segunda-feira, janeiro 31

Uma questão de siglas!

Eleições no Iraque: aviões a cair, pessoas a explodir e meia dùzia de gatos pingados a festejar... Até houve quem, de tanto comovido, sucumbiu ao deitar o seu voto na urna... "Balanço positivo" dizem os jornais referindo-se à grande afluência de gente que votou! Ainda bem que já se pode votar no Iraque, mas não nos podemos esqueçer do quão artificialmente forçada é esta situação! Ainda sem as WMDs encontradas e quase esquecidas, encaramos agora um país não sob a ditadura de um tirano mas sob a anarquia de muitos! Alguém que tenha boas perspectivas para o futuro Iraquiano deixe por favor o seu testemunho...

Já se sabe o porquê da escolha do nome Operation Iraqui Freedom... A outra proposta era Operation Iraqui Libertation! That's why!!!


domingo, janeiro 30

O aborto

Enquanto se continua em torno da questão "despenalização ou não", parece-me que há um princípio essencial que, por incrível que pareça, nunca ouvi discutir por nenhuma das forças políticas quer elas sejam de direita, quer sejam de esquerda, quer pela sociedade civil: um filho não é gerado sozinho, mas é a mulher que vai parar à barra do tribunal! Porquê? Acaso são só as mulheres que têm a responsabilidade de evitar uma gravidez indesejada? Não, pois não? Então porque é que se continua a partir do princípio que sim?
Meus caros leitores, para já nem falar do ÓBVIO preservativo, até já há contraceptivos masculinos. Portanto, a responsabilidade quer moral, quer civil é partilhada.
Esta é, penso eu, uma evidência que torna a lei do aborto um verdadeiro aborto na sociedade actual. Quer se seja pela despenalização, quer não.

quinta-feira, janeiro 27

60 anos sobre a libertação de Auschwitz


Posted by HelloEntrada de Auschwitz I transformado em Museu "para que a Humanidade não esqueça"


Posted by HelloChegada a Auschwitz II em 1943-44. Ao fundo, à direita e à esquerda as chaminés dos crematórios


Posted by Hello60º aniversário da libertação de Auschwitz

Se pudesse, votava!

Se existe um paìs com uma necessidade de mudança de polìticas de fundo e de uma restruturação polìtica para credibilizar a democracia esse paìs chama-se Portugal.
A falta de rumo, falta de ideias e a falta de creatividade econòmica leva o povinho a pensar que votar é simplesmente mudar de tachos... e infelizmente têm razão! Este não-governo jà depois da sua pròpria dissolução nomeou cerca de 300 funcionàrios para altos cargos e entre os quais nomeações chamadas, vejam sò, "nomeações canguru"... Querendo dizer nomeações que prevêm outras nomeações (tipo bola de neve!). Precisa-se urgentemente de uma reinvenção do pròprio governo para unir os Portugueses a um Portugal-polìtico-activo que chegue mais pròximo do povo Português! Se os Portugueses demonstraram orgulho em o serem aquando do Europeu està na hora de o mostrarem a nìvel polìtico. Cada povo, em democracia, tem o governo que merece! Protestem, exijam, trabalhem e lutem por melhores condições de vida, arregassem as mangas por Portugal! Queiram saber para onde vão os impostos, sejam curiosos e activos. O poder executivo é sem dùvida em Lisboa e esta està a menos hrs de distância... Portugal foi sem dùvida afectado por 40 anos de atraso, mas isto que não sirva de desculpa para tudo. Se nos compararmos aos nossos vizinhos espanhois e mesmo à Irlanda, continuamos a ficar para tràs. Adorava ver Portugal unido por melhores condições de vida da mesma maneira que vi Portugal unido pela bola... é pedir assim tanto?

quarta-feira, janeiro 26

Dedicatória a todos os que se escondem atrás da capa do anonimato


Posted by HelloFoto de família dos Anonymous

terça-feira, janeiro 25

POESIA DE DOMÍNIO ABSOLUTO DO COSMOS OU O PODER DO REFLEXO

Descobri a fórmula mágica da submissão
e todos me obedecem.
Homem, cão,
Chofer de táxi
E de lotação,
Peixes no mar
Ventos que passam
Mulher alheia
Crianças com e sem educação
Astros em gravitação,
A mim todos aderem
Pois eu digo apenas:
"Façam o que quiserem!"

