ouvidos de mercador. Nunca liguei muito a essas coisas de psicologia, o salário era bom, e como nunca tive nenhuma depressão decidi arriscar. A princípio tudo correu bem, a decoração era descontraída e alegre e durante os primeiros tempos senti-me muito bem por trabalhar ali.
Mas bastou um par de meses para tudo se alterar, as insónias, as enxaquecas crónicas, as náuseas perseguiam-me. Enquanto me ía tornando mais íntimo do trabalho na pensão,
ía também ficando mais íntimo de alguns dos clientes. Normalmente não ficavam mais que uma noite, de passagem, mas havia um residente, o doido. Azeiteiro de primeira água, passava a vida em paródias no quarto, incomodando-me a mim e a toda a gente, enquanto dava ordens para o telefone em voz berrante. De facto, tudo nele era berrante, até a velocidade com que tirava a roupa, fosse onde fosse, estivesse quem estivesse, sempre que via aproximar-se dele a camareira Maria, que nem se importava, pois, enquanto se despia, telefonava para a escola. Depois berrava: Parabéns Maria!
Assim fez o curso a minha colega Maria, e, ou muito me engano ou é a ela que cabe agora, já do outro lado do telefone, dizer que sim e revolver catálogos em busca das tão bajuladas sanitas amarelo canário.
Aquele Abraço Para o Bruno
Com muita mágoa minha não pude associar-me à festa de aniversário do nosso camarada Bruno. Aproveito este sítio para daqui lhe enviar um grande abraço e desejar-lhe toda a sorte do mundo.
domingo, novembro 9
A pergunta
que João Cravinho faz na edição de ontem do Diário de Notícias é bem oportuna:
Se esses projectos [as SCUTS] são tão horrorosos e nefastos para o país, como se justifica que o primeiro-ministro tivesse querido associar-se festiva e entusiasticamente à inauguração da SCUT da Beira Interior em 29 de Junho passado?
Se esses projectos [as SCUTS] são tão horrorosos e nefastos para o país, como se justifica que o primeiro-ministro tivesse querido associar-se festiva e entusiasticamente à inauguração da SCUT da Beira Interior em 29 de Junho passado?
sexta-feira, novembro 7
As lágrimas amargas de uma deputada
Maria Elisa anunciou, finalmente, a renúncia ao mandato de deputada, lugar para o qual foi eleita pelas listas do PSD no Distrito de Castelo Branco.
A cerimónia foi acolhida de bom grado pela Câmara Municipal do Fundão, cuja vertigem de exposição mediática e a ânsia de protagonismo a levam por vezes a ser demasiado voluntariosas no acolhimento de actos públicos, que do ponto de vista político são no mínimo sensíveis.
As lágrimas e tom comovido da intervenção de Maria Elisa não deixam ninguém indiferente, incluindo este pedreiro com coração de granito. Acredito mesmo, que Maria Elisa esteja imbuída na certeza de ser justa a sua causa, e insofismáveis os seus desígnios.
Certamente que não compreende as críticas que lhe movem e que até a normalmente autista Comissão de Ética da AR foi obrigada a dar escuta.
E, apesar de lamentar o seu estado de saúde ou a sua debilitada condição emocional, não posso deixar de dizer que as lágrimas não podem amenizar a indignação que o previsível desenlace deste caso é passível de originar, que no tom bruto e carroceiro do costume, tive oportunidade de expor em artigo do JF.
Não serão as lágrimas desarmantes ou os sorrisinhos de conveniência cavalheiresca, que tão gentilmente o Presidente da Câmara do Fundão lhe estendeu, perante o "prime time" da Nação, que limparão a triste imagem deixada ao País e a esta região.
Mais do que um caso isolado, o que aconteceu com Maria Elisa é um sintoma de um sistema político falido, permeável aos interesses organizados em grupelhos políticos, que sob a bandeira dos partidos arregimentam legiões de esfaimados do poder, sempre prontos em espezinhar o interesse público em prol da negociata e da engenhoca do favor. Eleger deputados por círculos eleitorais distritais, faria pressupor que esses pares da Nação iriam de malas aviadas para o hemiciclo para defender algumas das causas regionais, ou pelo menos para fazer ecoar os legítimos anseios e aspirações das populações que representam nos corredores escôncios do Poder.
