sexta-feira, outubro 31
Traquinices de uma deputada paraquedista
A nossa mais mediática e colunável deputada voltou a fazer das suas. Já toda a gente sabe que Maria Elisa está em trânsito para ocupar um "tacho" dourado na embaixada portuguesa em Londres. Inclusive, a sua nomeação, por despacho do director geral de administração do Ministério dos Negócios Estrangeiros, já saiu em Diário da República no passado dia 24 de Outubro. Isto toda a gente sabe, mas a nossa querida deputada resolveu enviar esta semana uma carta à Comissão de Ética da AR na qual insiste que suspendeu o seu mandato como deputada para "tratamentos médicos". Sobre este triste caso o nosso pedreiro Rui Pelejão já disse tudo o que deve ser dito. E numa prosa inimitável. Mas eu, talvez por defeito de formação, prefiro não tirar conclusões precipitadas e injustas. Pode ser que os "tratamentos médicos" sejam na cosmopolita Londres.
Subsídio para um suicídio
O orçamento é de pouca monta:
Apenas uma corda,
Daquelas grossas de nó marinho
que prendem âncoras
dos veleiros vadios
que partem com as marés arredias,
domados por Zebedeus
que cospem sangue,
e disfarçam com hálito a bagaço
Dois metros de corda,
bastam
um conto por metro
dois contos por certo
Um nó dado,
que a nó dado
Não se olha o dente de cavalo cansado
Um nó sem deslinde,
Nem melindre das boas almas da nação
Excelência...
Falo-lhe ao coração
Dois metros de corda bastam
e a rogo,
Um banco de madeira tosca,
Como toscas são as palavras que lhe arremedo,
Excelência...
Carvalho estaria muito bem,
Que é madeira pobre,
mas honrada
Capaz de suportar o peso da poesia
E que nas mãos e escropo
de carpinteiro certeiro,
decerto não cederia
Ao quilograma da poesia
E pregos, por caridade,
excelência...
Meia dúzia de pregos,
dos bons
Que mais do que um conto não seriam,
e pouco pesariam
na consciência de um bom cristão,
e no orçamento da nação
E com isto:
Dois metros de corda,
um banco de madeira tosca,
um punhado de pregos, (dos bons,)
poderia Vossa Excelência estar certo
que daria por bem gasto o dinheiro da Nação.
nem seria perdulário
do magro erário
Seria um subsídio a fundo perdido,
Mas com grande visão,
Já que aliviaria a nação
Do peso da poesia
No dia em que, por sua graça
e infinita bondade,
Excelência...
der despacho a este procedimento
e apoiar o esmorecimento
Poderei, enfim
Dar o derradeiro nó na poesia,
subir ao banco de madeira tosca
E morrer na forca,
Como compete
ao poeta
V7
Dedicado ao senhor Ministro da Cultura de Portugal... e arredores
Apenas uma corda,
Daquelas grossas de nó marinho
que prendem âncoras
dos veleiros vadios
que partem com as marés arredias,
domados por Zebedeus
que cospem sangue,
e disfarçam com hálito a bagaço
Dois metros de corda,
bastam
um conto por metro
dois contos por certo
Um nó dado,
que a nó dado
Não se olha o dente de cavalo cansado
Um nó sem deslinde,
Nem melindre das boas almas da nação
Excelência...
Falo-lhe ao coração
Dois metros de corda bastam
e a rogo,
Um banco de madeira tosca,
Como toscas são as palavras que lhe arremedo,
Excelência...
Carvalho estaria muito bem,
Que é madeira pobre,
mas honrada
Capaz de suportar o peso da poesia
E que nas mãos e escropo
de carpinteiro certeiro,
decerto não cederia
Ao quilograma da poesia
E pregos, por caridade,
excelência...
Meia dúzia de pregos,
dos bons
Que mais do que um conto não seriam,
e pouco pesariam
na consciência de um bom cristão,
e no orçamento da nação
E com isto:
Dois metros de corda,
um banco de madeira tosca,
um punhado de pregos, (dos bons,)
poderia Vossa Excelência estar certo
que daria por bem gasto o dinheiro da Nação.
nem seria perdulário
do magro erário
Seria um subsídio a fundo perdido,
Mas com grande visão,
Já que aliviaria a nação
Do peso da poesia
No dia em que, por sua graça
e infinita bondade,
Excelência...
der despacho a este procedimento
e apoiar o esmorecimento
Poderei, enfim
Dar o derradeiro nó na poesia,
subir ao banco de madeira tosca
E morrer na forca,
Como compete
ao poeta
V7
Dedicado ao senhor Ministro da Cultura de Portugal... e arredores
Somerset em Cap Ferrat
Cap Ferrat, Abril 2002
Sentei-me no balcão do bar do Grand Hotel de Cap Ferrat.
Balbuciei no meu francês macarrónico- pardon messieur un vodka tonique.
- oui, oui bien sûr.
Olhei em redor. Um barzinho de hotel acolhedor e simples, ornamentado por um piano sem cauda, um punhado de honoráveis poltronas e o hall of fame de fotos a preto e branco, disperso pela parede.
Fixei o olhar na foto de dois velhotes com sorriso sardónico sentados numa cadeira de palhinha. Um era o Winston Churchill, o outro, Somerset Maugham.
O barman trouxe-me o meu Vodka tonique, acendi o Lucky Strike ritual, e deslizei o olhar entre duas velhas baronesas austro-hungaras que bebericavam uma flute de champagne num esforço osculado para não borrarem o escarlate do baton.
Uma delas sorriu-me.
Por momentos imaginei-me um "gigolo" de luxo a estoirar fortunas austro-húngaras no Casino de Monte Carlo.
Devolvi o sorriso, num esforço de encantadora malícia.
Abati o Vodka Tonique e reparei de novo numa foto de Somerset Maugham, desta vez a solo. Os lábios pareciam querer sussurrar-me um segredo.
Incomodado, perguntei ao Barman o que fazia o Somerset ali.
Com um ar meticulosamente enfastiado e snob que só os franceses sabem vestir, explicou-me - Monsieur Maugham was an habitué ! We have a cocktail in is honour.
Pedi então um Somerset Maugham
- Dois dedos de Cointreau, dois de sumo de pêssego e granizado sur le top.
Fresco e agradável, bebi dois.
As baronesas austro-hungaras continuavam a tricotar champagnes e memórias de conquistas de amor na Riviera francesa.
Somerset movia os lábios. Aproximei-me, e a voz fez-se nítida. - Human Bondage (Servidão Humana).
Pedi um terceiro Somerset, ignorei o olhar desafiante da baronesa austro-hungara e um futuro radioso como "gambler d`amour".
Puxei outro cigarro e fui ver o mar.
Sentei-me no balcão do bar do Grand Hotel de Cap Ferrat.
Balbuciei no meu francês macarrónico- pardon messieur un vodka tonique.
- oui, oui bien sûr.
Olhei em redor. Um barzinho de hotel acolhedor e simples, ornamentado por um piano sem cauda, um punhado de honoráveis poltronas e o hall of fame de fotos a preto e branco, disperso pela parede.
Fixei o olhar na foto de dois velhotes com sorriso sardónico sentados numa cadeira de palhinha. Um era o Winston Churchill, o outro, Somerset Maugham.
O barman trouxe-me o meu Vodka tonique, acendi o Lucky Strike ritual, e deslizei o olhar entre duas velhas baronesas austro-hungaras que bebericavam uma flute de champagne num esforço osculado para não borrarem o escarlate do baton.
Uma delas sorriu-me.
Por momentos imaginei-me um "gigolo" de luxo a estoirar fortunas austro-húngaras no Casino de Monte Carlo.
Devolvi o sorriso, num esforço de encantadora malícia.
Abati o Vodka Tonique e reparei de novo numa foto de Somerset Maugham, desta vez a solo. Os lábios pareciam querer sussurrar-me um segredo.
Incomodado, perguntei ao Barman o que fazia o Somerset ali.
Com um ar meticulosamente enfastiado e snob que só os franceses sabem vestir, explicou-me - Monsieur Maugham was an habitué ! We have a cocktail in is honour.
Pedi então um Somerset Maugham
- Dois dedos de Cointreau, dois de sumo de pêssego e granizado sur le top.
Fresco e agradável, bebi dois.
As baronesas austro-hungaras continuavam a tricotar champagnes e memórias de conquistas de amor na Riviera francesa.
Somerset movia os lábios. Aproximei-me, e a voz fez-se nítida. - Human Bondage (Servidão Humana).
Pedi um terceiro Somerset, ignorei o olhar desafiante da baronesa austro-hungara e um futuro radioso como "gambler d`amour".
Puxei outro cigarro e fui ver o mar.
Humanidade superficial
«A falsa cordialidade do político barato», uma pérola extraída de um notável romance - «No fio da navalha» de um dos mais brilhantes romancistas britânicos - Somerset Maugham. Aproveitando o embalo da chuva miudinha que em bátegas serpenteia pelo vidro, vou deleitando-me com as últimas páginas deste extraordinário romance. Uma das personagens Elliot, pede a extrema unção a uma vida feita de brilho superfulo das festas de alta sociedade em Paris e na Côte D`Azur. No momento da morte, esta fabulosa personagem, acredita que a sua expiação divina será feita no Céu, nos círculos mais restritos de cavalheiros e cabeças coroadas, como se a Redenção tivesse a mesma geografia mundana dos beberetes de fim de tarde em Antibes. Elliot acredita que tendo a sua extrema unção ministrada por Bispo, teria entrada garantida na mais alta sociedade divina. "É como ter um cartão de visita de um príncipe da Igreja". Admirável a finissima e comovedora ironia que perpassa na escrita de Somerset Maugham, que não se limita a expôr o ridículo humano (como Eça tão bem fazia), mas que condescende com esse ridículo como afirmação de humanidade. Uma prosa elegante, uma narrativa eficaz e metódica e um profundo sentido de humanidade, fazem deste autor um vulto incontornável da literatura anglo-saxónica. «No fio da navalha» é também uma batalha entre o materialismo humano e o idealismo divino, tomando o ideal como a aproximação do divino, encarnado na personagem de Larry, um aventureiro do conhecimento com propensão para o misticismo.
Sem dúvida, uma leitura obrigatória para o moderno e vazio jet set nacional. Decerto, poucos destes ilustres famosos deixariam de ficar incomodados com a crueza do superfulo que bafeja as suas vidas, e se calhar todas as nossas.
Sem dúvida, uma leitura obrigatória para o moderno e vazio jet set nacional. Decerto, poucos destes ilustres famosos deixariam de ficar incomodados com a crueza do superfulo que bafeja as suas vidas, e se calhar todas as nossas.
Doce de abóbora com requeijão
Na Sortelha, em dia solarengo de Inverno, frio como o champagne, uma caçarola de javali, regada em profusão de Praça Velha, e a fechar, requeijão, a desfazer-se em «pas de deux» com doce de abóbora. Manjar dos deuses ... terrenos.
Dúvida Metódica
Não tenho o recorte cartesiano de Descartes para alimentar muitas dúvidas. Mas por método - desconfiado - prefiro duvidar, do que confiar cegamente.
Tudo a propósito da extensa lista de apoiantes da candidatura do Sr. Pneumático Filipe Vieira à presidência do Benfica, onde lá perdido entre a Sofia Aparício, a Marta Cruz e a Bibá Pita Cunha, aparece o nome do nosso excelentíssimo idilico - o Dr. Manuel Frexes.
Recordo-me então do opulento piquenicão que decorreu com farta comezaina, sob o tecto protector do Pavilhão Multiusos nos idos de Outubro e que recebeu com honras de chefe-de-estado o bigodudo da Hiperpneus. A dúvida que me assalta e ensombra o espírito de benfiquista dos sete costados é se o Pavilhão Multiusos se aluga para comezainas de campanha, ou se é cedido gentilmente em prol do desenvolvimento sustentado da região. Não é desconfiança, é mesmo dúvida ...
Tudo a propósito da extensa lista de apoiantes da candidatura do Sr. Pneumático Filipe Vieira à presidência do Benfica, onde lá perdido entre a Sofia Aparício, a Marta Cruz e a Bibá Pita Cunha, aparece o nome do nosso excelentíssimo idilico - o Dr. Manuel Frexes.
Recordo-me então do opulento piquenicão que decorreu com farta comezaina, sob o tecto protector do Pavilhão Multiusos nos idos de Outubro e que recebeu com honras de chefe-de-estado o bigodudo da Hiperpneus. A dúvida que me assalta e ensombra o espírito de benfiquista dos sete costados é se o Pavilhão Multiusos se aluga para comezainas de campanha, ou se é cedido gentilmente em prol do desenvolvimento sustentado da região. Não é desconfiança, é mesmo dúvida ...
Gregos para poupar
Na espuma que decorre dos dias, uma nota de travo amargo.
No Dia Mundial da Poupança, descobriu-se que Portugal já é o país mais pobre da União Europeia, ultrapassando no miserável estado de pobreza endémica o tradicional lanterna-vermelha - a Grécia.
Nós por cá vemo-nos gregos para poupar, mas ainda assim, e segundo o mesmo estudo, somos dos povos mais esbanjadores da UE.
Portanto qual Dial Mundial da Poupança qual busto de Napoleão. Institua-se é o Dia Nacional do Gastador, que a malta cá se amanha à tripa forra com os tostões do crédito. Hey Big Spender!
PS1: Infelizmente, no ranking da corrupção na UE, ainda só temos direito à medalha de bronze - atrás da Grécia e da Itália (serão os ventos mediterrânicos ??), mas se nos continuarmos a esforçar, e pelo andar da carruagem, antes do próximo Quadro Comunitário de Apoio, já estaremos no lugar cimeiro do pódio. Glória, glória, aleluia!
No Dia Mundial da Poupança, descobriu-se que Portugal já é o país mais pobre da União Europeia, ultrapassando no miserável estado de pobreza endémica o tradicional lanterna-vermelha - a Grécia.
Nós por cá vemo-nos gregos para poupar, mas ainda assim, e segundo o mesmo estudo, somos dos povos mais esbanjadores da UE.
Portanto qual Dial Mundial da Poupança qual busto de Napoleão. Institua-se é o Dia Nacional do Gastador, que a malta cá se amanha à tripa forra com os tostões do crédito. Hey Big Spender!
PS1: Infelizmente, no ranking da corrupção na UE, ainda só temos direito à medalha de bronze - atrás da Grécia e da Itália (serão os ventos mediterrânicos ??), mas se nos continuarmos a esforçar, e pelo andar da carruagem, antes do próximo Quadro Comunitário de Apoio, já estaremos no lugar cimeiro do pódio. Glória, glória, aleluia!
