terça-feira, novembro 25

É preciso mantê-los na ordem


Já aqui disse que a direita política portuguesa era a direita mais reaccionária de toda a Europa. Mantenho o que disse. No entanto, é possível que tenha sido injusto. Não é apenas a direita portuguesa que é mais conservadora, é o país no seu todo que é ultra-conservador. Quem a este respeito ainda tenha duvidas, as reacções em relação aos protestos contra a nova lei de finaciamento do ensino superior por parte dos estudantes universitários são, por si só, elucidativas. De direita ou de esquerda, conservadores ou auto-proclamados progressistas, todos os “tribunos” deste país se atiraram com fúria aos estudantes universitários. E o que de tão grave provoca esta indignação nas elites nacionais? Houve desacatos? As manifestações foram marcadas por vergonhosos actos de violência e vandalismo? Os estudantes voltaram a exibir os seus órgãos genitais? As ruas foram bloqueadas com barricadas a fazer lembrar o Maio de 68? Da calçada se vislumbrou a praia? Nada disso. Afinal, tudo o que motiva este bizarro consenso são uns cadeados na universidade de Coimbra. Por isto, alguns professores da Universidade de Coimbra chegaram ao ridículo de apresentar queixas-crime contra os estudantes. A forma de protesto é criticável, não o nego, mas tanto alarido por tão pouco dá que pensar. Num país mal habituado no que toca a uma cidadania activa, qualquer acto de desobediência civil, por mais pequeno que seja, é um escândalo inadmissível. Há que mantê-los na ordem, custe o que custar. Não vão eles habituar-se à ideia. É que neste país a ordem é um valor absoluto e cimeiro que urge preservar.

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