quinta-feira, novembro 24
Um pouco de Eugénio, para matar saudades
Demoraste muito
Demoraste muito, desta vez.
Cheguei a pensar que te perderas
Na crispada brancura da neve.
Uma luz anónima,
De fotografia antiga, é agora
A tua. Já não terás outra.
Nem outro silêncio por vestido
A defender-te do frio.
Há no entanto no teu olhar
Certo orgulho velado,
Como se a claridade
Fosse a tua casa, a tua idade. E a rosa
Que sempre vi na tua mão
Ainda lá está, embora apagada.
Nada pergunto, nada me dizes,
Mas um sorriso breve brilha na sombra.
Anónima, não tarda
Que a luz te proteja e leve.
Eugénio de Andrade
O vento assobia nos salgueiros, e corta caminho até à pedreira semi-abandonada. Nós os semi-nús esperamos pelo calor de Agosto, enquanto as árvores se despem devagar
Demoraste muito, desta vez.
Cheguei a pensar que te perderas
Na crispada brancura da neve.
Uma luz anónima,
De fotografia antiga, é agora
A tua. Já não terás outra.
Nem outro silêncio por vestido
A defender-te do frio.
Há no entanto no teu olhar
Certo orgulho velado,
Como se a claridade
Fosse a tua casa, a tua idade. E a rosa
Que sempre vi na tua mão
Ainda lá está, embora apagada.
Nada pergunto, nada me dizes,
Mas um sorriso breve brilha na sombra.
Anónima, não tarda
Que a luz te proteja e leve.
Eugénio de Andrade
O vento assobia nos salgueiros, e corta caminho até à pedreira semi-abandonada. Nós os semi-nús esperamos pelo calor de Agosto, enquanto as árvores se despem devagar