Salvado bom de bola
O Salvado é bom de bola, e o resto é conversa.
Um abraço camarada
Um abraço camarada
quarta-feira, outubro 29
A SOBERBA LIGA PORTUGUESA
O campeonato esta ao rubro! Os candidatos ao titulo do poder apostaram forte esta epoca. O glorioso S.L.Governo apostou no mercado frances, contratando o mais caro jogador desde a epoca de 1974/75: jogador frances, grande tecnicista, contido por natureza mas caracterizado pelo seu forte poder de explosao, da pelo nome de Deficit e os seus colegas de balneario ja o apelidam de "costas-largas" visto conseguir ele ser o culpado de todas as desgraças que assolam o terreno de jogo.
Tambem o SocialistaC.P. investiu em grande. Depois do desaire no inicio da epoca com a perda do seu ponta de lanca Pedroso, sancionado com um cartao vermelho, conseguiu a Direccao junto da Comissao Judicial da Liga reduzir o castigo para um mes, ao final do qual foi o ponta de lanca recebido em apoteose pelos socios. Fruto da histeria colectiva apostou o S.C.P. na compra de 50% do passe de duas jovens promessas do F.C.Politiquice: o Impunidade e o Imunidade.
A espera do fim das negociacoes continua Cruz, jogador rapido, especialista em aparecer nas costas do adversario, com grande tecnica ilusionista, mas com grandes dificuldades quando marcado por jogadores de maior estatura.
Assim vai a nossa Liga, onde quando tudo corre mal basta chutar para canto que a Direccao marca pontape de baliza.
Tambem o SocialistaC.P. investiu em grande. Depois do desaire no inicio da epoca com a perda do seu ponta de lanca Pedroso, sancionado com um cartao vermelho, conseguiu a Direccao junto da Comissao Judicial da Liga reduzir o castigo para um mes, ao final do qual foi o ponta de lanca recebido em apoteose pelos socios. Fruto da histeria colectiva apostou o S.C.P. na compra de 50% do passe de duas jovens promessas do F.C.Politiquice: o Impunidade e o Imunidade.
A espera do fim das negociacoes continua Cruz, jogador rapido, especialista em aparecer nas costas do adversario, com grande tecnica ilusionista, mas com grandes dificuldades quando marcado por jogadores de maior estatura.
Assim vai a nossa Liga, onde quando tudo corre mal basta chutar para canto que a Direccao marca pontape de baliza.
terça-feira, outubro 28
São papoilas saltitantes
Julgo que esta associação de pedreiros-livres está agora de picareta afiada. Urrah! para o Nuno Francisco, a entrar curto e grosso, defendendo uma causa justíssima, a única pela qual vale a pena lutar nos dias que correm - o benfiquismo ! Aguarda-se com fanfarra e champagnol a entrada em cena do nosso douto amigo Salvado, que decerto vai emprestar um certo brilho jurídico a esta taberna de livres-pensadores.
Quanto aos remoques ao benfiquismo e ao glorioso, limitar-me-ei a responder com a tradução de uma máxima latina: "A águia não se ocupa de mosquedo."
São papoilas saltitantes
Glorioso SLB, glorioso SLB
Quanto aos remoques ao benfiquismo e ao glorioso, limitar-me-ei a responder com a tradução de uma máxima latina: "A águia não se ocupa de mosquedo."
São papoilas saltitantes
Glorioso SLB, glorioso SLB
Lima e Delgado Lda
Quanto ao caso Lima só me resta acrescentar o seguinte:
Não é verdade que não há memória de um caso destes em Portugal. Assim de repente, lembro-me que no pontificado Guterrista houve um caso que deu brado. Trata-se do senhor António Capinha que de modesto e obscuro repórter da Rádio Comercial, transitou para o Gabinete do Ministro Jorge Coelho, como asessor de imprensa. Foi então nomeado (politicamente) para os quadros da RTP, acumulando os dois vencimentos. Quando a falcatrua de desmascarou, o senhor meteu uma licença na RTP, e quando acabou o reinado do Coelhone, para não dar nas vistas, transitou para assessor de imprensa da Embaixada de Portugal em Viena de Áustria. Todos os assessores de imprensa que eu conhecia do tempo dos socialistas, estão hoje bem melhor na vida do que antes de entrarem para o "Governo". A maior parte deles foi colocada atempada e cirurgicamente em cargos importantes na miríade de empresas e institutos públicos controlados pelo Governo. Outros (os menos afortunados) regressaram aos orgãos de Comunicação Social de onde tinham sido "requisitados". Regabofe e pouca vergonha que infecta estas relações muito venais entre política e jornalismo.
O Governo do PSD/PP é ainda mais despudorado neste tachismo, já que não faz a coisa por menos, e dá tachinhos de grande exposição mediática, não se preocupando sequer em enviar os despojados das remodelações governamentais para uma qualquer embaixada obscura no Burundi, ou um Instituto Público desconhecido. Primeiro a nomeação do inenarrável Luis Delgado para administrador com o pelouro da redacção da Agência Lusa. Este notável spin doctor da campanha de Durão Barroso e famoso lambe botas oficial do Governo, vê assim a sua dedicação de postíbulo bafejada com um cargo chave no gatekeeping da informação em Portugal.
No caso de Fernando Lima, assinale-se a confirmação de algo que há muito já se sabia. O Diário de Notícias é de á longa data um jornal instrumental e serviçal do poder instalado, por via da sua estrutura accionista.
O Estado, principal accionista da PT, é por essa via, o maior patrão da Comunicação Social em Portugal. Um gigante tentacular que estende a sua obscura influência nalguns dos principais orgãos de comunicação social do nosso País. Com a nomeação de Fernando Lima para a direcção do DN, nada mudou; a única novidade é que este Governo nem sequer tem vergonha ou pruridos em assumir esse patronato, e essa vergonhosa berlusconização da Comunicação Social em Portugal. É pena que o Sindicato dos Jornalistas, a Alta Autoridade para a Comunicação Social e a Comissão da Carteira de Jornalista, não sejam mais do que umas acolchoadas poltronas para uns quantos baronetes se refastelarem na sua inútil e estéril falta de importância.
Cambada de merdosos ! E nós por cá, entregues à esfaimada matilha ululante.
Não é verdade que não há memória de um caso destes em Portugal. Assim de repente, lembro-me que no pontificado Guterrista houve um caso que deu brado. Trata-se do senhor António Capinha que de modesto e obscuro repórter da Rádio Comercial, transitou para o Gabinete do Ministro Jorge Coelho, como asessor de imprensa. Foi então nomeado (politicamente) para os quadros da RTP, acumulando os dois vencimentos. Quando a falcatrua de desmascarou, o senhor meteu uma licença na RTP, e quando acabou o reinado do Coelhone, para não dar nas vistas, transitou para assessor de imprensa da Embaixada de Portugal em Viena de Áustria. Todos os assessores de imprensa que eu conhecia do tempo dos socialistas, estão hoje bem melhor na vida do que antes de entrarem para o "Governo". A maior parte deles foi colocada atempada e cirurgicamente em cargos importantes na miríade de empresas e institutos públicos controlados pelo Governo. Outros (os menos afortunados) regressaram aos orgãos de Comunicação Social de onde tinham sido "requisitados". Regabofe e pouca vergonha que infecta estas relações muito venais entre política e jornalismo.
O Governo do PSD/PP é ainda mais despudorado neste tachismo, já que não faz a coisa por menos, e dá tachinhos de grande exposição mediática, não se preocupando sequer em enviar os despojados das remodelações governamentais para uma qualquer embaixada obscura no Burundi, ou um Instituto Público desconhecido. Primeiro a nomeação do inenarrável Luis Delgado para administrador com o pelouro da redacção da Agência Lusa. Este notável spin doctor da campanha de Durão Barroso e famoso lambe botas oficial do Governo, vê assim a sua dedicação de postíbulo bafejada com um cargo chave no gatekeeping da informação em Portugal.
No caso de Fernando Lima, assinale-se a confirmação de algo que há muito já se sabia. O Diário de Notícias é de á longa data um jornal instrumental e serviçal do poder instalado, por via da sua estrutura accionista.
O Estado, principal accionista da PT, é por essa via, o maior patrão da Comunicação Social em Portugal. Um gigante tentacular que estende a sua obscura influência nalguns dos principais orgãos de comunicação social do nosso País. Com a nomeação de Fernando Lima para a direcção do DN, nada mudou; a única novidade é que este Governo nem sequer tem vergonha ou pruridos em assumir esse patronato, e essa vergonhosa berlusconização da Comunicação Social em Portugal. É pena que o Sindicato dos Jornalistas, a Alta Autoridade para a Comunicação Social e a Comissão da Carteira de Jornalista, não sejam mais do que umas acolchoadas poltronas para uns quantos baronetes se refastelarem na sua inútil e estéril falta de importância.
Cambada de merdosos ! E nós por cá, entregues à esfaimada matilha ululante.
O novo director do DN
Como se sabe, a administração da Lusomundo/ PT escolheu Fernando Lima, ex-assessor de imprensa de Cavaco Silva e do antigo ministro da "cunha", para ocupar o cargo de director do Diário de Notícias. É inevitável a suspeita perante tão bizarra decisão. E o mal estar está instalado na redacção. Ontem, o Conselho de Redacção do DN decidiu, por unanimidade, dar parecer negativo à nomeação de Lima. Para o CR, o DN "deve ser uma instituição acima de qualquer suspeita de instrumentalização partidária, sob pena de a sua imagem ficar irremediavelmente comprometida perante a opinião pública".
Percebe-se a preocupação. Ainda este fim de semana, Nicolau Santos explicava no Expresso o carácter anacrónico das relações de poder no interior da PT, que apesar de ser uma empresa com milhares de accionistas, continua a ser vista como uma empresa pública. O peso do Estado vai ao "ponto de escolher o presidente do conselho de administração e de avalizar o presidente da comissão executiva".
Perante tal realidade, é difícil acreditar que se trata apenas de coincidências. Anjos só os há no céu. E mesmo aí... Justa ou injustamente, fica sempre a sensação de que estamos na presença de um caso de governamentalização da comunicação social. Ou, como diz o Ricardo, de "Berlusconização" dos media e da política nacionais. Percebe-se a preocupação. Os jornalistas do DN sabem que a imagem de independência e autonomia em relação ao governo é um dos principais patrimónios de um jornal dito de "referência".
Percebe-se a preocupação. Ainda este fim de semana, Nicolau Santos explicava no Expresso o carácter anacrónico das relações de poder no interior da PT, que apesar de ser uma empresa com milhares de accionistas, continua a ser vista como uma empresa pública. O peso do Estado vai ao "ponto de escolher o presidente do conselho de administração e de avalizar o presidente da comissão executiva".
Perante tal realidade, é difícil acreditar que se trata apenas de coincidências. Anjos só os há no céu. E mesmo aí... Justa ou injustamente, fica sempre a sensação de que estamos na presença de um caso de governamentalização da comunicação social. Ou, como diz o Ricardo, de "Berlusconização" dos media e da política nacionais. Percebe-se a preocupação. Os jornalistas do DN sabem que a imagem de independência e autonomia em relação ao governo é um dos principais patrimónios de um jornal dito de "referência".
Inaugurações e assobiadelas
Como praticante de uma outra "religião", assumo aqui que o único motivo de prazer que me tocou na inauguração da paradoxal "nova catedral" da Coca Cola e da Sagres foi a estrondosa assobiadela com que os adeptos do Benfica assinalaram o discurso do primeiro-ministro. Não há memória de um governo tão impopular com apenas um ano e meio de mandato cumprido. E com justiça.
De resto, foi impressionante o nível a que chegou o costumeiro provincianismo pátrio. Por si só, as 11 horas de emissão contínua que uma televisão dedicou à inauguração de um estádio de futebol mostra a menoridade intelectual deste país.
Mas voltando ao tema da assobiadela, um amigo meu, que insiste em identificar o meu clube como o clube dos betos (seja lá isso o que for), perguntou-me, de forma provocatória, se eu tinha visto tal coisa na inauguração de outro estádio da segunda circular. É claro que não vi. E sabem porquê? Pois simplesmente porque nesse estádio dos "betos", mas que choca tão profundamente o gosto estético da burguesia cá do burgo, não houve discursos de político. Uma decisão de bom senso. E de bom gosto.
De resto, foi impressionante o nível a que chegou o costumeiro provincianismo pátrio. Por si só, as 11 horas de emissão contínua que uma televisão dedicou à inauguração de um estádio de futebol mostra a menoridade intelectual deste país.
Mas voltando ao tema da assobiadela, um amigo meu, que insiste em identificar o meu clube como o clube dos betos (seja lá isso o que for), perguntou-me, de forma provocatória, se eu tinha visto tal coisa na inauguração de outro estádio da segunda circular. É claro que não vi. E sabem porquê? Pois simplesmente porque nesse estádio dos "betos", mas que choca tão profundamente o gosto estético da burguesia cá do burgo, não houve discursos de político. Uma decisão de bom senso. E de bom gosto.
Ricos de Espiríto
Como te atreves a escrever contra os adeptos do GLORIOSO????
Os pobres de espírito
As vaias de que foram alvo o primeiro-ministro e o presidente da câmara municipal de Lisboa na inauguração da nova catedral do Benfica, bem como as ilações políticas e sociais que daí decorreram, só vêm confirmar como este país é terreno fértil para factos políticos de alcova. E, bem vistas as coisas, até é coerente que eles comecem agora a germinar também em estádios de futebol. Os apupos de largos milhares de benfiquistas, ao vivo e em directo, mereceram os comentários dos mais vestutos analistas políticos da nossa praça, tiveram honras de destaque por toda a imprensa nacional, suscitaram análises sociológicas de algibeira e uma onda de choque que alguns quiseram transformar num pré-escrutínio eleitoral. Esta dependência obsessiva da política mais festivaleira embrulhada no frenesim medieval do "pão e circo" é só para fracos de espírito. Sendo que são fracos de espírito os que apuparam, os que atribuiram uma importância desmesurada a essa orgia vocal e, claro, quem foi vaiado não está totalmente isento de culpas na cartilha.