Como todos sabemos, não é nada disso que acontece, e a maior parte dos deputados limitam-se a fazer número para pateadas ou ovações nos debates do Orçamento, ou para baterem prolongadas sonecas até à hora de carneiramente erguerem o braço mandado em uníssono com a direcção do seu grupo parlamentar. Se é para isso, não são precisos tantos.
Maria Elisa foi eleita por um distrito com que não tem quaisquer tipo de ligações, nem sequer afectivas; não para representar Castelo Branco, mas para ser apenas mais um braço mandado da Bancada Parlamentar.
Cedo descobriu o o carácter figurativo do seu mandato-fantoche, e por isso, cedo se prestou a arranjar formas de ocupar de forma útil o seu tempo.
Primeiro tentando ser simultaneamente jornalista e deputada - dupla personalidade que Maria Elisa parece ainda não ter percebido ser geneticamente incompatíveis - e depois, ala para conselheira cultural da Embaixada de Londres, com um esquema administrativo para a integrar nessa função, para a qual julga a própria ter o perfil técnico adequado (nem é isso que está em causa).
Obviamente que os eleitores da Beira Baixa não votaram pela Maria Elisa, votaram no PSD, e sobretudo por uma vontade de mudança, que os desastrosos anos de governação socialista tinham legitimado.
Maria Elisa foi sempre um elemento decorativo da lista do PSD, como o são a a maior parte dos deputados sem peso político que ciclicamente rumam ao hemiciclo para se acotovelarem nas trevas da obscuridade e da insignificância.
Ao ser pressionada para abdicar do seu mandato na AR, Maria Elisa limitou-se a pagar o preço do mediatismo que em primeiro lugar o colocou na Assembleia, porque outros tantos por lá ficam sem que a sua presença ou ausência seja minimamente sentida pelos eleitores que os mandataram.
Se é essa a injustiça a que Maria Elisa se refere, então estamos de acordo, não há motivo para ser ela a única crucificada quando a leviandade, a impunidade, o favor, as caganças, as desmedidas ambições, a punhalada, a inveja; são prática corrente entre os pares da Nação.
Maria Elisa é apenas um mártir do deputado-fantoche, com a diferença que vai expiar os seus pecados para a Embaixada Portuguesa em Londres, enquanto os outros continuam a vegetar na prolongada soneca para que foram mandatados pelos seus partidos.
Nós por cá, tivemos como eu previa, mais uns minutos de exposição televisiva graças ao carácter mediático da nossa deputada e ao prestimoso e gentil afã de protagonismo da Câmara Municipal do Fundão, que franqueou as suas portas e se engalanou para um pungente e incómodo acto de expiação pública, mas de cariz eminentemente político-partidário.
Custa ver políticos dinâmicos empreendores e alegadamente independentes, tentando disfarçadamente passar despercebidos no incómodo que lhes faz ter de estar presentes num pequeno e lastimável comício partidário.
A cerimónia foi acolhida de bom grado pela Câmara Municipal do Fundão, cuja vertigem de exposição mediática e a ânsia de protagonismo a levam por vezes a ser demasiado voluntariosas no acolhimento de actos públicos, que do ponto de vista político são no mínimo sensíveis.
As lágrimas e tom comovido da intervenção de Maria Elisa não deixam ninguém indiferente, incluindo este pedreiro com coração de granito. Acredito mesmo, que Maria Elisa esteja imbuída na certeza de ser justa a sua causa, e insofismáveis os seus desígnios.
Certamente que não compreende as críticas que lhe movem e que até a normalmente autista Comissão de Ética da AR foi obrigada a dar escuta.
E, apesar de lamentar o seu estado de saúde ou a sua debilitada condição emocional, não posso deixar de dizer que as lágrimas não podem amenizar a indignação que o previsível desenlace deste caso é passível de originar, que no tom bruto e carroceiro do costume, tive oportunidade de expor em artigo do JF.
Não serão as lágrimas desarmantes ou os sorrisinhos de conveniência cavalheiresca, que tão gentilmente o Presidente da Câmara do Fundão lhe estendeu, perante o "prime time" da Nação, que limparão a triste imagem deixada ao País e a esta região.
