quinta-feira, outubro 23

Moagem Triturada

Depois de o projecto da moagem ter estado em discussão pública durante o mês de Agosto a câmara municipal do Fundão prepara-se para cometer mais um atentado urbanístico contra a memória da cidade.
O mamarracho, da autoria do ilustre desconhecido Arq Miguel Correia, ao que tudo indica vai mesmo avançar. Sendo assim, a câmara municipal do Fundão acaba com todas as esperanças daqueles que um dia sonharam poder vir ali a nascer uma estrutura importante e necessária para a cidade. Um edíficio que ao nível arquitectónico seria único na região da Beira Interior.
A câmara do Fundão não o entendeu assim, e o projecto da Moagem rodou noutro sentido, a memória perdeu-se e o seu património foi destruido de uma forma que não se compreende. Se não vejamos:
Quando a câmara comprou a antiga moagem o imóvel, embora degradado, conservava dentro de si todo o espólio industrial do complexo industrial que polarizou as actividades económicas da cidade durante longas décadas. Sem se perceber muito bem como (aliás, agora depois de apresentado o projecto, percebe-se bem...) o facto da câmara ter comprado o edíficio abriu caminho aos martelos dos sucateiros que em poucos meses destruiram a memória da moagem.
David Carvalho escrevia no Jornal do Fundão de 30 de Maio de 2003. "E assim foi uma ala completamente destruída à força do martelo sem que nada nem ninguém o conseguisse evitar, tal a lancinante ambição de trocar o património por uns tostões de sucata. Ficaram os destroços do que não resistiu, um espectáculo de destruição em que até o soalho e as traves que o sustentavam foram partidas e deixadas ao pendurão na ânsia de arrancar á moagem aquilo que é a sua alma, as máquinas sem as quais aquele edifício não passará de um barracão de tijolos com cara de armazém."
É certeira a crítica do nosso amigo "Careca " quando afirma que sem as máquinas aquele edifício não passa de um armazém, pois a maquinaria da moagem constituia um valioso património de arqueologia industrial que a câmara do fundão deitou para o lixo.
A câmara encomenda por 13 mil contos!!! a um arquitecto desconhecido um projecto vital para cidade... Eu pergunto, será que a discussão pública não deveria ter acontecido antes de haver qualquer proposta para recuperação/destruição da Moagem?
Porque é preciso entender que a Moagem possui um conjunto de edifícios, com uma unidade muito estreita e forte.
Quando se projecta deitar abaixo parte das estruturas da Moagem, escolhe-se um caminho irreverssível, o que é sempre má política.
Acabo, deixando este aviso à navegação: um novo pavilhão multiusos vai nascer na antiga Moagem do Fundão, sem que se lhe conheça qualquer utilidade, com custos elevadíssimos de dinheiro que sai do nosso bolso.
A moagem continua a moer a memória dos fundanenses.
A câmara do Fundão com mais este projecto mostra que continua - Cega , Surda e Muda.

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