Millor Fernandes, 27.4.1953

quinta-feira, janeiro 20


Posted by Hello Lucifer bless America

quarta-feira, janeiro 19

"Eleições" 2005


Posted by Hello
Foi com surpresa que assisti ontem à noite na SIC Noticias ao debate entre Francisco Louçã e Jeronimo Sousa.
Devo confessar que sempre fui céptico relativamente ao B.E., sempre tive a impressão que se tratava de um partido demagogo, povoado de pseudo-intelectuais, dissidentes de uma esquerda ultrapassada e fechada. Sempre me pareceu que o B.E. mais não era que uma feira de vaidades, um conjunto de intelectuais a brincar à esquerda.
No entanto, no debate de ontem apercebi-me que afinal a minha ideia preconcebida do B.E. estava errada, que se tornara num preconceito que me toldara os olhos a uma nova aproximação dos problemas sociais, com a apresentação de verdadeiras soluções, sustentadas e reais.
A posição tomada por Socrates relativamente à reintrodução (ou não) dos benefícios fiscais, descobriu por completo algo que já se temia, que as semelhanças entre ele e Santana não eram apenas na estratégia do “eu sou um show e visto-me muito bem”...na verdade, ambos partilham de um vazio – melhor dizendo, de um vácuo – tanto ao nível ideológico como de apresentação de soluções para uma melhoria real de todos os portugueses (e não apenas daquelas criações políticas, geradas geneticamente nas Jotas, os políticos profissionais e amigos).


Posted by Hello
Francisco Louçã, surpreendentemente (para mim, pelas razões invocadas), mostrou que tem um programa para o nosso País, um programa que passa pelo combate às desigualdades e à pouca vergonha que tomou de assalto a nossa classe política. Mostrou que ainda é possível defender o interesse público e melhorar a economia sem o recurso a um discurso bacoco de aumento dos salários dos trabalhadores sem mais e tributação dos capitalistas, completamente ultrapassado e desfasado da realidade.
Jeronimo Sousa...que dizer? Nada...pois nada é o que nos traz. É o discurso que rotação a rotação, tal cassete, se arrasta agarrado a uma bandeira rasgada e já sem cor. Tem a seu favor a coerência, a coerência de um discurso que vem de 1917, que foi importante no desbaste de uma sociedade que atrofiava os direitos dos mais fracos mas que já não tem sentido hoje, que perdeu a correspondência numa sociedade onde esses direitos básicos são mais ou menos todos assegurados. O futuro do P.C.P. encontra-se inevitavelmente junto de partidos como o M.R.P.P. e nada mais.
Fiquei com a impressão que se Portugal não estivesse mergulhado numa verdadeira anarquia, que se fosse realmente exercida uma democracia esclarecida e informada, que o B.E. talvez tivesse uma oportunidade de se constituir como uma força de bloqueio parlamentar...mas bem sei que isso é pura utopia, pois o processo eleitoral é hoje em tudo similar às eleições em que participava para as Associações de Estudantes, em que ganhava aquele que mais oferecesse canetas e réguas...a única diferença está apenas no que se oferece...

Posted by Hello

terça-feira, janeiro 18

10.000 visitas ao Granito


Posted by Hello
Parabéns a todo o universo granitico pelos seus escritos, ideias e ataques que renderam 10.000 cliques neste nosso espaço.

Onu: -Por favor mais caridadezinha!

De vez em quando lá se lembram da “escassa” pobreza mundial!
De vez em quando lá aparecem umas estatisticasinhas alarmantes!
De vez em quando lá vem um jornalista a expor a arrogancia do 1º mundo!
De vez em quando lá vem a ONU com nùmeros para justificar a sua existencia!