Mais do que um caso isolado, o que aconteceu com Maria Elisa é um sintoma de um sistema político falido, permeável aos interesses organizados em grupelhos políticos, que sob a bandeira dos partidos arregimentam legiões de esfaimados do poder, sempre prontos em espezinhar o interesse público em prol da negociata e da engenhoca do favor. Eleger deputados por círculos eleitorais distritais, faria pressupor que esses pares da Nação iriam de malas aviadas para o hemiciclo para defender algumas das causas regionais, ou pelo menos para fazer ecoar os legítimos anseios e aspirações das populações que representam nos corredores escôncios do Poder.
Como todos sabemos, não é nada disso que acontece, e a maior parte dos deputados limitam-se a fazer número para pateadas ou ovações nos debates do Orçamento, ou para baterem prolongadas sonecas até à hora de carneiramente erguerem o braço mandado em uníssono com a direcção do seu grupo parlamentar. Se é para isso, não são precisos tantos.
Maria Elisa foi eleita por um distrito com que não tem quaisquer tipo de ligações, nem sequer afectivas; não para representar Castelo Branco, mas para ser apenas mais um braço mandado da Bancada Parlamentar.
Cedo descobriu o o carácter figurativo do seu mandato-fantoche, e por isso, cedo se prestou a arranjar formas de ocupar de forma útil o seu tempo.
Primeiro tentando ser simultaneamente jornalista e deputada - dupla personalidade que Maria Elisa parece ainda não ter percebido ser geneticamente incompatíveis - e depois, ala para conselheira cultural da Embaixada de Londres, com um esquema administrativo para a integrar nessa função, para a qual julga a própria ter o perfil técnico adequado (nem é isso que está em causa).
Obviamente que os eleitores da Beira Baixa não votaram pela Maria Elisa, votaram no PSD, e sobretudo por uma vontade de mudança, que os desastrosos anos de governação socialista tinham legitimado.
Maria Elisa foi sempre um elemento decorativo da lista do PSD, como o são a a maior parte dos deputados sem peso político que ciclicamente rumam ao hemiciclo para se acotovelarem nas trevas da obscuridade e da insignificância.
Ao ser pressionada para abdicar do seu mandato na AR, Maria Elisa limitou-se a pagar o preço do mediatismo que em primeiro lugar o colocou na Assembleia, porque outros tantos por lá ficam sem que a sua presença ou ausência seja minimamente sentida pelos eleitores que os mandataram.
Se é essa a injustiça a que Maria Elisa se refere, então estamos de acordo, não há motivo para ser ela a única crucificada quando a leviandade, a impunidade, o favor, as caganças, as desmedidas ambições, a punhalada, a inveja; são prática corrente entre os pares da Nação.
Maria Elisa é apenas um mártir do deputado-fantoche, com a diferença que vai expiar os seus pecados para a Embaixada Portuguesa em Londres, enquanto os outros continuam a vegetar na prolongada soneca para que foram mandatados pelos seus partidos.
Nós por cá, tivemos como eu previa, mais uns minutos de exposição televisiva graças ao carácter mediático da nossa deputada e ao prestimoso e gentil afã de protagonismo da Câmara Municipal do Fundão, que franqueou as suas portas e se engalanou para um pungente e incómodo acto de expiação pública, mas de cariz eminentemente político-partidário.
Custa ver políticos dinâmicos empreendores e alegadamente independentes, tentando disfarçadamente passar despercebidos no incómodo que lhes faz ter de estar presentes num pequeno e lastimável comício partidário.
Dizer é Liberdade
Contra os que muito berram
nunca calar
nunca calar
dizer é liberdade
contra a corrente da verborreia
é resistir, resistir
à rima da diarreia
Num jogo de letras fantasmas
estala o vernacular
libertam-se as aventesmas
na liturgia circular
Sempre prontas a acusar
as putas da prosa fácil
são as donas da verdade
gostam da crítica
(aos outros
por sistema)
mas na escrita pós-virginal
escondem sempre o paradoxo
de um intrigante dilema
Porque a todas as mesas do poder
das nove às cinco
estendem os dedos afiados
sentam-se em estofos de pele
e como seguros arlequins
elencam trágicos desfiados
ou cómicos marinados
para gáudio dos mandarins
e depois, senhores, é vê-las
berrar
berrar
berrar
mas sempre à espera da grande teta
do alimento consular
E que dizer da fixação flatular?
lidas as todas as letras
fica a questão liminar
será justa a intenção do esteta
ou simples arremedo de rabeta?