Sejamos objectivos e evitemos (para já) juízos de valor: vaiar duas das personalidades políticas que mais apoiaram a construção do novo estádio da Luz parece-me, no mínimo, uma enorme falta de gratidão. Cuspir nas mãos que cederam terrenos e estenderam milhões é escrever na testa "sou pobre" e na barriga "mal agradecido". Pobres e mal agradecidos também para com o zé povinho que, fatalmente como o destino, é quem acaba por pagar a factura de tal circo futebolístico, seja pelo que já saiu do seu bolso ou pelo que não vai entrar nos próximos tempos. Os adeptos do benfica, tal como os de todos os clubes de futebol envolvidos no Euro 2004, bem como a indústria que gira em torno do desporto rei só têm motivos para aplaudir a classe política. E, já agora, a ter algum respeito por quem aperta agora o cinto e faz figas para que o campeonato europeu da bola seja a gruta de Ali Babá que os mesmos ladrões de sempre prometem.
Ou será que os onanistas da análise política, os professores feitos a "martelo" como o vinho rasca, não são capazes de estabelecer uma relação, por exemplo, entre o esforço financeiro exigido para a construção de todas as arenas do Euro 2004, e os cortes orçamentais para o PIDACC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) do próximo ano: o ano do Euro? Ah, pois não leram o Jornal do Fundão desta semana? Não são sensíveis a estabelecer relações tão profundamente macro-sociais? Preferem, talvez, o conforto da verborreia franco-atiradora galvanizando o instante pitoresco numa poderosa "vaga de descontentamento social", como avançaram nas suas finas análises. Et voilá, acena-se com um facto político acabadinho de sair da cartola, sem dúvida a ser debatido num forum radiofónico no outro dia de manhã. Para gaúdio de todos quantos lá estiveram aos berros e assobios é a glorificação em massa por representarem o voxx pop.
No entanto, o que resta na espuma dos dias é uma sensação confrangedora de mau-comportamento, um episódio triste que acabou por azedar e ensombrar a festa de inauguração de um estádio de futebol. Era somente disso que se tratava (se vaiassem o Scolari, até se percebia).
Convém nunca esquecer que nem toda a gente concordou com o Euro 2004 em Portugal, nem toda a gente ficou a sorrir quando soube das somas envolvidas que, muito provavelmente, iam ser desviadas de outros sectores importantes (como o investimento no interior do país, que vai ser escandalosamente reduzido para o ano que vem) só para que existissem estádios de futebol em barda por esse país fora para albergar dois meses de "pão e circo". Por isso me chocou tanto aquela vaia. E não me venham dizer que a voz do descontentamento social falou mais alto naquele momento. Tretas! A voz do descontentamento social está nas greves que grassam por esse país, nos trabalhadores que gritam à porta das fábricas por emprego, na educação que cobra aquilo que não retribui, no interior eternamente à espera de todas as formas de justiça. Isso é a voz do descontentamento. Apupos num estádio de futebol são as vozes dos pobres de espírito.
Bruno Ramos
Sejamos objectivos e evitemos (para já) juízos de valor: vaiar duas das personalidades políticas que mais apoiaram a construção do novo estádio da Luz parece-me, no mínimo, uma enorme falta de gratidão. Cuspir nas mãos que cederam terrenos e estenderam milhões é escrever na testa "sou pobre" e na barriga "mal agradecido". Pobres e mal agradecidos também para com o zé povinho que, fatalmente como o destino, é quem acaba por pagar a factura de tal circo futebolístico, seja pelo que já saiu do seu bolso ou pelo que não vai entrar nos próximos tempos. Os adeptos do benfica, tal como os de todos os clubes de futebol envolvidos no Euro 2004, bem como a indústria que gira em torno do desporto rei só têm motivos para aplaudir a classe política. E, já agora, a ter algum respeito por quem aperta agora o cinto e faz figas para que o campeonato europeu da bola seja a gruta de Ali Babá que os mesmos ladrões de sempre prometem.
Ou será que os onanistas da análise política, os professores feitos a "martelo" como o vinho rasca, não são capazes de estabelecer uma relação, por exemplo, entre o esforço financeiro exigido para a construção de todas as arenas do Euro 2004, e os cortes orçamentais para o PIDACC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) do próximo ano: o ano do Euro? Ah, pois não leram o Jornal do Fundão desta semana? Não são sensíveis a estabelecer relações tão profundamente macro-sociais? Preferem, talvez, o conforto da verborreia franco-atiradora galvanizando o instante pitoresco numa poderosa "vaga de descontentamento social", como avançaram nas suas finas análises. Et voilá, acena-se com um facto político acabadinho de sair da cartola, sem dúvida a ser debatido num forum radiofónico no outro dia de manhã. Para gaúdio de todos quantos lá estiveram aos berros e assobios é a glorificação em massa por representarem o voxx pop.
No entanto, o que resta na espuma dos dias é uma sensação confrangedora de mau-comportamento, um episódio triste que acabou por azedar e ensombrar a festa de inauguração de um estádio de futebol. Era somente disso que se tratava (se vaiassem o Scolari, até se percebia).
Convém nunca esquecer que nem toda a gente concordou com o Euro 2004 em Portugal, nem toda a gente ficou a sorrir quando soube das somas envolvidas que, muito provavelmente, iam ser desviadas de outros sectores importantes (como o investimento no interior do país, que vai ser escandalosamente reduzido para o ano que vem) só para que existissem estádios de futebol em barda por esse país fora para albergar dois meses de "pão e circo". Por isso me chocou tanto aquela vaia. E não me venham dizer que a voz do descontentamento social falou mais alto naquele momento. Tretas! A voz do descontentamento social está nas greves que grassam por esse país, nos trabalhadores que gritam à porta das fábricas por emprego, na educação que cobra aquilo que não retribui, no interior eternamente à espera de todas as formas de justiça. Isso é a voz do descontentamento. Apupos num estádio de futebol são as vozes dos pobres de espírito.
Bruno Ramos
domingo, outubro 26
Quem não sabe que os lobos melosos, de todos os lobos são os mais perigosos?
Depois da TSF, os gardiões da ordem mediática em Portugal voltaram a fazer das suas.
Na passada sexta-feira a administração da Lusomundo Media/pt decidiu nomear o ex assessor de Martins da Cruz, Fernando Lima, para a direção do prestigiado Diário de Notícias.
Perante este facto o Conselho de Redação decidiu emitiu um comunicado a lembrar " que não há memória, na História recente da imprensa portuguesa, de um assessor transitar directamente de um gabinete ministerial para as relevantes funçoes de director executivo de um dos mais prestigiados jornais portugueses".
No espaço de 15 dias Fernando Lima passa directamente de assessor de um ministro para director de um Jornal de referência.
Esta situação pode implicar a perda de independência do jornal face ao poder poder político e,sobretudo, em relação ao actual governo. Temo mesmo que a Berlusconização da imprensa chegou a portugal...Não há memória.
Na passada sexta-feira a administração da Lusomundo Media/pt decidiu nomear o ex assessor de Martins da Cruz, Fernando Lima, para a direção do prestigiado Diário de Notícias.
Perante este facto o Conselho de Redação decidiu emitiu um comunicado a lembrar " que não há memória, na História recente da imprensa portuguesa, de um assessor transitar directamente de um gabinete ministerial para as relevantes funçoes de director executivo de um dos mais prestigiados jornais portugueses".
No espaço de 15 dias Fernando Lima passa directamente de assessor de um ministro para director de um Jornal de referência.
Esta situação pode implicar a perda de independência do jornal face ao poder poder político e,sobretudo, em relação ao actual governo. Temo mesmo que a Berlusconização da imprensa chegou a portugal...Não há memória.
sexta-feira, outubro 24
Glória ao glorioso
Não podia deixar de dizer, que amanhã abrem as portas do mais bonito estádio do Mundo.
À nova Catedral da Luz só lhe faltam uns cardeais à altura.
À nova Catedral da Luz só lhe faltam uns cardeais à altura.
Na mó de baixo
Na questão da Moagem e do Casino, há um traço comum. Chama-se soberba. Agendar uma discussão pública para o mês de Agosto é mostrar que a discussão pública é para a CM do Fundão apenas um mero "pro-form", cuja validação assenta no puro marketing político e não no estímulo a uma cidadania activa e dinâmica, de que só beneficiaria a política autárquica, pois cobriria de maior legitimidade as suas opções.
No caso do Casino, parece que a CM do Fundão se mostrou incomodada com algumas críticas ao teor do "leonino" protocolo com os accionistas do Casino. Ou seja, quem não concorda com as opções dos iluminados autarcas é banido com a clássica manobra de diversão de quem não tem argumentos- acusando os críticos de maledicentes.
Desconfio que o recente editorial de Fernando Paulouro, a propósito dos idiotas úteis, constitui resposta suficiente para esses venerandos senhores, que parecem começar a descobrir em si próprios a fórmula química da última coca-cola do deserto.
Ora, convém relembrar, que a actual gestão autárquica aterrou num Concelho onde fazer um urinol público na Atalaia do Campo já é obra grande, merecedora de fanfarra, foguete e copo três com o Ministro, isto quando comparado com a desastrosa e preguiçosa política socialista no Concelho.
No deserto é fácil fazer brilhar um fontanário.
Mas, isso não significa que fiquemos embevecidos de chapéu na mão, agradecendo aos céus autárquicos cada vez que a CM do Fundão produza um pequeno "milagre".
Desconfio, que a CM do Fundão e os seus autarcas correm o risco de se deslumbrar com a obra feita (no caso, é mais com a obra por fazer), e se esqueçam que foi precisamente para a fazer que os elegemos.
Não estão, portanto a fazer-nos nenhum favor.
É bom que não se esqueçam disso, porque o tempo do bodo aos pobre já lá vai, e ninguém aqui está disponível para dar para esse peditório.
Mas, este é um tema a que vale a pena voltar.
PS1: Concordo com a generalidade dos comentários do Ricardo ao caso da moagem, apenas discordo com as referências mais jocosas ao desconhecido arquitecto. O facto de ser desconhecido, não significa que seja incompetente. Como nós sabemos, o talento não precisa de ser conhecido para ser talento.
No caso do Casino, parece que a CM do Fundão se mostrou incomodada com algumas críticas ao teor do "leonino" protocolo com os accionistas do Casino. Ou seja, quem não concorda com as opções dos iluminados autarcas é banido com a clássica manobra de diversão de quem não tem argumentos- acusando os críticos de maledicentes.
Desconfio que o recente editorial de Fernando Paulouro, a propósito dos idiotas úteis, constitui resposta suficiente para esses venerandos senhores, que parecem começar a descobrir em si próprios a fórmula química da última coca-cola do deserto.
Ora, convém relembrar, que a actual gestão autárquica aterrou num Concelho onde fazer um urinol público na Atalaia do Campo já é obra grande, merecedora de fanfarra, foguete e copo três com o Ministro, isto quando comparado com a desastrosa e preguiçosa política socialista no Concelho.
No deserto é fácil fazer brilhar um fontanário.
Mas, isso não significa que fiquemos embevecidos de chapéu na mão, agradecendo aos céus autárquicos cada vez que a CM do Fundão produza um pequeno "milagre".
Desconfio, que a CM do Fundão e os seus autarcas correm o risco de se deslumbrar com a obra feita (no caso, é mais com a obra por fazer), e se esqueçam que foi precisamente para a fazer que os elegemos.
Não estão, portanto a fazer-nos nenhum favor.
É bom que não se esqueçam disso, porque o tempo do bodo aos pobre já lá vai, e ninguém aqui está disponível para dar para esse peditório.
Mas, este é um tema a que vale a pena voltar.
PS1: Concordo com a generalidade dos comentários do Ricardo ao caso da moagem, apenas discordo com as referências mais jocosas ao desconhecido arquitecto. O facto de ser desconhecido, não significa que seja incompetente. Como nós sabemos, o talento não precisa de ser conhecido para ser talento.
Pura brilhantina política
Em tempos, quando era Ministro da Cultura, o sr. Manuel Maria, no tom jocoso que o caracteriza, acusou Marcelo Rebelo de Sousa (então líder da oposição) de ser - pura gelatina política. Esta semana, mais provas fossem necessárias, o sr. Manuel Maria revelou ser aquilo que há muito já dele se sabia - pura brilhantina política.
A carta aberta escrita aos militantes do PS, que o DN deu à estampa como se fosse um mero suplemento da "Acção Socialista", constitui um dos mais repugnantes gestos de oportunismo e cabotinismo da política portuguesa dos últimos tempos.
O que não é dizer pouco, sabendo nós como a Política à Portuguesa constitui terreno de estrume fácil.
Não está em causa o conteúdo pastoso da epistolar, que se limita a ser um trombone devidamente amplificado de uma súmula de opiniões de comentadores devidamente credenciados pela direita, para exercitarem tiro aos patos socialistas.
O óbvio da declaração de guerra à direcção do PS, é confrangedor pela sua vacuidade e previsibilidade. O Sr. Manuel Maria, como de costume, não acrescenta nada, não tem uma ideia própria, não tem um rasgo de originalidade. À laia de uma Selecção do Reader´s Digest, limita-se a reproduzir uma catadupa de argumentos que uma fileira extensa de comentadores haviam avançado muito antes dele.
Que foi um erro grosseiro o PS colar-se a um processo judicial contra um dos seus ilustres dirigentes, já todos o sabíamos; que o discurso da cabala política e das maquinações sombrias das forças das trevas é um deliruns tremens que só conduz ao abismo; isso também já todos sabíamos. Que Ferro Rodrigues é um líder a prazo de validade estragado; isso também não constitui novidade para ninguém.
O que o Sr. Manuel Maria se limitou a fazer, foi despejar um chorrilho de banalidades na primeira página de um jornal dito de referência, mas que se presta a favores alcoviteiros, cujo interesse, no limite, se esgota nos lençóis imundos do Largo do Rato.
O que o DN fez, foi dar a Manuel Maria o tempo e espaço para este delirante senhor se candidatar oficialmente a salvador da nação socialista.
Candidatura aliá pronunciada no dia seguinte a saír do Governo de António Guterres, momento a partir do qual se empenhou a desferir facadas nas costas dos seus antigos companheiros de Concelho de Ministros, com quem partilhou os destinos da Nação durante quatro anos, e donde saíu como se nunca lá tivesse sentado o peneirento traseiro.
O Dr. Manuel Maria Carrilho tem todas as qualidades que fazem a argamassa de um político de sucesso em Portugal: É imensamente vaidoso, tem uma esposa bonita e colunável, é desprovido de qualquer ideia para Portugal, é manhoso e mediático (por via matrimonial), já deu mostras de saber cultivar a arte da punhalada nas costas, é clinicamente desleal e desmeduradamente ambicioso.