Sempre a passar ao lado!
Sempre a não incomodar os que deviam incomodar-se!
Sempre a mesma recolha de fundos!
Sempre a mesma MERDA!

quinta-feira, janeiro 13

Ataques Alternativos

Uma vez que recomeçaram as novelas graníticas, proponho tipos diferentes de ataques:

Comecemos a nossa viagem pelo Sul do Velho Continente.
Um bom ataque necessita da experiência no campo da persuasão italiana. Um método caracterizado pelo jogo de influências tem a seu desfavor o facto de ser dispendioso. Apesar disso, oferece uma excelente organização do tipo familiar, onde tudo é dito sem muitas subtilezas com um discurso directo que muitas vezes cai no baixo nível. É caracteristico ainda no método italiano o recurso aos berros e jogos de mãos.

Posted by HelloUma escultura latina de influencia claramente Renascentista


Sigamos para terras mais quentes...
O método africano consiste basicamente no ataque directo sem grandes diálogos. O recurso à força não é tabú e as tácticas são tudo menos ortodoxas.

Posted by HelloBenditos Descobrimentos...

Um saltinho a terras de Sua Majestade.
O método inglês caracteriza-se fundamentalmente por uma abordagem humorística e sarcástica. O atacante que segue este método é arrogante e menospreza o adversário.

Posted by HelloNotty girl
.
Ataque que é ataque, requer a experiência do I.R.A.

Posted by HelloAssim é facil perceber porque é que o Inglaterra não abdica da Irlanda...

Sigamos para Leste...
O ataque do Leste europeu é uma combinação explosiva entre o método italiano e o extinto ataque comunista. Caracteriza-se por fazer uso da propaganda que encobre os verdadeiros métodos de recurso à força e silenciamento do adversário.

Posted by HelloIutchenko! Iutchenko!


Nada para acalmar os ânimos como um lindo nascer do Sol!
O ataque asiático é extremamente organizado e metódico. Caracteriza-se por um forte código de honra e é efectuado normalmente em grupos, havendo grande solidariedade entre os atacantes. O ataque é efectuado até às ultimas consequências, mas sempre respeitando o adversário e honrando-o.

Posted by HelloArigatô

Acabemos o nosso percurso alternativo no Olimpo.
É o ataque do tipo anti-ataque. Define-se por uma certa arrogância em que o ataque é feito pelo...não ataque.

Posted by HelloAfrodite no seu esplendor máximo


Paz e muito amor.

segunda-feira, janeiro 10

Polìticamente famìliar!!

Agora existe um novo tipo de discurso polìtico: o discurso familiar! As paternidades problemàticas parecem ter começado com o Ano-Novo. Eu explico: Agora existem os pais dos problemas do paìs! O Sr Menezes (caté parece um nome espanhol e cà pa mim descendente dos filipes...) decidiu atribuir a paternidade do desemprego em Portugal ao Sòcrates. Ora isto levanta problemas éticos muito profundos! Mas porque é que o jornalista não insistiu na mesma linha de pensamento?
Ex: -Sr. Menezes, quem é a mãe do desemprego em Portugal?(tendo em conta a clara influencia maternal no problema sendo talvez assim a principal culpada e tambem sendo este um problema filho da puta).
Ainda mais controverso seria: Quem é, na sua opinião o avô do mesmo?... etc.
A famìlia problemàtica passava assim a ter um conceito muito diferente e bem mais interessante. Este Menezes é realmente um génio da filosofia pòs-pòs-pòs-pòs-ultra-moderna, sei là... faz-me pensar!

