quarta-feira, novembro 30

Um pouco sobre a (r)evolução dos termos porque para comunicar é necessário esclarecer o significado

O design gráfico pode ser entendido e concebido como com actividade estratégica e como especialidade técnica. A forma, o estilo, a linguagem ou idioma por ele utilizados desempenham um papel central na veiculação e construção da mensagem. O designer é um porta vozes (transporta a sua e a dos outros).
Historicamente começámos em Lascaux, construtores de signos visuais, descendemos de provedores de caligrafia legível, de "humildes escrivãos", realizadores de protótipos e reprodutores técnicos.
Se nos tentarmos ver na pele do escrivão podemos pensar à partida que a nossa função está a ser desvalorizada (em cenários mercantis e mesmo e sociais). Podemos pensar que os serviços prestados pelos "estrategas da comunicação" estão a subir na hierarquia enquanto no nosso escritório até a máquina de café continua avariada. Aparentemente nada de bom se avizinha.

Um pequeno parágrafo para distinguir o "escrivão" do "estratega": a principal diferença ainda reside no tamanho do público e não na habilidade, no talento, muito menos na competência intelectual.

Assim o escrivão do sec. XXI é aquele que (à semelhança dos que serviam aos poucos locais do conhecimento) traduz, legenda, organiza, normaliza e torna compreensível mensagens para um circuito fechado. Clipping e copywriting (não confundir com copyright) são as mais óbvias sofisticações do termo. As diferenças entre a actividade de um designer de tipos e um designer de cartazes do século XVIII eram ainda passíveis ao encaixe na classificação de que se fala: criação/manufacturação/instruções de uso VS edição/composição/aplicação. Hoje um tipógrafo ou um programador ainda podem ser bons escrivães se trabalharem para um público restrito seja ele constituído pelos redactores de um jornal, por um grupo de designers ou funcionários de uma qualquer instituição ou empresa...

Director artístico, editor ou técnico de marketing são definições que, apesar convenientes, não abragem certamente a totalidade da actividade que é o design, mas funcionam como defesa do designer à sociedade de informação.
Pelo contrário, o programdor e o tipógrafo que não encaram a informação como um ataque e reagem integrados na máquina social do mesmo modo que o escrivão o fazia, trabalhando para um público alvo, eliminando de modo laboratorial muito do ruído que vai perturbando os estrategas directores artísticos e editores.

A especialização assume um papel central e vai ajudando na diferenciação de actividades profissionais. Um designer que trabalhe para menos pessoas está, por regra, mais preparado para resolver tarefas particulares enquanto um designer que produza independentemente conhece a profissão de mais perspectivas abrangendo mais área de acção (possivelmente de jeito superficial).

Apesar de tudo, há já poucas coisas que evitem uma mudança radical de valores e a hierarquização social e mercantil pode sofrer alterações dramáticas nos próximos tempos. Para o designer de "uso interno" vão sendo necessárias "banalizações turísticas", ao mesmo tempo que o designer de "uso externo" vai precisando de "especializações part-time" porque a saudável fluidez das actividades profissionais sempre dependeu do tempo de férias.
No final ambos têm mais em comum do que o que se possa pensar e para se inserirem no mercado precisam de um produto e (por enquanto) a criatividade ainda se vende.
Aparentemente nada de bom se avizinha.

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