Imensas qualidades para vingar na política portuguesa. Felizmente não é bonito, senão podia já mandar redecorar o Palácio de S. Bento. O Sr. Santana Lopes que se cuide, porque o Senhor Manuel Maria vai a caminho, e este sabe lutar com as mesmas armas.
Infelizmente há um travão para a carreira meteórica do Sr. Manuel Maria - são os militantes socialistas, que apesar de todos os defeitos, costumam gostar pouco de gente desleal. Mas isso são contas de outro rosário.
A carta aberta escrita aos militantes do PS, que o DN deu à estampa como se fosse um mero suplemento da "Acção Socialista", constitui um dos mais repugnantes gestos de oportunismo e cabotinismo da política portuguesa dos últimos tempos.
O que não é dizer pouco, sabendo nós como a Política à Portuguesa constitui terreno de estrume fácil.
Não está em causa o conteúdo pastoso da epistolar, que se limita a ser um trombone devidamente amplificado de uma súmula de opiniões de comentadores devidamente credenciados pela direita, para exercitarem tiro aos patos socialistas.
O óbvio da declaração de guerra à direcção do PS, é confrangedor pela sua vacuidade e previsibilidade. O Sr. Manuel Maria, como de costume, não acrescenta nada, não tem uma ideia própria, não tem um rasgo de originalidade. À laia de uma Selecção do Reader´s Digest, limita-se a reproduzir uma catadupa de argumentos que uma fileira extensa de comentadores haviam avançado muito antes dele.
Que foi um erro grosseiro o PS colar-se a um processo judicial contra um dos seus ilustres dirigentes, já todos o sabíamos; que o discurso da cabala política e das maquinações sombrias das forças das trevas é um deliruns tremens que só conduz ao abismo; isso também já todos sabíamos. Que Ferro Rodrigues é um líder a prazo de validade estragado; isso também não constitui novidade para ninguém.
O que o Sr. Manuel Maria se limitou a fazer, foi despejar um chorrilho de banalidades na primeira página de um jornal dito de referência, mas que se presta a favores alcoviteiros, cujo interesse, no limite, se esgota nos lençóis imundos do Largo do Rato.
O que o DN fez, foi dar a Manuel Maria o tempo e espaço para este delirante senhor se candidatar oficialmente a salvador da nação socialista.
Candidatura aliá pronunciada no dia seguinte a saír do Governo de António Guterres, momento a partir do qual se empenhou a desferir facadas nas costas dos seus antigos companheiros de Concelho de Ministros, com quem partilhou os destinos da Nação durante quatro anos, e donde saíu como se nunca lá tivesse sentado o peneirento traseiro.
O Dr. Manuel Maria Carrilho tem todas as qualidades que fazem a argamassa de um político de sucesso em Portugal: É imensamente vaidoso, tem uma esposa bonita e colunável, é desprovido de qualquer ideia para Portugal, é manhoso e mediático (por via matrimonial), já deu mostras de saber cultivar a arte da punhalada nas costas, é clinicamente desleal e desmeduradamente ambicioso.
Imensas qualidades para vingar na política portuguesa. Felizmente não é bonito, senão podia já mandar redecorar o Palácio de S. Bento. O Sr. Santana Lopes que se cuide, porque o Senhor Manuel Maria vai a caminho, e este sabe lutar com as mesmas armas.
Infelizmente há um travão para a carreira meteórica do Sr. Manuel Maria - são os militantes socialistas, que apesar de todos os defeitos, costumam gostar pouco de gente desleal. Mas isso são contas de outro rosário.
Enatanga
Não era preciso ser bruxo para adivinhar as consequências da privatização da Enatur- Pousadas de Portugal.
Menos seis meses depois do Estado ter anunciado que "Não tem vocação hoteleira", pela voz do secretário de Estado do Turismo, Miguel Relvas, os novos proprietários das Pousadas de Portugal anunciaram o encerramento das Pousadas do Caramulo e de Castelo do Bode.
Na linha de abate deste matadouro economicista estão também as Pousadas de Almeida e a Pousada de Monsanto.
As razões são as da costumeira cartilha de gestão merceeira - racionalização de custos.
Em causa estão dezenas de postos de trabalho em locais onde os postos de trabalho especializado não abundam. Em causa estão centros de dinâmica económica cujo impacto no tecido local importa não descurar. Em causa estão imóveis qualificados, símbolos da memória e da capacidade empreendedora de uma nação, que nos tempos modernos se ocupa mais em destruir do que a criar. Em causa está um património colectivo, que se manteve vivo com o esforço de requalificação e preservação para que todos os contribuintes, contribuiram.
Em causa está uma visão estratégica de um Turismo de qualidade, orientado para factores competitivos que não se esgotam nas praias atulhadas do Algarve, ou do putedo em Bragança.
Foi tudo isto que ficou em causa no dia em que o Estado, gongórico, anunciou não ter vocação hoteleira.
O Estado português não só não tem vocação hoteleira, desconhece-se-lhe qualquer vocação. Quando muito, amanha-se na negociata e ajeita-se no desenrascance orçamental. Para contribuir com uns maravedis para o pecúlio agiota da Ministra das Finanças, o Governo PSD/PP entregou de bandeja as Pousadas de Portugal para o altar do sacrifício economicista dos baronetes do lucro. Uma marca e uma identidade que levaram 20 anos a criar e a respeitar, estão agora a saque dos bandoleiros do lucro fácil, tudo com o beneplácito criminoso do actual Governo.
O interior fica mais pobre, o país fica mais pobre, e edifícios que fazem parte da nossa identidade nacional podem transformar-se em motéis pulguentos e rentáveis. Aqui ao lado, na vizinha Espanha, um Estado com múltiplas vocações, continua a investir numa magnífica rede de Paradores.
A história em Espanha vive em magníficos edificios, recuperados com o lucro gerado por uma rede de Paradores, onde o viajante pode pernoitar e gozar os sabores tradicionais e o descanso ancestral, a preços incomparavelmente mais acessíveis do que em Portugal. Definitivamente, Portugal tem um problema de vocação, perdidamente.
Menos seis meses depois do Estado ter anunciado que "Não tem vocação hoteleira", pela voz do secretário de Estado do Turismo, Miguel Relvas, os novos proprietários das Pousadas de Portugal anunciaram o encerramento das Pousadas do Caramulo e de Castelo do Bode.
Na linha de abate deste matadouro economicista estão também as Pousadas de Almeida e a Pousada de Monsanto.
As razões são as da costumeira cartilha de gestão merceeira - racionalização de custos.
Em causa estão dezenas de postos de trabalho em locais onde os postos de trabalho especializado não abundam. Em causa estão centros de dinâmica económica cujo impacto no tecido local importa não descurar. Em causa estão imóveis qualificados, símbolos da memória e da capacidade empreendedora de uma nação, que nos tempos modernos se ocupa mais em destruir do que a criar. Em causa está um património colectivo, que se manteve vivo com o esforço de requalificação e preservação para que todos os contribuintes, contribuiram.
Em causa está uma visão estratégica de um Turismo de qualidade, orientado para factores competitivos que não se esgotam nas praias atulhadas do Algarve, ou do putedo em Bragança.
Foi tudo isto que ficou em causa no dia em que o Estado, gongórico, anunciou não ter vocação hoteleira.
O Estado português não só não tem vocação hoteleira, desconhece-se-lhe qualquer vocação. Quando muito, amanha-se na negociata e ajeita-se no desenrascance orçamental. Para contribuir com uns maravedis para o pecúlio agiota da Ministra das Finanças, o Governo PSD/PP entregou de bandeja as Pousadas de Portugal para o altar do sacrifício economicista dos baronetes do lucro. Uma marca e uma identidade que levaram 20 anos a criar e a respeitar, estão agora a saque dos bandoleiros do lucro fácil, tudo com o beneplácito criminoso do actual Governo.
O interior fica mais pobre, o país fica mais pobre, e edifícios que fazem parte da nossa identidade nacional podem transformar-se em motéis pulguentos e rentáveis. Aqui ao lado, na vizinha Espanha, um Estado com múltiplas vocações, continua a investir numa magnífica rede de Paradores.
A história em Espanha vive em magníficos edificios, recuperados com o lucro gerado por uma rede de Paradores, onde o viajante pode pernoitar e gozar os sabores tradicionais e o descanso ancestral, a preços incomparavelmente mais acessíveis do que em Portugal. Definitivamente, Portugal tem um problema de vocação, perdidamente.
quinta-feira, outubro 23
Novela Juridica - Nesta casa não se pia
Parece que a Endemol a Ediberto Lima Produções e outras notáveis produtoras de telelixo estão numa corrida desenfreada para garantir os direitos televisivos daquela que será provavelmente a série bomba da próxima temporada, que promete arrasar em audiências os Ídolos, o Big Brother e os Malucos do Riso. Fontes geralmente mal desinformadas contacatadas pelo Granito, confirmaram que o formato inovador do novo programa atraíu a gula repentina dos homens do lixo da têbê.
Trata-se, segundo apurámos, de uma novela jurídica, mas com uma componente de reallity show que sintetizará ficção e realidade numa explosiva mistura de infortainement.
O original deste formato inovador foi concebido pelo Dr. Jorge Sampaio, e rapidamente aproveitado por alguns think thanks da nossa praça, desejosos de terem um veículo priviligiado para fazer chegar todo o seu chorrilho de ideias idiotas a todos os lares portugueses, que como se sabe são particularmente hospitaleiros à idiotice à hora certa.
O Prof. Freitas do Amaral, cujo pendor subitamente esquerdista da sua costela direita se revelou, foi já convidado para escrever o argumento deste novo seriado. Recorde-se que o fundador esquecido do CDS, é um dramaturgo de provas dadas, com a sua peça Viriato a caminho da Brodway para uma série de espectáculos pagos pela comunidade portuguesa de Newark.
Para o assessorar nos capítulos de tricas policiais e meandros do bas fond internacional foi garantido o contributo inestimável de Moita Flores, um chui passado a intelectual, mestre no suspense e nas teorias da constipação, autor da reconhecida tese anti-terrorista – Anti –Gripal, livro de consulta obrigatória para polícias de giro do mundo inteiro.
O conceito original, segundo fontes próximas da presidência, recupera o modelo ficcional da Balada de Hill Street e das Teias da Lei, com vasto recurso a câmaras ocultas e escutas, bem como depoimentos reais em video-conferência que cruzam o documentário e a realidade.
O enredo é baseado no caso pio, descrevendo as peripécies de um grupo de advogados de defesa, justiceiros e habilidosos, que tentam deslindar uma monumental maquinação política e uma cabala de tremendas proporções, montada por forças ocultas, financiadas pelas tríades asiáticas, com o vil objectivo de desagregar o estado de direito em Portugal, e assim se poderem estabelecer livremente no nosso país, adubando casinos, bordéis, e opiários com self service.
As personagens vãoo ser decalcadas da novela da vida real. O casting que decorre já, rodeado de enormes medidas de segurança e de um imenso secretismo, é conduzido por Teresa Guilherme, num local secreto, que segundo apuramos está instalado num bunker sob a piscina da Venda do Pinheiro.
De acordo com o jardineiro, responsável pela limpeza da piscina, que tem ouvidos de tísico e escuta tudo o que se passa sob a piscina, alguns dos personagens vão ser representados por eles próprios, dada a sua enorme experiência no meio televisivo - casos de Carlos Cruz, Herman José ou o advogado João Nabais (que muito consideram ser o novo Joaquim de Almeida dos tribunais portugueses). Mas há¡ também surpresas, casos de Paulo Pedroso, cujo talento melodramático não passou despercebido aos produtores do seriado.
Para já, está confirmado o nome de Alfredo Tropa na realização deste seriado, ele que tem créditos firmados na produção videográfica da RTP, e os nomes de Freitas do Amaral e Moita Flores como argumentista.
No elenco, as nossas fontes de orelha à coca, avançam já com a seguinte ficha técnica:
Sob o alto patrocínio da Presidência da República
A SIC/TVI apresentam
"Nesta casa não se pia"
Realização: Alfredo Tropa
Argumento: Freitas do Amaral, Moita Flores
Fotografia: Editor fotográfico do 24 Horas
Actores:
Carlos Cruz - ele mesmo
Jorge Ritto – Eládio Clímaco
Ferreira Diniz - o Barbas do Benfica
Hugo Marçal - António Banderas
João Nabais - ele mesmo
Serra Lopes - A filha disfarçada
a loura que anda sempre atrás do Nabais - Marisa Cruz
Paulo Pedroso - ele mesmo
Herman José - ele mesmo
José Miguel Júdice - Nuno Markl
Souto Moura - Luis Pereira de Sousa
Ferro Rodrigues - Manuel Joãoo dos Ena PÁ 2000
António Costa - Marco António del Carlo
Ana Gomes - Júlia Pinheiro
Juíz Rui Teixeira - Aquele carequinha que entra no Superpai
Juíz desembargador da relação - Tarzan Taborda
bófia 1 - Vítor Norte
bófia 2 - Vítor Norte sem bigode
bófia 3 - a ex-mulher do Vítor Norte
bófia 4 - a filha do Vítor Norte
bófia 5 - O Marco do Big Brother
Catalina Pestana - Luísa Castel Branco
Pedro Namora - Jorge Cadete
O Granja - o Zé Maria do Big Brother
o Chinoca da Tríade, que montou este esquema todo - Paulo China
o Ministro que passeia no Parque Eduardo Sétimo, disfarçado de Catherine Deneuve - Catherine Deneuve
A data de início da rodagem deste seriado ainda não está¡ definida, mas espera-se que seja incluída na nova grelha da SIC e TVI, assim estejam resolvidos alguns pormenores jurídicos com os contratos dos principais actores.
Edson Athayde, convidado para dirigir a campanha de lançamento já tem o slogan preparado: "Nesta Casa não se pia" - A novela do mundo jurídico que vai prender os portugueses ao ecrã, enquanto lá fora os criminosos se passeiam impunes.
Trata-se, segundo apurámos, de uma novela jurídica, mas com uma componente de reallity show que sintetizará ficção e realidade numa explosiva mistura de infortainement.
O original deste formato inovador foi concebido pelo Dr. Jorge Sampaio, e rapidamente aproveitado por alguns think thanks da nossa praça, desejosos de terem um veículo priviligiado para fazer chegar todo o seu chorrilho de ideias idiotas a todos os lares portugueses, que como se sabe são particularmente hospitaleiros à idiotice à hora certa.
O Prof. Freitas do Amaral, cujo pendor subitamente esquerdista da sua costela direita se revelou, foi já convidado para escrever o argumento deste novo seriado. Recorde-se que o fundador esquecido do CDS, é um dramaturgo de provas dadas, com a sua peça Viriato a caminho da Brodway para uma série de espectáculos pagos pela comunidade portuguesa de Newark.