Campanha limpinha


Posted by HelloApresentação da re-candidatura de Kim Jong II

Ao ver no passado Sábado a futura Biblioteca Fundanense inundada de cores pensei, ingenuamente, que se tratava de uma sondagem pública para a nova côr do tal edificio a aplicar por altura do seu preenchimento com livros. Já tinha escolhido: Amarelo Canário.
Afinal era só uma "inovadora" maneira de campanha eleitoral. Primeiro foram os murais, depois vieram os cartazes e agora projectam-se luzes em edificios públicos.
Tudo bem, ao menos é limpinha e desaparece de vez após as eleições.

sexta-feira, janeiro 7

Penetração

A origem do mundo agora é outra. Sobram palavras por usar. Quando se quer construir um romance, escolhem-se algumas referências - de preferências nossas - e mete-se tudo num saco para tirar tudo aos salpicos. O tédio dessas coisas obriga a que se passe a chamar Romance Despasmos. Já é assim há décadas. Mudaram-se as fontes, secaram as antigas. Reviraram-se um, dois, três Courbets, doze Lautréamonts, sete Jarry's, algumas metades de Vaché e Rigaut's. E aí continuam mais um, dois, três mil flagelos escancarados, fustigados em litros de sangue de desperdício. (Ainda poucas origens conseguiram vencer as vitórias da samotrácia). Não há nada melhor do que fazer lembrar os gáudios dos Césares. Várias mesinhas ordenadinhas, tudo em lascivez, vistas regaladas no serviço de luxo, glande em riste para ordenhar as vaquinhas oferecidas pela Presidência, tudo em ordem muito bem mandadinha para simplificar as coisas. Mas nem só a esmola faz o mendigo, nem nunca é tarde para se chegar atrasado. O tamboril não é para os pobres, só a guerra. Guerra é guerra, deixem a fome apertar, e verão: continuam as mesas postas para os reis. O couro e cabelo saem sempre dos mesmos.

Mas a linguagem vem do fogo. A linguagem - e a respectiva língua - apresenta-se aí para ser julgada e comentada, em exposição de sol a sol. É a única que impede crucificar a experiência pelos movimentos acéfalos de contracção dos comportamentos. Normalmente, são só enxertos mal semeados, o bombástico de plástico, que é mais barato. A linguagem pertence ao estomâgo e às vísceras. E, por isso, não a considerem intratável (ou a quem a use) ou sem futuro. Porque é ela é, em essência, incómoda, e dona da felicidade pública, e ensinada pela prática. Como as ruas, não são apenas um direito de passagem, são um direito de permanência. Dificilmente quereremos um glamour teórico, ou um descanso na sombra das palavras. Falar para leitores especializados não é instrução, é pedantismo. O currículo que nos apresenta não chega para nos dar algum tipo de reputação. A envolvência que nos provoca escava mais do que contrói, e não há ócio inútil que não seja proveitoso. Não há cultura, só o que se pode fazer com ela. A linguagem é uma das suas ferramentas: um formão de estilhaços. Lentamente, poderemos adaptar-nos selectivamente à nossa própria cultura, rejeitando as idiotices da Cultura-Mãe.

Historicamente, a fórmula surrealista de “Escreva depressa sem assunto prévio!” foi humilhada por um determinismo imaginário exagerado, “a voz surrealista que fala do alto”, que falhava no acto prático e autónomo da linguagem. A “linguagem dos desejos” esquecia-se que era na vida, e não nos sonhos, que as palavras deveriam fazer mais sentido. Poucas vezes a sinceridade terá feito tanto sentido como a falta de organização dadaísta na história, sem confiscação autoritária, mas com sentido prático criativo: não avisando o que ia fazer, mas aparecendo. Se a linguagem vale por uma prática, e vice-versa, ela tem esse garante de renovação constante, e bloqueará poderes exteriores de recuperação do seu velho sentido, desviando qualquer intentona de criação dos passatempos vulgares. O modelo é a vida imprevisível.

Ainda não se chegou à conclusão que os burocratas ignoram que existe esse meio de comunicação chamado linguagem. Eles só admitem a linguagem enquanto instrumento de mentira, embuste periódico de massas. Mas a Querela não é periódica, é constante. Da sua persistência, vão surgindo edições, que aqui e ali mapeiam um discurso orientado pela imprevisibilidade. Por isso mesmo, estaremos mais interessados às cartas que não nos forem dirigidas. Estamos bem avisados. A ilegalidade não está naquilo que se pode fazer com ela, mas sim fora dela. Não nos coibimos de tentar alcançar aquele a quem a sociedade atribui mais perigo, o indivíduo de pensamento livre. A ditadura da tecnologia conseguiu revelar, para seu próprio bem, que a linguagem deveria ser reduzida nas suas possibilidades, preferindo o resumo à expansão, a forma sucinta à forma expressiva, a previsibilidade à espontaneidade, abrindo campo à fácil verificação de todas as significações, inclusive as espontâneas.

