quarta-feira, novembro 5

Escatologia Patibular




Contra a severidade epistolar
Cagar, cagar
Cagar de alto na justiça
Como se deve fazer
na escatologia patibular

Aos apóstolos austeros
da continência verbal
o melhor é dar-lhe corda laça
para se poderem afogar
na sacra pia do altar

Piamente rogamos
aos quixotes da nação
para irem defender a Cruz
lá para as margens do Jordão

Cruzados,
dobrados
e finados,
tocam a sineta
com o brado maquinal
com que o sentinela serviçal
Bate uma punheta,
como se polisse o castiçal

Guarda Suiça da poesia,
quais zelotas funestos
aferrolham a abadia
cuidando da sua suposta castidade

Os ordeiros do lirismo
Cavaleiros da grande ordem do lírio murcho
montados no resfolgante orçamento
deviam era bordar crochés
de fio cortesão
Aos grandes da Nação
em vez de açoitarem a mão estendida
do indigente da poesia

A mesma mão, rude
sempre pronta para se fechar,
e assim esbofetear
os proxenetas da ortodoxia,
que empunham fachos laudatórios
e destilam aparatosos opróbrios

Deixai-nos a corda e o mocho,
e patinar livremente no patíbulo,
Vós que sentais o olho do cú
nos anais do penico finório
e do trabalho de escritório,

Vós que perfumais
o sarau de poesia,
com voz melífula e infinita graça,
insinuando quadrilhas,
nos folhos aclamativos da baranoça,
que assim empresta certo brilho,
aristocrático ...
aos vossos desvelos aromáticos

expelidos do oríficio anal
como bufas entoadas
num bufício organizado,
como bazar de caridade
e que sempre arregimenta
os bufões da alta comédia

Que é esta moralidade,
de quem faz matéria-prima
a inesgotável banalidade

e rogai por nós
pecadores
agora ou na hora da nossa morte
Amén !

V7


Hi, hi, hi, estalou assim a primeira polémica literária no verniz estaladiço desta pedreira dos húngaros

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