Para o assessorar nos capítulos de tricas policiais e meandros do bas fond internacional foi garantido o contributo inestimável de Moita Flores, um chui passado a intelectual, mestre no suspense e nas teorias da constipação, autor da reconhecida tese anti-terrorista – Anti –Gripal, livro de consulta obrigatória para polícias de giro do mundo inteiro.
O conceito original, segundo fontes próximas da presidência, recupera o modelo ficcional da Balada de Hill Street e das Teias da Lei, com vasto recurso a câmaras ocultas e escutas, bem como depoimentos reais em video-conferência que cruzam o documentário e a realidade.
O enredo é baseado no caso pio, descrevendo as peripécies de um grupo de advogados de defesa, justiceiros e habilidosos, que tentam deslindar uma monumental maquinação política e uma cabala de tremendas proporções, montada por forças ocultas, financiadas pelas tríades asiáticas, com o vil objectivo de desagregar o estado de direito em Portugal, e assim se poderem estabelecer livremente no nosso país, adubando casinos, bordéis, e opiários com self service.
As personagens vãoo ser decalcadas da novela da vida real. O casting que decorre já, rodeado de enormes medidas de segurança e de um imenso secretismo, é conduzido por Teresa Guilherme, num local secreto, que segundo apuramos está instalado num bunker sob a piscina da Venda do Pinheiro.
De acordo com o jardineiro, responsável pela limpeza da piscina, que tem ouvidos de tísico e escuta tudo o que se passa sob a piscina, alguns dos personagens vão ser representados por eles próprios, dada a sua enorme experiência no meio televisivo - casos de Carlos Cruz, Herman José ou o advogado João Nabais (que muito consideram ser o novo Joaquim de Almeida dos tribunais portugueses). Mas há¡ também surpresas, casos de Paulo Pedroso, cujo talento melodramático não passou despercebido aos produtores do seriado.
Para já, está confirmado o nome de Alfredo Tropa na realização deste seriado, ele que tem créditos firmados na produção videográfica da RTP, e os nomes de Freitas do Amaral e Moita Flores como argumentista.
No elenco, as nossas fontes de orelha à coca, avançam já com a seguinte ficha técnica:
Sob o alto patrocínio da Presidência da República
A SIC/TVI apresentam
"Nesta casa não se pia"
Realização: Alfredo Tropa
Argumento: Freitas do Amaral, Moita Flores
Fotografia: Editor fotográfico do 24 Horas
Actores:
Carlos Cruz - ele mesmo
Jorge Ritto – Eládio Clímaco
Ferreira Diniz - o Barbas do Benfica
Hugo Marçal - António Banderas
João Nabais - ele mesmo
Serra Lopes - A filha disfarçada
a loura que anda sempre atrás do Nabais - Marisa Cruz
Paulo Pedroso - ele mesmo
Herman José - ele mesmo
José Miguel Júdice - Nuno Markl
Souto Moura - Luis Pereira de Sousa
Ferro Rodrigues - Manuel Joãoo dos Ena PÁ 2000
António Costa - Marco António del Carlo
Ana Gomes - Júlia Pinheiro
Juíz Rui Teixeira - Aquele carequinha que entra no Superpai
Juíz desembargador da relação - Tarzan Taborda
bófia 1 - Vítor Norte
bófia 2 - Vítor Norte sem bigode
bófia 3 - a ex-mulher do Vítor Norte
bófia 4 - a filha do Vítor Norte
bófia 5 - O Marco do Big Brother
Catalina Pestana - Luísa Castel Branco
Pedro Namora - Jorge Cadete
O Granja - o Zé Maria do Big Brother
o Chinoca da Tríade, que montou este esquema todo - Paulo China
o Ministro que passeia no Parque Eduardo Sétimo, disfarçado de Catherine Deneuve - Catherine Deneuve
A data de início da rodagem deste seriado ainda não está¡ definida, mas espera-se que seja incluída na nova grelha da SIC e TVI, assim estejam resolvidos alguns pormenores jurídicos com os contratos dos principais actores.
Edson Athayde, convidado para dirigir a campanha de lançamento já tem o slogan preparado: "Nesta Casa não se pia" - A novela do mundo jurídico que vai prender os portugueses ao ecrã, enquanto lá fora os criminosos se passeiam impunes.
Gralhada e novo pedreiro-livre
Peço desculpa pelo texto todo gralhado sobre a novela jurídica. mas o browser passou-se, conto recolocá-lo assim que for possível, mas a notícia mais importante desta pedreira-livre é a entrada em cena do camarada Ricardo, em estilo e em força. Como diria o Vasco, mais um escultor de primeira água. A coisa vai-se ccompondo. Às picaretas meus bravos.
Uma frase de Fialho d’Almeida—Doutor Demónio
Fialho d’Almeida escolheu como psedónimo o terrivel nome de Valentim Demónio. Em jornais de Lisboa assinou crónicas ásperas, onde zurziu os pulhas de todos os quadrantes ideológicos do seu tempo. A pena endiabrada leva-o a construir uma obra fragmentada, de contos e crónicas. Imortaliza-se em Os Gatos—crónicas publicadas em jornais de Lisboa entre 1889 e 1894 e mais tarde reunida em seis volumes.Também ele à sua maneira defeniu aquilo que deve conter a escrita. A frase escolhida fui encontra-la numa recente viagem ao alentejo, no Jazigo onde está enterrado em Cuba. Uma epígrafe com palavras gravadas a bronze onde dois gatos muito negros o guardam:
"Miar pouco, arranhar sempre e não calar nunca"
"Miar pouco, arranhar sempre e não calar nunca"
Moagem Triturada
Depois de o projecto da moagem ter estado em discussão pública durante o mês de Agosto a câmara municipal do Fundão prepara-se para cometer mais um atentado urbanístico contra a memória da cidade.
O mamarracho, da autoria do ilustre desconhecido Arq Miguel Correia, ao que tudo indica vai mesmo avançar. Sendo assim, a câmara municipal do Fundão acaba com todas as esperanças daqueles que um dia sonharam poder vir ali a nascer uma estrutura importante e necessária para a cidade. Um edíficio que ao nível arquitectónico seria único na região da Beira Interior.
A câmara do Fundão não o entendeu assim, e o projecto da Moagem rodou noutro sentido, a memória perdeu-se e o seu património foi destruido de uma forma que não se compreende. Se não vejamos:
Quando a câmara comprou a antiga moagem o imóvel, embora degradado, conservava dentro de si todo o espólio industrial do complexo industrial que polarizou as actividades económicas da cidade durante longas décadas. Sem se perceber muito bem como (aliás, agora depois de apresentado o projecto, percebe-se bem...) o facto da câmara ter comprado o edíficio abriu caminho aos martelos dos sucateiros que em poucos meses destruiram a memória da moagem.
David Carvalho escrevia no Jornal do Fundão de 30 de Maio de 2003. "E assim foi uma ala completamente destruída à força do martelo sem que nada nem ninguém o conseguisse evitar, tal a lancinante ambição de trocar o património por uns tostões de sucata. Ficaram os destroços do que não resistiu, um espectáculo de destruição em que até o soalho e as traves que o sustentavam foram partidas e deixadas ao pendurão na ânsia de arrancar á moagem aquilo que é a sua alma, as máquinas sem as quais aquele edifício não passará de um barracão de tijolos com cara de armazém."
É certeira a crítica do nosso amigo "Careca " quando afirma que sem as máquinas aquele edifício não passa de um armazém, pois a maquinaria da moagem constituia um valioso património de arqueologia industrial que a câmara do fundão deitou para o lixo.
A câmara encomenda por 13 mil contos!!! a um arquitecto desconhecido um projecto vital para cidade... Eu pergunto, será que a discussão pública não deveria ter acontecido antes de haver qualquer proposta para recuperação/destruição da Moagem?
Porque é preciso entender que a Moagem possui um conjunto de edifícios, com uma unidade muito estreita e forte.
Quando se projecta deitar abaixo parte das estruturas da Moagem, escolhe-se um caminho irreverssível, o que é sempre má política.
Acabo, deixando este aviso à navegação: um novo pavilhão multiusos vai nascer na antiga Moagem do Fundão, sem que se lhe conheça qualquer utilidade, com custos elevadíssimos de dinheiro que sai do nosso bolso.
A moagem continua a moer a memória dos fundanenses.
A câmara do Fundão com mais este projecto mostra que continua - Cega , Surda e Muda.
O mamarracho, da autoria do ilustre desconhecido Arq Miguel Correia, ao que tudo indica vai mesmo avançar. Sendo assim, a câmara municipal do Fundão acaba com todas as esperanças daqueles que um dia sonharam poder vir ali a nascer uma estrutura importante e necessária para a cidade. Um edíficio que ao nível arquitectónico seria único na região da Beira Interior.
A câmara do Fundão não o entendeu assim, e o projecto da Moagem rodou noutro sentido, a memória perdeu-se e o seu património foi destruido de uma forma que não se compreende. Se não vejamos:
Quando a câmara comprou a antiga moagem o imóvel, embora degradado, conservava dentro de si todo o espólio industrial do complexo industrial que polarizou as actividades económicas da cidade durante longas décadas. Sem se perceber muito bem como (aliás, agora depois de apresentado o projecto, percebe-se bem...) o facto da câmara ter comprado o edíficio abriu caminho aos martelos dos sucateiros que em poucos meses destruiram a memória da moagem.
David Carvalho escrevia no Jornal do Fundão de 30 de Maio de 2003. "E assim foi uma ala completamente destruída à força do martelo sem que nada nem ninguém o conseguisse evitar, tal a lancinante ambição de trocar o património por uns tostões de sucata. Ficaram os destroços do que não resistiu, um espectáculo de destruição em que até o soalho e as traves que o sustentavam foram partidas e deixadas ao pendurão na ânsia de arrancar á moagem aquilo que é a sua alma, as máquinas sem as quais aquele edifício não passará de um barracão de tijolos com cara de armazém."
É certeira a crítica do nosso amigo "Careca " quando afirma que sem as máquinas aquele edifício não passa de um armazém, pois a maquinaria da moagem constituia um valioso património de arqueologia industrial que a câmara do fundão deitou para o lixo.
A câmara encomenda por 13 mil contos!!! a um arquitecto desconhecido um projecto vital para cidade... Eu pergunto, será que a discussão pública não deveria ter acontecido antes de haver qualquer proposta para recuperação/destruição da Moagem?
Porque é preciso entender que a Moagem possui um conjunto de edifícios, com uma unidade muito estreita e forte.
Quando se projecta deitar abaixo parte das estruturas da Moagem, escolhe-se um caminho irreverssível, o que é sempre má política.
Acabo, deixando este aviso à navegação: um novo pavilhão multiusos vai nascer na antiga Moagem do Fundão, sem que se lhe conheça qualquer utilidade, com custos elevadíssimos de dinheiro que sai do nosso bolso.
A moagem continua a moer a memória dos fundanenses.
A câmara do Fundão com mais este projecto mostra que continua - Cega , Surda e Muda.
quarta-feira, outubro 22
Saramago do diabo
Está a caminho mais um livro de José Saramago. A nova obra do escritor, intitulada Ensaio sobre a lucidez, é lançada em Portugal em Abril do próximo ano. Saramago afirmou a jornalistas brasileiros que este novo livro irá causar "um escândalo dos diabos. Todos se sentirão implicados, tocados".
Para compor o ramalhete só falta mesmo o Sousa Lara regressar ao ministério da cultura.
Para compor o ramalhete só falta mesmo o Sousa Lara regressar ao ministério da cultura.
O céu
Nós, aqui pela Beira, rimo-nos muito daquele medo dos gauleses: que lhes caia o céu em cima das cabeças. Aqui, pelo menos, as serras ficam mais perto do céu do que as cabeças.
Aceitam-se propostas para moral desta história...
Bruno Ramos
Aceitam-se propostas para moral desta história...
Bruno Ramos
terça-feira, outubro 21
Dicionário de ideias feitas (II)
Viver é a coisa mais rara do mundo
- a maioria das pessoas apenas existe
Oscar Wilde
- a maioria das pessoas apenas existe
Oscar Wilde
segunda-feira, outubro 20
No pelotão da frente
O Jornal do Fundão noticiou que o distrito de Castelo Branco está entre os distritos do país onde os jovens mais experimentam drogas. Segundo o estudo efectuado pelo Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), no continente o distrito de Castelo Branco apenas é superado pelo distrito de Santarém.
Afinal, não somos últimos em tudo.
Afinal, não somos últimos em tudo.
Um número simbólico
Esta semana o número de soldados norte-americanos mortos no Iraque desde o fim oficial da guerra atingiu a barreira psicológica da centena. De forma dramática, também para os próprios norte-americanos, todos os dias alguns dos argumentos legitimadores da opção guerreira são desmistificados no terreno: a insegurança na região não só não diminuiu como, incluso, aumentou e o terrorismo internacional islâmico, inexistente nos tempos de Sadam, tem agora no Iraque um terreno fértil para crescer.
Uma forma de morte social
Foi noticiado, na semana passada, que a gestão da empresa da Nova Penteação, sedeada no concelho da Covilhã, vai ser assumida pelo empresario Paulo Oliveira. Este epílogo foi conseguido após um acordo com os sindicatos. O referido acordo(?) faz com que dos 460 trabalhadores da empresa apenas 100 vão voltar a laborar. Para os outros, o caminho é o desemprego. Numa região tão desertificada e deprimida, o resultado deste pseudo acordo é apenas e tão só catastrófico.
Perante este dramático contexto social, vem bem a propósito ler um texto de Bourdieu que a edição portuguesa do Le monde Diplomatique fez sair na edição do passado mês de Junho. Este texto do grande sociólogo francês, de título "O terrível descanso que é o da morte social", constitui um pequeno prefácio à edição francesa de um estudo, realizado em 1931 pelos investigadores Marie Jaboda e Hans Ziesel sob direcção de Paul Lazarsfeld, sobre os desempregados de Marienthal, uma pequena cidade austríaca cuja principal empresa tinha falido.
E o que diz Bourdieu? Segundo o francês, a etnografia propiciada pelos inquéritos elaborados aos desempregados referidos revela o sentimento de desespero, até de absurdo, que a todos eles se impõe. E isto porque se viram repentinamente privados não apenas de uma actividade e de um salário mas também de "uma razão de ser social". Perdido o quotidiano próprio de um trabalho (um "universo objectivo de incitações, e indicações que orientam e estimulam a acção e, desse modo, toda a vida social"), da sua função socialmente conhecida e reconhecida , as suas vidas perdem "um sentido". Parafraseando o Sérgio Godinho a vida de um trabalhador "é feita de pequenos nadas". Mas pequenos nadas bem importantes para a subjectividade do indivíduo trabalhador.