Vdka7
estou a ver que ainda vamos inaugurar um blog de versos de granito :))
à pedrada :-)
nunca calar
nunca calar
dizer é liberdade
contra a corrente da verborreia
é resistir, resistir
à rima da diarreia
Num jogo de letras fantasmas
estala o vernacular
libertam-se as aventesmas
na liturgia circular
Sempre prontas a acusar
as putas da prosa fácil
são as donas da verdade
gostam da crítica
(aos outros
por sistema)
mas na escrita pós-virginal
escondem sempre o paradoxo
de um intrigante dilema
Porque a todas as mesas do poder
das nove às cinco
estendem os dedos afiados
sentam-se em estofos de pele
e como seguros arlequins
elencam trágicos desfiados
ou cómicos marinados
para gáudio dos mandarins
e depois, senhores, é vê-las
berrar
berrar
berrar
mas sempre à espera da grande teta
do alimento consular
E que dizer da fixação flatular?
lidas as todas as letras
fica a questão liminar
será justa a intenção do esteta
ou simples arremedo de rabeta?
Vdka7
estou a ver que ainda vamos inaugurar um blog de versos de granito :))
à pedrada :-)
quinta-feira, novembro 6
Uma redacção de luto
O desenvolvimento da trama na novela jornalística do ano não pára de surpreender. O Diário Económico de hoje garante que na próxima segunda-feira a redacção do Diário de Notícias dará as boas vindas ao novo director "vestida de preto". Para além desta forma de manifestar o seu desagrado pela nomeação de Lima, os jornalistas do DN estão também a equacionar um boicote às assinaturas dos artigos.
Ou eu me engano muito ou esta procissão ainda só vai no adro.
Ou eu me engano muito ou esta procissão ainda só vai no adro.
O adepto-comentador
Estive a ver na SIC a transmissão do jogo uefeiro entre o Benfica e o Molde. O Benfica lá ganhou o primeiro jogo oficial no novo estádio da luz. O adversário, diga-se a bem da verdade, também era muito fraquinho. Mas não é sobre o jogo em si que quero falar. O que realmente me chamou a atenção foi o comentador de serviço. No início não o reconheci. Porém, rapidamente me apercebi que se tratava do incansável Fernando Seara, que para além de presidente da Câmara Municipal de Sintra é também um conhecido adepto do clube da águia. Depois dos políticos-comentadores, que proliferam como cogumelos nas televisões, uma nova originalidade nacional: o adepto-comentador.
Gosto mais da Beira Baixa do que da direita alta
P.S.: A polémica segue dentro de momentos com mais acetona para a lambona
P.S.: A polémica segue dentro de momentos com mais acetona para a lambona
quarta-feira, novembro 5
Agora com comentários e fotos
Com a inestimável ajuda do Rui Martins acho que consegui arranjar uma caixinha de comentários e maneira de colocar fotos, a ver se dá. Um, dois teste!
PS:
Vejam o vosso e-mail
PS:
Vejam o vosso e-mail
Escatologia Patibular
Contra a severidade epistolar
Cagar, cagar
Cagar de alto na justiça
Como se deve fazer
na escatologia patibular
Aos apóstolos austeros
da continência verbal
o melhor é dar-lhe corda laça
para se poderem afogar
na sacra pia do altar
Piamente rogamos
aos quixotes da nação
para irem defender a Cruz
lá para as margens do Jordão
Cruzados,
dobrados
e finados,
tocam a sineta
com o brado maquinal
com que o sentinela serviçal
Bate uma punheta,
como se polisse o castiçal
Guarda Suiça da poesia,
quais zelotas funestos
aferrolham a abadia
cuidando da sua suposta castidade
Os ordeiros do lirismo
Cavaleiros da grande ordem do lírio murcho
montados no resfolgante orçamento
deviam era bordar crochés
de fio cortesão
Aos grandes da Nação
em vez de açoitarem a mão estendida
do indigente da poesia
A mesma mão, rude
sempre pronta para se fechar,
e assim esbofetear
os proxenetas da ortodoxia,
que empunham fachos laudatórios
e destilam aparatosos opróbrios
Deixai-nos a corda e o mocho,
e patinar livremente no patíbulo,
Vós que sentais o olho do cú
nos anais do penico finório
e do trabalho de escritório,
Vós que perfumais
o sarau de poesia,
com voz melífula e infinita graça,
insinuando quadrilhas,
nos folhos aclamativos da baranoça,
que assim empresta certo brilho,
aristocrático ...
aos vossos desvelos aromáticos
expelidos do oríficio anal
como bufas entoadas
num bufício organizado,
como bazar de caridade
e que sempre arregimenta
os bufões da alta comédia
Que é esta moralidade,
de quem faz matéria-prima
a inesgotável banalidade
e rogai por nós
pecadores
agora ou na hora da nossa morte
Amén !