A informatização é o exemplo extremo de como os signos podem ser maneáveis segundo o seu próprio código: a aceitação passiva das suas potencialidades, porque existem, não deve permitir nunca que a conjugação de vários utensílios, palavras, significados e linguagens, possam apenas resultar em fórmulas opacas, mas definir a transparência da inversão e da subversão. A sua linguagem está, à partida, corrompida na fonte, que esgota pela previsibilidade. A base da linguagem autónoma é a espontaneidade, e a espontaneidade é apenas e somente um momento único, que não cabe em nenhuma organização. A linguagem autónoma evita as categorias e a lei, ao ponto de querer ser terrorismo poético. A história confirma-o. “A arte como crime, o crime como arte.”(hakim bey, zona autónoma temporária). Mas na vontade furiosa de destruir, está também a vontade megalómana de construir melhor, voltar os mitos contra os mitos, os heróis contra os heróis, a hegemonia contra hegemonia, a propriedade contra a propriedade.

Podia-se facilmente verificar a falência da poesia e da linguagem oficial através da falência real dos órgãos que tentam gerir as suas diplomáticas leis de propriedade e a sua imagem na vitrina - a falência anunciada da Sociedade Portuguesa de Autores. Enquanto isso, a linguagem vai destruindo mais do que aquilo que constrói, assim como a sua época. Demonstra-o a história secreta da poesia. Uma tradução real deste facto, sendo possível racionalmente, é sempre difícil. A História já mostrou vários exemplos, mas apenas mostrou. A negação, enquanto despojamento, terá sempre mais realidade do que qualquer transladação realizada pela história. “O cenário determina as atitudes”, avisavam os letristas nos recônditos anos cinquenta, onde a história ainda não se lembrava de visitar. A poesia futura terá a sorte de cumprir desejos sem obedecer a outros destinos que não os traçados pela sua própria autonomia. Os postulados da fatalidade foram retirados ao homem por ele mesmo: essa acção permite-lhe agora mais, e outras acções, enquanto força considerável. As escolhas da autonomia podem ter mais peso do que as decisões de muitos: os desejos e as vontades são agora reconhecidos apenas e só pelos indivíduos autónomos. Já não são necessários os “solidários” desígnios dos deuses, mitos e poderes. Agora sabemos tratar bem de nós.

Posted by ampulheta no caminho a bruto.
Eu conheço-o pessoalmente.

quinta-feira, janeiro 6

O Abismo Parte II


Posted by Hello Turistas nas praias da Tailândia indiferentes ao caos e à destruição...

"Porra! você sabe quanto paguei por estes quinze dias? Vou ficar com letras no Banco até 2010! Por isso, não é um suzami ou sazimi ou o caneco, que me vai estragar as férias!"
- Joaquim Manuel Silva, funcionário público de férias em Phuket.