Mas Bourdieu remete a seguir para uma problemática extremamente interessante: a aparente irracionalidade das acções de indivíduos desempregados ou dos marginais da under-class. Para este autor, para viver no não-tempo em que nada acontece, "desapossados da ilusão vital de terem uma função ou uma missão", os desempregados podem a certa altura, para se sentirem existir, recorrer a actividades (como a lotaria ou os vários jogos) que permitem reintroduzir por um instante o "tempo finalizado que em si mesmo origina satisfação". Se virmos bem, este fenómeno pode ser observado na relação "doentia" e fanática que indivíduos em dificuldades económicas tremendas têm com os seus clubes de futebol.
No contexto das sociedades centrais do capitalismo as actividades de lazer têm cada vez uma maior centralidade social e mesmo económica. A função social das actividades de lazer será exactamente a ocupação deste não tempo e a necessidade desse tempo finalizado.
Perante este dramático contexto social, vem bem a propósito ler um texto de Bourdieu que a edição portuguesa do Le monde Diplomatique fez sair na edição do passado mês de Junho. Este texto do grande sociólogo francês, de título "O terrível descanso que é o da morte social", constitui um pequeno prefácio à edição francesa de um estudo, realizado em 1931 pelos investigadores Marie Jaboda e Hans Ziesel sob direcção de Paul Lazarsfeld, sobre os desempregados de Marienthal, uma pequena cidade austríaca cuja principal empresa tinha falido.
E o que diz Bourdieu? Segundo o francês, a etnografia propiciada pelos inquéritos elaborados aos desempregados referidos revela o sentimento de desespero, até de absurdo, que a todos eles se impõe. E isto porque se viram repentinamente privados não apenas de uma actividade e de um salário mas também de "uma razão de ser social". Perdido o quotidiano próprio de um trabalho (um "universo objectivo de incitações, e indicações que orientam e estimulam a acção e, desse modo, toda a vida social"), da sua função socialmente conhecida e reconhecida , as suas vidas perdem "um sentido". Parafraseando o Sérgio Godinho a vida de um trabalhador "é feita de pequenos nadas". Mas pequenos nadas bem importantes para a subjectividade do indivíduo trabalhador.
Mas Bourdieu remete a seguir para uma problemática extremamente interessante: a aparente irracionalidade das acções de indivíduos desempregados ou dos marginais da under-class. Para este autor, para viver no não-tempo em que nada acontece, "desapossados da ilusão vital de terem uma função ou uma missão", os desempregados podem a certa altura, para se sentirem existir, recorrer a actividades (como a lotaria ou os vários jogos) que permitem reintroduzir por um instante o "tempo finalizado que em si mesmo origina satisfação". Se virmos bem, este fenómeno pode ser observado na relação "doentia" e fanática que indivíduos em dificuldades económicas tremendas têm com os seus clubes de futebol.
No contexto das sociedades centrais do capitalismo as actividades de lazer têm cada vez uma maior centralidade social e mesmo económica. A função social das actividades de lazer será exactamente a ocupação deste não tempo e a necessidade desse tempo finalizado.
Bem vindo
Não posso deixar de manifestar a minha satisfação pela colaboração de mais um escultor de primeira água: o Bruno Ramos
Seja bem vindo.
Seja bem vindo.
Dicionário de Ideias Feitas
A honestidade é a melhor política.
Excepto para os políticos.
Excepto para os políticos.
Um dia menos que perfeito
- Não resisto a retirar este capote do baú das recordações, escrito há uns anos, pouco depois de todos termos perdido um amigo no Fundão, com dedicatória em post scriptum. Apesar de tudo, acho que continua actual, e lembrei-me dele depois do magnífico texto do Bruno.
País de risco ao meio
«País engravatado todo o ano
e a assoar-se na gravata por engano (...)
Já sabemos, país, que és um homenzinho (...)
País dos gigantones que passeiam
a importãncia e o papelão,
inaugurando esguichos no engonço
do gesto e do chavão.
E ainda há quem os ouça, quem os leia
lhes agradeça a fontanária ideia!»
Alexandre o`Neill «O País relativo»
Portugal é um país de risco ao meio.
De um lado cabeleira esguia, abrilhantada a shampô e gel, do outro a calvíce deserta.
Portugal é um país de risco ao meio.
Penteado a preceito para um lado, com traço de pente certeiro e rectílineo a dividir a abundância capilar, da careca franciscana.
A dividir o litoral do interior.
Portugal é o país da circunstância feita pompa, pompa de tomate «à la trompe l`oeil».
Portugal não é em frente, é para um dos lados.
O interior deserta-se, o litoral enfeita-se.
Os sem sobremesa
Como escrevia Ruy Belo, há os sem pão e os sem sobremesa.
O Euro 2004 volta a ser arroz doce servido em parca gamela para os groumets instalados da politiquice a quatro anos. Para o interior as côdeas, para o litoral o Circo.
A desertificação do interior, e o dramático envelhecimento das populações em vez de razões de combate, são rações de Mitra, pretextos de desinvestimento público.
Ao abrigo da velha lei de bronze inscrita na «tabuada do João Ratão», que os políticos escondem nas pesadas e ufanas pastas de couro - o investimento público concentra-se prioritariamente nos aglomerados populacionais. Que é como quem diz - concentra-se onde há mais gente a votar e a contentar. - Cava-se o abismo, perpetuam-se as diferenças. Abandonam-se as regiões pobres do nosso país à sua sorte, a parente pobre a visitar de jipe, com souvenirs da lojas dos 300 a encher o atrelado . Para lá respirar ar puro, ter uma quinta na Beira, um Monte no Alentejo, uma coutada para caçar em Trás-os-Montes.
Não tardará muito até que as aldeias do interior, sejam apenas poisos sazonais, reservas naturais para observar a rusticidade e a pureza rural do país que já foi nosso.
Será como nalgumas regiões da Alemanha, onde as aldeias são povoadas por «actores-figurantes» que recriam os usos e costumes da terra para gáudio a «flash» e «handicam» dos turistas japoneses de sorrisinho Nikon.
Em vez de faculdades de Medicina, fundem-se escolas de teatro no interior.
Porque dentro de pouco tempo haverá bem pouca gente para tratar, haverá apenas turistas para animar.
No Portugal-homenzinho que até chegou a presidente da Europa e até já descompõe os arrogantes austríacos, os jovens do interior continuam a deixar as suas terras, as suas aldeias, em busca de uma vida melhor, tal e qual faziam os seus pais quando Portugal era pequenino e pobrezinho.
Os incentivos à fixação de jovens no interior são remendos de meia-rota num país todo engravatado que se continua a assoar à gravata por engano. Num país de gente sisuda, mas pouco séria, que está casado com ele mesmo em regime de separação de bens.
Cresce e aparece ó País ! que quanto à careca, nem com restaurador Olex lá vais.
Cresce e aparece porque:
«A santa Paciência país, a tua padroeira,
já perde paciência à nossa cabeceira».
Agora vou-me à levedura de cerveja, para bebericar a espuma dos dias.
PS: «Such a perfect day, drinking sangria in the park» de Lou Reed será sempre «requiem por um amigo».
Num parque, num qualquer sítio beberemos um jarro de sangria, os dois, à espera de um dia perfeito.
Adeus Carvalho
País de risco ao meio
«País engravatado todo o ano
e a assoar-se na gravata por engano (...)
Já sabemos, país, que és um homenzinho (...)
País dos gigantones que passeiam
a importãncia e o papelão,
inaugurando esguichos no engonço
do gesto e do chavão.
E ainda há quem os ouça, quem os leia
lhes agradeça a fontanária ideia!»
Alexandre o`Neill «O País relativo»
Portugal é um país de risco ao meio.
De um lado cabeleira esguia, abrilhantada a shampô e gel, do outro a calvíce deserta.
Portugal é um país de risco ao meio.
Penteado a preceito para um lado, com traço de pente certeiro e rectílineo a dividir a abundância capilar, da careca franciscana.
A dividir o litoral do interior.
Portugal é o país da circunstância feita pompa, pompa de tomate «à la trompe l`oeil».
Portugal não é em frente, é para um dos lados.
O interior deserta-se, o litoral enfeita-se.
Os sem sobremesa
Como escrevia Ruy Belo, há os sem pão e os sem sobremesa.
O Euro 2004 volta a ser arroz doce servido em parca gamela para os groumets instalados da politiquice a quatro anos. Para o interior as côdeas, para o litoral o Circo.
A desertificação do interior, e o dramático envelhecimento das populações em vez de razões de combate, são rações de Mitra, pretextos de desinvestimento público.
Ao abrigo da velha lei de bronze inscrita na «tabuada do João Ratão», que os políticos escondem nas pesadas e ufanas pastas de couro - o investimento público concentra-se prioritariamente nos aglomerados populacionais. Que é como quem diz - concentra-se onde há mais gente a votar e a contentar. - Cava-se o abismo, perpetuam-se as diferenças. Abandonam-se as regiões pobres do nosso país à sua sorte, a parente pobre a visitar de jipe, com souvenirs da lojas dos 300 a encher o atrelado . Para lá respirar ar puro, ter uma quinta na Beira, um Monte no Alentejo, uma coutada para caçar em Trás-os-Montes.
Não tardará muito até que as aldeias do interior, sejam apenas poisos sazonais, reservas naturais para observar a rusticidade e a pureza rural do país que já foi nosso.
Será como nalgumas regiões da Alemanha, onde as aldeias são povoadas por «actores-figurantes» que recriam os usos e costumes da terra para gáudio a «flash» e «handicam» dos turistas japoneses de sorrisinho Nikon.
Em vez de faculdades de Medicina, fundem-se escolas de teatro no interior.
Porque dentro de pouco tempo haverá bem pouca gente para tratar, haverá apenas turistas para animar.
No Portugal-homenzinho que até chegou a presidente da Europa e até já descompõe os arrogantes austríacos, os jovens do interior continuam a deixar as suas terras, as suas aldeias, em busca de uma vida melhor, tal e qual faziam os seus pais quando Portugal era pequenino e pobrezinho.
Os incentivos à fixação de jovens no interior são remendos de meia-rota num país todo engravatado que se continua a assoar à gravata por engano. Num país de gente sisuda, mas pouco séria, que está casado com ele mesmo em regime de separação de bens.
Cresce e aparece ó País ! que quanto à careca, nem com restaurador Olex lá vais.
Cresce e aparece porque:
«A santa Paciência país, a tua padroeira,
já perde paciência à nossa cabeceira».
Agora vou-me à levedura de cerveja, para bebericar a espuma dos dias.
PS: «Such a perfect day, drinking sangria in the park» de Lou Reed será sempre «requiem por um amigo».
Num parque, num qualquer sítio beberemos um jarro de sangria, os dois, à espera de um dia perfeito.
Adeus Carvalho
É preciso ter Palma
Para começar a semana é preciso ter Palma, não dar o corpo pela alma:
Tempo dos assassinos
Porque abomino o trabalho
Se trabalhasse estava em greve
Se isto não te disser tudo
Arranja-me um momento mudo
O menos possível breve
Ou
Espécie de Vampiro
Eu não sou quem tu desejas
Eu não sou aquele que beijas
Sou um mero pesadelo ou fantasia
Eu sou muito mais que velho
E intimido qualquer espelho
Sou o amigo mais funesto da poesia
Sou um tipo de morcego
Que é completamente cego
Embora, às vezes, seja fã do Fritz Lang
Sou uma espécie de vampiro
E quando sobre ti me atiro
É para saborear um pouco do teu sangue
Só para beber gota a gota o teu sangue
Tu não sabes de onde venho
Dás conversa a qualquer estranho
Ainda vais beijar-me os lábios docemente
Não confias nos teus pais
E acreditas que os jornais
Só relatam a verdade doutra gente
Sou um tipo de morcego
Que é completamente cego
Embora, às vezes, seja fã do Fritz Lang
Sou uma espécie de vampiro
E quando sobre ti me atiro
É para saborear um pouco do teu sangue
Só para beber gota a gota o teu sangue
É para saborear
Um pouco do teu sangue
Só para beber
Gota a gota do teu sangue
É só para beber
Gota a gota do teu sangue
Como dizia o Jorge Palma, o trovador urbano por excelência:
Há quem evite as pedras que o destino arremessa
Isto e muito mais em Palmaníacos-depressivos. Um pouco de Palma meus senhores.
Tempo dos assassinos
Porque abomino o trabalho
Se trabalhasse estava em greve
Se isto não te disser tudo
Arranja-me um momento mudo
O menos possível breve
Ou
Espécie de Vampiro
Eu não sou quem tu desejas
Eu não sou aquele que beijas
Sou um mero pesadelo ou fantasia
Eu sou muito mais que velho
E intimido qualquer espelho
Sou o amigo mais funesto da poesia
Sou um tipo de morcego
Que é completamente cego
Embora, às vezes, seja fã do Fritz Lang
Sou uma espécie de vampiro
E quando sobre ti me atiro
É para saborear um pouco do teu sangue
Só para beber gota a gota o teu sangue
Tu não sabes de onde venho
Dás conversa a qualquer estranho
Ainda vais beijar-me os lábios docemente
Não confias nos teus pais
E acreditas que os jornais
Só relatam a verdade doutra gente
Sou um tipo de morcego
Que é completamente cego
Embora, às vezes, seja fã do Fritz Lang
Sou uma espécie de vampiro
E quando sobre ti me atiro
É para saborear um pouco do teu sangue
Só para beber gota a gota o teu sangue
É para saborear
Um pouco do teu sangue
Só para beber
Gota a gota do teu sangue
É só para beber
Gota a gota do teu sangue
Como dizia o Jorge Palma, o trovador urbano por excelência:
Há quem evite as pedras que o destino arremessa
Isto e muito mais em Palmaníacos-depressivos. Um pouco de Palma meus senhores.
domingo, outubro 19
O país da risca ao meio
Este é o país da risca ao meio. De norte a sul o cinzel da história, e de todos os condicionalismos, gravou indelévelmente uma linha fina a meio do país que só se dilui quando encontra o Algarve. Daí para cima temos um Portugal dobrado ao meio. São duas faces que se desconhecem, com os olhos postos em horizontes diferentes.