V7
Hi, hi, hi, estalou assim a primeira polémica literária no verniz estaladiço desta pedreira dos húngaros
Assembleia laxante
A moção foi maioritariamente chumbada, e saíu irritadissima pela porta fora. O veto não conseguiu evitar um sorrisinho malicioso e abafado. Os deputados continuaram então a jogar ao galo, ou a limarem as unhas dos pés das cadeiras, fazendo horas até que acabasse mais uma sessão parlamentar.
O país, esse, continuava de baixa, com uma aguda crise intestina.
O país, esse, continuava de baixa, com uma aguda crise intestina.
Pobreza interior
"A pobreza das nações" bem podia ser o títulado gongórico da Proposta de Orçamento de Estado para 2004, apresentada pelo benemérito Governo PSD/PP. Entre outras originalidades, da qual, resolver o problema das florestas com receitas da gasolina, nos parece roçar a alta Comédia, digna da criação de uma Secretaria de Estado da Piromania, com sede no Hospital Júlio de Matos. Mas entre o chorrilho de originalidades e engenharias trapezistas da Ministra Ferreira Leite e "sus muchachos", uma nos merece principal atenção. O Governo decidiu fixar em 15% a taxa do IRC a empresas que se decidam instalar no Interior. Numa tentativa de corrigir as gritantes assimetrias regionais, o Governo franqueia as portas do Interior às empresas fartas do stress dos mercados bolsistas.
Em vez de off shores na Madeira, passaremos a ter as Termas financeiras da Touca, ou o off shore de Monfortinho, onde as tentaculares empresas bolsistas e outros crápulas capitalistas passarão a instalar a sua sede social, com apenas um fax e um contínuo encarregue de abrir a correspondência.
A banca e as principais empresas de telecomunicações estão já em negociações para a compra da Tasca do Ti Xico Ferrador, na Atalaia do Campo, que passaria a ser uma espécie de Wall Street do Interior, com meia dúzia de yuppies a aviarem-se de tintos à hora de expediente, enquanto as "holdings" milionárias beneficiariam do apetitoso desconto no IRC.
Mas, o que o Governo dá com a mão, tira com todas as outras.
Toma lá desconto no IRC, mas passa para cá a massa das portagens que vamos cobrar nas SCUT`s, mesmo que isso custe dezenas de milhões de euros para fazer umas casotas novas para os portageiros. E, como vamos, provavelmente passar a ser o mais efervescente centro capitalista de Portugal, não vale a pena investir por estas bandas. O investimento público do PIDAC junta Castelo Branco e Guarda como os dois distritos menos afortunados na distribuição do bolo rei - cerca de 2,5 por cento do bolo (ou seja a fava), enquanto os distritos de Lisboa e do Porto acumulam mais de metade da guloseima. A pobreza do interior é a pobreza de espírito dos seus governantes.
Em vez de off shores na Madeira, passaremos a ter as Termas financeiras da Touca, ou o off shore de Monfortinho, onde as tentaculares empresas bolsistas e outros crápulas capitalistas passarão a instalar a sua sede social, com apenas um fax e um contínuo encarregue de abrir a correspondência.
A banca e as principais empresas de telecomunicações estão já em negociações para a compra da Tasca do Ti Xico Ferrador, na Atalaia do Campo, que passaria a ser uma espécie de Wall Street do Interior, com meia dúzia de yuppies a aviarem-se de tintos à hora de expediente, enquanto as "holdings" milionárias beneficiariam do apetitoso desconto no IRC.
Mas, o que o Governo dá com a mão, tira com todas as outras.
