segunda-feira, março 6

Sobre a Nova Guerra

Não glorificarei a guerra. Nunca. Sou mais virado para a fala. E não renunciarei o passado. Como primos dos primatas começámos por ter os mesmos privilégios, veio um macaco forte a dar pauladas e Bunga! Criou-se a diplomacia para proporcionar iguais direitos. O pior é que o dom da palavra também serve para hierarquizar e "dar a banhada" ao analfabeto que se vai queixando do pouco que tem deitando a perder o seu valor na passividade da sua retórica.
Ainda agora li um texto sobre os passaportes biométricos, numa revista muito simpática/fanzine de esquerda (?) Cadernos da Insurreição, passo a excertar: "O reino Unido decidiu ficar de fora das provisões de Schengen sobre controlos fronteiriços e imigração e, portanto, não está coberto pelo esquema da UE e é por isso que está a propor-se introduzir os seus próprios "passaportes biométricos". Propõe-se a fazê-lo para Outono de 2006 (para quem peça passaporte pela primeira vez) e, depois, para todas as renovações. Isto implicará o tirar de duas impressões digitais e uma digitalização facial (uma digitalização que detecte e armazene até 1840 características únicas da cara de uma pessoa) e talvez uma digitalização da íris. (...) Está a caminho o novo cartão de saúde da UE que guardará toda a história médica da cada pessoa num chip. Não será disparatado pensar que, nos próximos dez anos, haverá movimentações com vista a conseguir unificar o passaporte europeu, os cartões nacionais de identidade, as cartas de condução e o cartão de saúde num único cartão. As preocupações com a privacidade irão ser trocadas pela comodidade. É, pelo menos, isso que as autoridades esperam."
Quem me conhece sabe que sempre fui um apologista do Big Brother. Preocupo-me com a transparência e com a honestidade e caso necessite abdicarei do secretismo da minha história clínica ou conta bancária. Fá-lo-ei porque sei que existem vantagens. O que não posso nem se pode admitir é que tais dados estejam apenas disponíveis aos departamentos de imposição da lei, como a polícia, guardas fronteiriços, alfândega pessoal da imigração entre outros serviços secretos e/ou de segurança interna. Isso seria um pequeno passo para o Homem e um passo gigante para a Ditadura. Não confio mais neles do que em vocês. Abraços.

Comments:
Dear John,
Estas novas comodidades podem (ou não) trazer água no bico. Eu tambem estou disposto a perder alguma privacidade no ambito da transparidade e bem estar social... Mas, por exemplo na saúde, estamos perante uma situação muito delicada. A saúde vai ser privatizada mais tarde ou mais cedo. Muitos empregadores já exigem seguros de saúde. A informação compactada no chip pode vir a ter consequencias bastante negativas. Poderá inclusivé ser o pano de fundo para uma exclusão social nunca vista. Pessoas que tenham no seu bacground familiar casos de cancro poderão vir a ser excluídas socialmente (e isto é só um exemplo). Mas talvez seja para aí que caminhamos.. Uma sociedade onde os fortes, esbeltos e inteligentes serão o futuro e eventualmente seremos todos perfeitos(idiotas?). Aconselho-te a ver um musical chamado "We will Rock you" (não pela música mas pelo conteúdo - está muito bem escrito e faz uma boa critica a um futuro discutível mas possível).
 
Pois... Mas ainda é o estado que faz eaporova as leis. Basta-lhes aprovar um série delas que evitem "discriminação especulativa" ou qualquer outro tipo de "limpeza". Num cenário de conhecimento aberto e informação livre os empregadores teriam, como sempre tiveram, o direito de decidir quem querem para trabalhar com eles, (ou não?) mas não deveriam, nem poderiam, nunca excluir da avaliação, pelo menos à luz de uma lei justa (e "lei justa" não é redundância), pessoas que tenham no seu background familiar casos de cancro e/ou outras doenças degenerativas. E como neste caso, existem mais mil outras pequenas grandes querelas que podem minar em prol do negócio, muitas tetativas de evolução social. É, sempre foi e será sempre, uma questão de bom senso, lógica na autonomia de pensamento e fé na bondade.
 
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