De um lado o mar e todo o fado de um povo carente do império. A obstinação das cidades grandes e do seu hipnótico canto, que chama à sua voragem magotes de gente, sejam eles pobres camponeses do país profundo ou emigrantes de leste profundamente pobres.
Do outro lado, o crescimento disfuncional da história e das regiões, o isolamento capaz de criar assimetrias demoníacas mas também de preservar o belo. E é deste lado da linha que está o país do deslumbramento, escondido nas serras e nas paisagens do interior. Longe do alcatrão, fechado num tempo sincero e povoado por gente de feitio escarpado como a paisagem que a circunda. Desconfiados ao primeiro contacto, logo se abrem num sorriso amigo quando dizemos que vimos por bem. Lá, Portugal ainda está intacto como quando o mando da terra marcava o tempo das gentes. E sente-se esse silêncio nas pessoas como que a escutá-la. É também o silêncio pesado da fuga dos que foram em busca de vida menos madrasta e da culpa atirada para as costas dos que ficaram.
Atravessar essas duas realidades só se faz de peito aberto e com uma improvável capacidade de deslumbramento na bagagem. Imagine-se, atravessar a essência do país em apenas duas horas e meia! Depois de deixar para trás o vislumbre do que ainda somos lá no interior, chegar volvidos somente 300km à meca de tudo o que queremos vir a ser: Lisboa, essa cidade branca e de rio largo. Cidade de Babel, das vielas castiças às 1001 noites a diferença está somente nos odores, porque de mística e exótica tem a alma. E, para mim, são dois fluidos num mesmo sangue. O interior e as cidades estão-me nos gestos, na afabilidade, nessa herança comum em que somos enlevados desde crianças: a língua materna. Falamos a mesma língua. Viémos do mesmo pó mas não nos conhecemos.
Eu senti isso na pele, achava que considerar-me mais sensível do que a maioria ao silêncio do país profundo e à sua beleza era ter cada um dos pés mergulhado nessas raízes gémeas. Pensava que fugir por estradas secundárias e caminhos rurais de fim-de-semana sempre que o barulho de Lisboa se tornava insuportável, bastava para ter na boca o sabor do feno e nos olhos a compreensão da distância. O resultado até nem foi mau: a presunção lançou-me para o interior desafiando-me a viver à sua altura- água-benta é que ainda não tenho muita!
O que verdadeiramente ganhei foi voltar a sentir a mudança das estações sem perder a cidade. Sou um urbano no interior e um aldeão na capital. Gosto de ver o sol pôr-se por detrás de uma serra violácea de tanta urze e de vê-lo da varanda de uma discoteca nascer sobre o Tejo. Sei o que é um computador portátil, um telemóvel e um memorybird mas também sei o que é um arado, um aceiro e a cresta. Sei o que é um anti-vírus mas também sei que parasitas enfermam as aldeias. E o desconhecimento é o mais vil de todos. É ele que comanda o silêncio que vem de cada um dos lados da linha, esse fosso cavado até ao abismo pela tremenda ignorância de dois países que só se encontram na histeria dos telejornais.
O que falta é acordar dessa ausência mútua. O torpor imposto pelo discurso fatalista do sub-desenvolvimento rural é feito na mesma língua dos que gritam a inevitabilidade das cidades. Só estando num e noutro lado se percebe como a nascente é comum. No fundo, somos todos nós.
Bruno Ramos
De um lado o mar e todo o fado de um povo carente do império. A obstinação das cidades grandes e do seu hipnótico canto, que chama à sua voragem magotes de gente, sejam eles pobres camponeses do país profundo ou emigrantes de leste profundamente pobres.
Do outro lado, o crescimento disfuncional da história e das regiões, o isolamento capaz de criar assimetrias demoníacas mas também de preservar o belo. E é deste lado da linha que está o país do deslumbramento, escondido nas serras e nas paisagens do interior. Longe do alcatrão, fechado num tempo sincero e povoado por gente de feitio escarpado como a paisagem que a circunda. Desconfiados ao primeiro contacto, logo se abrem num sorriso amigo quando dizemos que vimos por bem. Lá, Portugal ainda está intacto como quando o mando da terra marcava o tempo das gentes. E sente-se esse silêncio nas pessoas como que a escutá-la. É também o silêncio pesado da fuga dos que foram em busca de vida menos madrasta e da culpa atirada para as costas dos que ficaram.
Atravessar essas duas realidades só se faz de peito aberto e com uma improvável capacidade de deslumbramento na bagagem. Imagine-se, atravessar a essência do país em apenas duas horas e meia! Depois de deixar para trás o vislumbre do que ainda somos lá no interior, chegar volvidos somente 300km à meca de tudo o que queremos vir a ser: Lisboa, essa cidade branca e de rio largo. Cidade de Babel, das vielas castiças às 1001 noites a diferença está somente nos odores, porque de mística e exótica tem a alma. E, para mim, são dois fluidos num mesmo sangue. O interior e as cidades estão-me nos gestos, na afabilidade, nessa herança comum em que somos enlevados desde crianças: a língua materna. Falamos a mesma língua. Viémos do mesmo pó mas não nos conhecemos.
Eu senti isso na pele, achava que considerar-me mais sensível do que a maioria ao silêncio do país profundo e à sua beleza era ter cada um dos pés mergulhado nessas raízes gémeas. Pensava que fugir por estradas secundárias e caminhos rurais de fim-de-semana sempre que o barulho de Lisboa se tornava insuportável, bastava para ter na boca o sabor do feno e nos olhos a compreensão da distância. O resultado até nem foi mau: a presunção lançou-me para o interior desafiando-me a viver à sua altura- água-benta é que ainda não tenho muita!
O que verdadeiramente ganhei foi voltar a sentir a mudança das estações sem perder a cidade. Sou um urbano no interior e um aldeão na capital. Gosto de ver o sol pôr-se por detrás de uma serra violácea de tanta urze e de vê-lo da varanda de uma discoteca nascer sobre o Tejo. Sei o que é um computador portátil, um telemóvel e um memorybird mas também sei o que é um arado, um aceiro e a cresta. Sei o que é um anti-vírus mas também sei que parasitas enfermam as aldeias. E o desconhecimento é o mais vil de todos. É ele que comanda o silêncio que vem de cada um dos lados da linha, esse fosso cavado até ao abismo pela tremenda ignorância de dois países que só se encontram na histeria dos telejornais.
O que falta é acordar dessa ausência mútua. O torpor imposto pelo discurso fatalista do sub-desenvolvimento rural é feito na mesma língua dos que gritam a inevitabilidade das cidades. Só estando num e noutro lado se percebe como a nascente é comum. No fundo, somos todos nós.
Bruno Ramos
sexta-feira, outubro 17
Partir pedra
Isto é uma comunicação interna entre esta irmandade de pedreiros-livres que somos. Em primeiro lugar, aplauso de pé para as excelentes picaretadas do camarada Vasco, a partir pedra em estilo e em força. Os outros convivas é que andam mais para o género murchinhos, sem darem um pio de sua graça. Vamos lá rapaziada às picaretas. Aguarda-se a qualquer momento o finíssimo cunho e escropo do Bruno Ramos, um escultor de granito de primeira. O sô Tall e o Ricardo que metam mãos à obra, antes que levem dois estaladões, que pedirei ao Vasco para dar em meu nome.
Agradece-se também que algum dos senhores faça chegar um convitezinho ao Salvado que eu não tenho o e-mail. Já propus o Souto como garimpeiro, caso ninguém tenha nada a objectar. Sempre é a beira na perspectiva da borboleta.
A pedrada é um direito e uma liberdade, por isso agradecem-se mais sugestões para convidados. Julgo que um lote seleccionado de dez compinchas da escrita seria número mais do que suficiente para dar vidinha ao granito, mais já seria confusão. A condição essencial é a ligação à Beira, nem que seja espiritual, o resto é conversa (da treta, de preferência).
Lanço também o desafio para descobrirem os softwares (estão fora do blogue) que permitam colocar comentários, links e fotografias. Se for preciso pagar alguma coisa digam como é, que depois quotizamo-nos (não há-de ser uma fortuna).
Se o conseguirmos fazer, podemos desafiar o Zina e sus muchachos para abrilhantarem este blogue.
Sugiro também criarmos uma conta de e-mail do granito, tipo - granito@sapo.pt, e que a password e o username fosse facultado a toda nós. Poderíamos colocar o endereço em destaque no blogue, para as pessoas nos poderem encher a cabeça e maldizer. Mais uma vez não sei como é que se coloca o endereço em sítio visível.
Persiste o problema com a frase do Cardoso Pires, que fica toda gralhada sempre que editamos o blogue. O que eu tenho feito é ido aos settings no final de cada "jornada" e corrigido à mão, clicando depois save changes, e por fim Publish. O ideal é toda a gente perder um tempinho a explorar as potencialidade do blogue para o ter mais limpinho, apresentável e lavadinho por baixo. Nessa altura, podemos passar à fase seguinte que é a divulgação. Mas isso, para já, é colocar a carroça à frente dos bois.
Vá lá mandem postais
abracinhos deste vosso pedreiro-livre - Rui Pelejão
Agradece-se também que algum dos senhores faça chegar um convitezinho ao Salvado que eu não tenho o e-mail. Já propus o Souto como garimpeiro, caso ninguém tenha nada a objectar. Sempre é a beira na perspectiva da borboleta.
A pedrada é um direito e uma liberdade, por isso agradecem-se mais sugestões para convidados. Julgo que um lote seleccionado de dez compinchas da escrita seria número mais do que suficiente para dar vidinha ao granito, mais já seria confusão. A condição essencial é a ligação à Beira, nem que seja espiritual, o resto é conversa (da treta, de preferência).
Lanço também o desafio para descobrirem os softwares (estão fora do blogue) que permitam colocar comentários, links e fotografias. Se for preciso pagar alguma coisa digam como é, que depois quotizamo-nos (não há-de ser uma fortuna).
Se o conseguirmos fazer, podemos desafiar o Zina e sus muchachos para abrilhantarem este blogue.
Sugiro também criarmos uma conta de e-mail do granito, tipo - granito@sapo.pt, e que a password e o username fosse facultado a toda nós. Poderíamos colocar o endereço em destaque no blogue, para as pessoas nos poderem encher a cabeça e maldizer. Mais uma vez não sei como é que se coloca o endereço em sítio visível.
Persiste o problema com a frase do Cardoso Pires, que fica toda gralhada sempre que editamos o blogue. O que eu tenho feito é ido aos settings no final de cada "jornada" e corrigido à mão, clicando depois save changes, e por fim Publish. O ideal é toda a gente perder um tempinho a explorar as potencialidade do blogue para o ter mais limpinho, apresentável e lavadinho por baixo. Nessa altura, podemos passar à fase seguinte que é a divulgação. Mas isso, para já, é colocar a carroça à frente dos bois.
Vá lá mandem postais
abracinhos deste vosso pedreiro-livre - Rui Pelejão
Putas e vinho verde
Pela segunda vez na história, desde os nossos egrégios avós, Portugal estampou-se na capa da "Time".
A mais globalizante, maçadora e universal das revistas americanas, decidiu por duas vezes colocar as fuças de Portugal na fronha.
A primeira foi com o monóculo do Spínola e de um cravo numa G-3, a propósito da Revolução dos cravos. Quase 30 anos depois, nada mais de interessante se passou neste pardieiro à beira mar plantado. Nada mais, até que os intrépidos repórteres americanos descobriram que havia putas em Bragança.
The New Red District como título, uma meretriz brasileira em chiaroscuro, com uma igreja e o pelourinho ao fundo, numa construção cénica a evocar uma Pietá do Putedo.
A reportagem, frondosa em jactâncias e ejaculações precoces, tem no entanto, o mérito de ter feito mais pela promoção internacional do nosso País do que qualquer Expo-98, Euro 2004, ou outras trapalhadas obristas do género.
Bragança passou a estar no centro das atenções mundiais, com um brilhozinho vermelho que assinala o terreno próprio das casas de mercantilismo da carne. Por deliciosa ironia do destino, na mesma edição da Time, uma página dupla de publicidade anunciava com pompa e circunstância o Euro 2004.
Por cá foi um reboliço, um ai jesus, com governantes abespinhados, a ameaçar cortar a publicidade à Time, com o mesmo timbre mandão com que tutelam a subsidiodependência com que estão habituados a sustentar o favor e a alcovitice da imprensa caseira. Que pequenez de espírito, que provincianismo bacoco.
Então não vêm os senhores que nos desgovernam, que esta constitui uma excelente oportunidade para atrair o investimento externo - em grandes franchisings de bordéis pelo País inteiro. E, para atrair hordas de rebarbados turistas sexuais aos encantos dos montes de Vénus, que se podem espalhar pelo País inteiro.
Esta, meus senhores, constitui uma oportunidade histórica para salvar o interior que se sume de gente. À maneira de D. Sancho, repovoemos as aldeias perdidas de Portugal.
Repovoemos as aldeias com putas - brasileiras, moldavas, romenas, colombianas, marroquinas.
Vamos a isso, fechem-se as fábricas a cadeado, arrumem-se as alfaias agrícolas, mãos à obra - vamos povoar o interior de bordéis. Liberalize-se a jogatana, cultive-seo adultério generalizado, escoemos a produção vinícola jorrando o tinto, autorizem-se as drogas. Vamos fazer do interior de Portugal o Paraíso Sexual da Europa. Em vez de gastarmos o dinheiro em estádios, que ficarão às moscas, e na promoção do Euro 2004, gaste-se a cheta em putas, em putas e vinho verde - que essa sim é a nossa verdadeira vocação atlântica.
Já estou a imaginar uma grande campanha de promoção da imagem de Portugal patrocinada pelo ICEP, com o sr. Cadilhe de máquina de calcular em punho a somar a nota preta que as máfias internacionais vão enterrar nos depauperados cofrinhos da Ministra Leitosa.
Eu dou já uma ideia para um solgan vencedor, à laia do Euro 2004, que diz que em Portugal o melhor tempo é o do prolongamento. O slogan seria - "Em Portugal, o melhor são os preliminares. Venha-se em Portugal, terra de Putas e vinho verde".
A mais globalizante, maçadora e universal das revistas americanas, decidiu por duas vezes colocar as fuças de Portugal na fronha.
A primeira foi com o monóculo do Spínola e de um cravo numa G-3, a propósito da Revolução dos cravos. Quase 30 anos depois, nada mais de interessante se passou neste pardieiro à beira mar plantado. Nada mais, até que os intrépidos repórteres americanos descobriram que havia putas em Bragança.