Ai a nossa Gardunha



Tenho de manifestar o meu total desagrado com a situação da nossa Gardunha. Já ardeu há quase três anos e continua careca! Aliás, o pior é que a própria cabeça vai-se desfazendo…
Lembro-me que na altura, quando se pensaram soluções para o problema da área ardida, o ministro da tutela disse que se havia de deixar a natureza actuar, que se esperasse pela regeneração natural.
Pois. Se calhar, o que o ministro se esqueceu de dizer foi que a natureza não se compadece com as actividades e existência humanas. É claro que se pode esperar que a natureza se recomponha de um fogo. Não se pode é esperar que ela se recomponha da forma que nos convém. Senão vejamos: se não há vegetação para fixar o solo, então ele também deixa de existir. Vai-se deslocando, deslizando encosta abaixo ao sabor das chuvadas. E sem solo não há árvores. Por isso, nem vale a pena andar a mostrar postais da Gardunha como se ela fosse uma serra encantada: ardida, ela perde quase todo o seu encanto! Vale-nos a varanda para a Serra da Estrela…
Para ela – a bendita Natureza – tanto lhe dá! A erosão sempre existiu! E para ela há a velha máxima: "nada se perde, tudo se transforma" ou muda de lugar, acrescento eu. Porque se a Cova da Beira ficar menos encovada, quem é que acham que fica prejudicado? E se a serra se erodir mais rapidamente, quem acham que perde com isso?
Qualquer um que passe na estrada que liga Alcongosta ao Souto da Casa bem pode sentir o efeito da dita "regeneração natural". Há pedaços dessa estrada em que o alcatrão desaparece por debaixo da terra que escorreu encosta abaixo…Há troços em que a degradação do solo é tão evidente que até arrepia. Pois é, não vale a pena pensar-se nas coisas isoladamente: as árvores não existem se não tiverem onde se fixar. E quem diz árvores já nem precisa de se estar a referir aos castanheiros, aos carvalhos ou a todas essas que faziam parte da flora original da Gardunha! Sejamos directos: sem solos, NÃO HÁ CEREJEIRAS! E depois, o que se faz ao slogan do Fundão?


terça-feira, janeiro 4

Plano de desenvolvimento do Fundão – Offshore da Cova da Beira.

1- Nesta pequena Florida, em que Portugal se está a tornar, não antevejo qualquer outro futuro, se não tornaremos estes terrenos graníticos e de pinhal verdejante, numa florescente zona franca de banca privada, turismo, casinos, prostituição e grandes superfícies comerciais temáticas livres de impostos.


2- Que não haja ilusões, em Portugal, os donos do capital concentram os seus investimentos em duas grandes áreas: Instituições financeiras (bancos e seguradoras) e serviços e bens essenciais (hipermercados, telecomunicações, serviços médicos). Lucros fáceis, baseados na necessidade, mas que nada criam.



Estamos condenados a ter estes empresários e negócios parasitas!

Percamos a esperança, a revolução tecnológica não vai passar por aqui!

Juntemo-nos a eles e sejamos piores que eles! Não há retorno.

3- Proponho a criação do Offshore da Cova da Beira, com o intuito de tornar estas terras pacatas numa nova Sodoma e Gomorra dos tempos modernos. Sem dia, nem noite. Que fará com que o Imago deixe de ser um Festival de Cinema pretensiosamente cosmopolita e pareça um coro paroquial!


4-Por favor, senhores da Autarquia, parem de imediato quaisquer outros projectos em que estejam a trabalhar. Abandonem esses planos de rejuvenescimento das aldeias, do Parque industrial tecnológico, e dessas apostas no conhecimento e na sociedade de informação. Tragam para cá as meretrizes, os agiotas e tempo fará o resto.

O Abismo

Nem queria acreditar quando, ontem à noite, ao ver o telejornal, dei de caras com uma notícia em que mostravam a decadência total, a completa desumanidade que se pode alcançar em tragédias humanas. É que uma coisa é a nossa curiosidade e até atracção pelas imagens de fenómenos naturais extremos - o que explica porque ainda nos impressionamos ao ver aquelas ondas a entrar pela terra dentro; outra totalmente diferente e que mete nojo é haver "turistas" a irem ao local para tirar fotos.

O que vi no telejornal de ontem passa todos os limites da humanidade: um ser com aspecto humano - um dos tais "turistas" - posava para uma foto ao lado de cadáveres...e sorria! Como se estivesse a tirar uma foto de férias ao lado da torre de Pisa!

Sinceramente, durante alguns momentos fiquei aterrada. Agora continuo aterrada, mas vejo confirmada a ideia de que as tragédias trazem ao de cima tudo o que há de melhor e de pior nos seres humanos.
E se calhar ainda nem vimos nada...

segunda-feira, janeiro 3

Feliz 2005



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