Toma lá desconto no IRC, mas passa para cá a massa das portagens que vamos cobrar nas SCUT`s, mesmo que isso custe dezenas de milhões de euros para fazer umas casotas novas para os portageiros. E, como vamos, provavelmente passar a ser o mais efervescente centro capitalista de Portugal, não vale a pena investir por estas bandas. O investimento público do PIDAC junta Castelo Branco e Guarda como os dois distritos menos afortunados na distribuição do bolo rei - cerca de 2,5 por cento do bolo (ou seja a fava), enquanto os distritos de Lisboa e do Porto acumulam mais de metade da guloseima. A pobreza do interior é a pobreza de espírito dos seus governantes.
Suicídio para um subsídio
Monta o orçamento, monta:
dá-lhe corda,
a que tu quiseres,
pode ser de pião
ou garrote
enrolado perto da mão
Se não conseguires conter as palavras
imita as vozes do espelho
Deixa lá as viagens
de àgua pelo tornozelo
e coze-te com as linhas
brancas
amarelas vermelhas e azuis
aquelas da âncora
que é marca renomada
de amantes do dedal
Não me venhas falar de mercearia
e marceneiro menos és
compra um tronco de chocolate
numa feira saltimbanca
e abala nas marés
Perdoa-me se encurto
esta severa missiva
mas bancos de corda
forcas e forquilhas
não são artes
de um gentil pedreiro
e muito menos de quem
com a caneta
quer cravar o roseta
Vdka 7
dá-lhe corda,
a que tu quiseres,
pode ser de pião
ou garrote
enrolado perto da mão
Se não conseguires conter as palavras
imita as vozes do espelho
Deixa lá as viagens
de àgua pelo tornozelo
e coze-te com as linhas
brancas
amarelas vermelhas e azuis
aquelas da âncora
que é marca renomada
de amantes do dedal
Não me venhas falar de mercearia
e marceneiro menos és
compra um tronco de chocolate
numa feira saltimbanca
e abala nas marés
Perdoa-me se encurto
esta severa missiva
mas bancos de corda
forcas e forquilhas
não são artes
de um gentil pedreiro
e muito menos de quem
com a caneta
quer cravar o roseta
Vdka 7
sábado, novembro 1
Correio
Recebemos, do nosso querido amigo "careca", a mensagem que publicamos em baixo.
Alvissaras camaradas!
Muito me apraz encontrá-los aqui, tão arrumadinhos neste tão "badalado"
spot da gloriosa rede. Sem querer fazer confusões com a quadra que se aproxima, muitas
badaladas se vão fazendo ouvir desse sub-mundo a que simpaticamente vamos chamando
de futebol, efectivamente, com tantas badaladas e badalos juntos na tão
badalada nova catedral, até dá vontade de ir à missa, à do galo, ou do carneiro.
Mas, caros amigos, efectivamente o futebol está fora de moda, aqui por
lisboa, por exemplo, já ninguém fala desse estranho fenómeno do séc que lá vai,
agora a riba é outra, a futebolada. É ver o empenho com que o país se apruma
para a futebolada de verão, a quantidade de empreitadas recorde que
ultrapassaram pela direita todos os metros de todas as baixas do país. Pelo interior não
sei, mas aqui suspira-se de alívio com as carneiradas da luz, e de alvalade, que
apesar de tudo conseguiu manter o passo à frente, empunhando no seu dorso as
cores coloridas do Portugal do futuro, depois da futebolada do Verão.
David Carvalho
Alvissaras camaradas!
Muito me apraz encontrá-los aqui, tão arrumadinhos neste tão "badalado"
spot da gloriosa rede. Sem querer fazer confusões com a quadra que se aproxima, muitas
badaladas se vão fazendo ouvir desse sub-mundo a que simpaticamente vamos chamando
de futebol, efectivamente, com tantas badaladas e badalos juntos na tão
badalada nova catedral, até dá vontade de ir à missa, à do galo, ou do carneiro.
Mas, caros amigos, efectivamente o futebol está fora de moda, aqui por
lisboa, por exemplo, já ninguém fala desse estranho fenómeno do séc que lá vai,
agora a riba é outra, a futebolada. É ver o empenho com que o país se apruma
para a futebolada de verão, a quantidade de empreitadas recorde que
ultrapassaram pela direita todos os metros de todas as baixas do país. Pelo interior não
sei, mas aqui suspira-se de alívio com as carneiradas da luz, e de alvalade, que
apesar de tudo conseguiu manter o passo à frente, empunhando no seu dorso as
cores coloridas do Portugal do futuro, depois da futebolada do Verão.
David Carvalho