The New Red District como título, uma meretriz brasileira em chiaroscuro, com uma igreja e o pelourinho ao fundo, numa construção cénica a evocar uma Pietá do Putedo.
A reportagem, frondosa em jactâncias e ejaculações precoces, tem no entanto, o mérito de ter feito mais pela promoção internacional do nosso País do que qualquer Expo-98, Euro 2004, ou outras trapalhadas obristas do género.
Bragança passou a estar no centro das atenções mundiais, com um brilhozinho vermelho que assinala o terreno próprio das casas de mercantilismo da carne. Por deliciosa ironia do destino, na mesma edição da Time, uma página dupla de publicidade anunciava com pompa e circunstância o Euro 2004.
Por cá foi um reboliço, um ai jesus, com governantes abespinhados, a ameaçar cortar a publicidade à Time, com o mesmo timbre mandão com que tutelam a subsidiodependência com que estão habituados a sustentar o favor e a alcovitice da imprensa caseira. Que pequenez de espírito, que provincianismo bacoco.
Então não vêm os senhores que nos desgovernam, que esta constitui uma excelente oportunidade para atrair o investimento externo - em grandes franchisings de bordéis pelo País inteiro. E, para atrair hordas de rebarbados turistas sexuais aos encantos dos montes de Vénus, que se podem espalhar pelo País inteiro.
Esta, meus senhores, constitui uma oportunidade histórica para salvar o interior que se sume de gente. À maneira de D. Sancho, repovoemos as aldeias perdidas de Portugal.
Repovoemos as aldeias com putas - brasileiras, moldavas, romenas, colombianas, marroquinas.
Vamos a isso, fechem-se as fábricas a cadeado, arrumem-se as alfaias agrícolas, mãos à obra - vamos povoar o interior de bordéis. Liberalize-se a jogatana, cultive-seo adultério generalizado, escoemos a produção vinícola jorrando o tinto, autorizem-se as drogas. Vamos fazer do interior de Portugal o Paraíso Sexual da Europa. Em vez de gastarmos o dinheiro em estádios, que ficarão às moscas, e na promoção do Euro 2004, gaste-se a cheta em putas, em putas e vinho verde - que essa sim é a nossa verdadeira vocação atlântica.
Já estou a imaginar uma grande campanha de promoção da imagem de Portugal patrocinada pelo ICEP, com o sr. Cadilhe de máquina de calcular em punho a somar a nota preta que as máfias internacionais vão enterrar nos depauperados cofrinhos da Ministra Leitosa.
Eu dou já uma ideia para um solgan vencedor, à laia do Euro 2004, que diz que em Portugal o melhor tempo é o do prolongamento. O slogan seria - "Em Portugal, o melhor são os preliminares. Venha-se em Portugal, terra de Putas e vinho verde".
quinta-feira, outubro 16
É obra
Realiza-se, por estes dias, a nona edição do CineEco, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela. Das mais de trezentas obras que se inscreveram a concurso, foram seleccionadas para exibição cerca de uma centena. São cerca de quarenta as nacionalidades representadas. Entre secções paralelas, obras a concurso e obras seleccionadas para exibição, a oferta cinematográfica é mais que muita. Seia está, assim, a desfrutar de uma oportunidade rara. É que, como se sabe, um festival de cinema no interior é sempre um acontecimento invulgar. Eu diria mesmo, invulgaríssimo. Ainda por cima, quase a comemorar uma década de existência. É obra.
Uma verdade trágica
"Outono em Pequim", do escritor francês Boris Vian, é o mais recente livro da colecção Mil Folhas, promovida pelo Público. No interior do jornal, o artigo que faz a apresentação do conhecido romance termina com a deliciosa citação de um desabafo do escritor de "A espuma dos dias":
"Tentei contar às pessoas umas histórias que elas nunca tivessem ouvido contar. Parvoíce pura, parvoíce dupla - só gostam do que já conhecem."
Ontem como hoje, uma verdade trágica.
"Tentei contar às pessoas umas histórias que elas nunca tivessem ouvido contar. Parvoíce pura, parvoíce dupla - só gostam do que já conhecem."
Ontem como hoje, uma verdade trágica.
sexta-feira, outubro 10
As novas velhas promessas
Aqui há tempos foi divulgado mais um estudo, desta feita encomendado pelo governo, que faz o retrato deste país a várias velocidades (sim, não é só na Europa). O documento, coordenado pelo prof. Daniel Bessa, identifíca problemas e (supostas) soluções para as chamadas "regiões desfavorecidas". Como, fatalmente, não podia deixar de ser, a Beira Interior é uma das regiões contempladas. Ainda por cima, para esta região as soluções propostas são as mais especifícas: o Regadio da Cova da Beira, o PARKURBIS ou a aposta na marca Serra da Estrela. Se o diagnóstico era fácil de imaginar, já as soluções apresentadas surpreendem pela sua imprevisível previsibilidade. Este paradoxal sentimento justifica-se pelas "barbas brancas" de algumas destas soluções. Perante tão velhas promessas, a lógica de desinvestimento público deste governo e a obsseção com o "estúpido" défice, as garantias dadas pelo primeiro-ministro soam a piedosa conversa de circunstância.
Um sopro de Neruda
" Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro ao invés do
branco e os pingos nos iis a um redemoinho de emoções, exactamente o que
resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem
não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho.
Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir
conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não
encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da
chuva incessante.
Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, nunca
pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos.
Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade."
Pablo Neruda
PS: Dá que pensar, ou não ?
Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro ao invés do
branco e os pingos nos iis a um redemoinho de emoções, exactamente o que
resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem
não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho.
Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir
conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não
encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da
chuva incessante.
Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, nunca
pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos.
Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade."
Pablo Neruda
PS: Dá que pensar, ou não ?
C`um padreco!
Fazendo jus e homilia à padraria, fica um breviário ateu, para tomar com hóstia e vinho.
BREVIÁRIO ATEU
Crítica da Razão ... Pura ?
Um bom cristão é aquele que reza sem razão,
À imagem de um Deus pouco razoável
O pesadelo da criação
O Homem sonha a obra nasce !
Desgraçadamente,
Deus teve pesadelos
na hora da criação.
Marketing do Inferno
Se Deus existe ?
não sei.
Mas o Diabo tem dado provas concludentes
Talvez tenha um marketing mais agressivo
Sapataria Celestial
Ad majorem Dei Gloriam
Para maior glória de Deus
O pescador continua de sandálias,
O cardeal de botins finos
Há castos saldos
Na sapataria celestial
Deus ex machina ?
Para resolver o problema da tragédia
Prefiro o elevador
Chocolate Jesus
Deus criou o chocolate,
Mas depois criou o Homem,
e com Ele a amargura
O chocolate amargo é obra divina
...De divina comédia
A Mão de Deus
Se Deus quiser fazer uma limonada
basta-lhe espremer o Mundo
e bebê-lo, com gelo
numa esplanada
o problema dos citrinos
é a azia que criam
nos estômagos divinos
Nas Mãos de Deus
A mão de Deus
é um punho cerrado
o martelo
a sua lei divina
e a morte,
sua mensageira,
usa a foice,
como fiel ceifeira.
BREVIÁRIO ATEU
Crítica da Razão ... Pura ?
Um bom cristão é aquele que reza sem razão,
À imagem de um Deus pouco razoável
O pesadelo da criação
O Homem sonha a obra nasce !
Desgraçadamente,
Deus teve pesadelos
na hora da criação.
Marketing do Inferno
Se Deus existe ?
não sei.
Mas o Diabo tem dado provas concludentes
Talvez tenha um marketing mais agressivo
Sapataria Celestial
Ad majorem Dei Gloriam
Para maior glória de Deus
O pescador continua de sandálias,
O cardeal de botins finos
Há castos saldos
Na sapataria celestial
Deus ex machina ?
Para resolver o problema da tragédia
Prefiro o elevador
Chocolate Jesus
Deus criou o chocolate,
Mas depois criou o Homem,
e com Ele a amargura
O chocolate amargo é obra divina
...De divina comédia
A Mão de Deus
Se Deus quiser fazer uma limonada
basta-lhe espremer o Mundo
e bebê-lo, com gelo
numa esplanada
o problema dos citrinos
é a azia que criam
nos estômagos divinos
Nas Mãos de Deus
A mão de Deus
é um punho cerrado
o martelo
a sua lei divina
e a morte,
sua mensageira,
usa a foice,
como fiel ceifeira.
quarta-feira, outubro 8
O casino encasinado
Parem as rotativas.
Finalmente o Casino do Fundão vai renascer das cinzas, qual Fénix da jogatana, aperaltar-se e finalmente ser um espaço ao serviço da comunidade (presume-se!). Aquilo que será sempre uma boa notícia, que corresponde a uma legítima e antiga aspiração do povo fundanense acaba por ser um caso, um caso de casino.
Tudo porque a edilidade local no seu "afã" obrista acaba por fechar um negócio, que é mais uma negociata de casino, do que um projecto mobilizador.
Nasce torta e dificilmente se endireitará a "nova vida" do Casino do Fundão.
Conforme explicava Fernando Paulouro no seu recente editorial do “Jornal do Fundão”, o protocolo que a Câmara Municipal do Fundão firmou com os “accionistas” do Casino, para a cedência daquele espaço nobre, lançado num estado de decrepitude e abandono criminoso pelos mesmos accionistas, é um caso de flagrante injustiça e de indignidade.
Um acordo leonino, a que o quinhão de leão cabe a esses senhores que servem o papel de ávaro de Moliere na perfeição. A Câmara Municipal, que neste caso representa os interesses da comunidade que não se esgota nas reuniões plenárias dos orgãos autárquicos, nem nos gabinetes visionários dos vareadores, acaba por assinar por todos um acordo que é lesivo dos interesses da comunidade por quem deve pugnar, e fortemente benfeitor para os bolsos de uns quantos canalhas sem escrúpulos.
Umas espécies parasitárias que são assim premiadas pela sua negligência, desleixe e compichagem.
Admito que a Câmara Municipal do Fundão e a comunidade, tenham todo o interesse em recuperar a memória viva do Casino, até como um sinal de esperança refundadora do Fundão. Acredito na bondade das intenções da autarquia e nos grandes projectos que a edilidade e os seus oráculos tenham para aquele espaço. Acredito nisso tudo.
Mas julgo que há preços que não se devem pagar. Há limites de decência que não se devem transgredir, mesmo quando está em causa o bem público, ou especialmente quando está em causa o bem público.
Colocando-se a jeito para as burlarias e chantagens de pequenos grupúsculos cadavéricos de interesses difusos e obscuros, a CM do Fundão abre um precedente e dá um sinal de fraqueza. Vai a jogo e dá-se à morte. Em política há preços que não se podem pagar, este é um deles.
V
Finalmente o Casino do Fundão vai renascer das cinzas, qual Fénix da jogatana, aperaltar-se e finalmente ser um espaço ao serviço da comunidade (presume-se!). Aquilo que será sempre uma boa notícia, que corresponde a uma legítima e antiga aspiração do povo fundanense acaba por ser um caso, um caso de casino.
Tudo porque a edilidade local no seu "afã" obrista acaba por fechar um negócio, que é mais uma negociata de casino, do que um projecto mobilizador.
Nasce torta e dificilmente se endireitará a "nova vida" do Casino do Fundão.
Conforme explicava Fernando Paulouro no seu recente editorial do “Jornal do Fundão”, o protocolo que a Câmara Municipal do Fundão firmou com os “accionistas” do Casino, para a cedência daquele espaço nobre, lançado num estado de decrepitude e abandono criminoso pelos mesmos accionistas, é um caso de flagrante injustiça e de indignidade.
Um acordo leonino, a que o quinhão de leão cabe a esses senhores que servem o papel de ávaro de Moliere na perfeição. A Câmara Municipal, que neste caso representa os interesses da comunidade que não se esgota nas reuniões plenárias dos orgãos autárquicos, nem nos gabinetes visionários dos vareadores, acaba por assinar por todos um acordo que é lesivo dos interesses da comunidade por quem deve pugnar, e fortemente benfeitor para os bolsos de uns quantos canalhas sem escrúpulos.
Umas espécies parasitárias que são assim premiadas pela sua negligência, desleixe e compichagem.
Admito que a Câmara Municipal do Fundão e a comunidade, tenham todo o interesse em recuperar a memória viva do Casino, até como um sinal de esperança refundadora do Fundão. Acredito na bondade das intenções da autarquia e nos grandes projectos que a edilidade e os seus oráculos tenham para aquele espaço. Acredito nisso tudo.
Mas julgo que há preços que não se devem pagar. Há limites de decência que não se devem transgredir, mesmo quando está em causa o bem público, ou especialmente quando está em causa o bem público.
Colocando-se a jeito para as burlarias e chantagens de pequenos grupúsculos cadavéricos de interesses difusos e obscuros, a CM do Fundão abre um precedente e dá um sinal de fraqueza. Vai a jogo e dá-se à morte. Em política há preços que não se podem pagar, este é um deles.
V
sexta-feira, outubro 3
Urso Polar com vinho
O horário é o da Antártida, terra de ursos polares.
Aqui terra de ursos e de cabeços de pedra de urso, que baptizam vinhos, regemo-nos por calendários sem sol. O nosso relógio é das horas mortas. Passamos o tempo a dar tempo ao tempo. Na terra de um tempo só sensível pelo alastrar da sombra, é já tempo de pegar no granito e fazer dele pedra. Uma mão cheia de pedras e outra de coisa nenhuma. Uma mão cheia de pedras para atirar ao charco de águas paradas. O granito austero é a matéria sensível com que esculpiremos estátuas de ideias.
E sai um tinto jorrando pelos nossos copos. Ergamos o punho, iluminando a sombra com o brilho cálido do vinho. Ergamos as taças e brindemos. Um tinto, agora ou na hora da nossa morte. Amén !
Aqui terra de ursos e de cabeços de pedra de urso, que baptizam vinhos, regemo-nos por calendários sem sol. O nosso relógio é das horas mortas. Passamos o tempo a dar tempo ao tempo. Na terra de um tempo só sensível pelo alastrar da sombra, é já tempo de pegar no granito e fazer dele pedra. Uma mão cheia de pedras e outra de coisa nenhuma. Uma mão cheia de pedras para atirar ao charco de águas paradas. O granito austero é a matéria sensível com que esculpiremos estátuas de ideias.
E sai um tinto jorrando pelos nossos copos. Ergamos o punho, iluminando a sombra com o brilho cálido do vinho. Ergamos as taças e brindemos. Um tinto, agora ou na hora da nossa morte. Amén !
Quem atira a primeira pedra?