sábado, setembro 17

Vila Nova de Frexes - a querela


O JF é sempre leitura obrigatória para um aficionado do insólito como eu. Desta vez, parece que um conflito de proporções comparáveis ao servo-croata está prestes a estalar nos subúrbios dessa cosmopolita cidade do Fundão (quem tem o Imago tem estilo e é ultra-fashion).
Segundo a notícia do JF, o venerável presidente da junta de freguesia da Aldeia de Joanes, com quem tive o prazer de partilhar uma água das pedras na canícula deste Verão, foi acusado de "raptar" a placa da aldeia vizinha - a Aldeia Nova do Cabo.

Quem conhece a geografia fronteiriça desta Cachemira beirã ficará espantado com a toponímia. Um gajo entra na Aldeia de Joanes e enquanto acende um cigarro já está de repente na Aldeia Nova do Cabo. O problema é saber onde começa uma e acaba outra, é assim como Jerusalém Ocidental e Oriental, ou como no grande fosso de Astérix.
O caso mete rivalidades antigas, rixas de pau e pedra e o conflito parece agudizar-se, com este misterioso desaparecimento da orgulhosa placa da Aldeia Nova do Cabo, colocada por ordem do Supremo Tribunal (até onde foi a querela, a seguir só o Tribunal de Haia), com o presidente da Junta da Aldeia Nova do Cabo a acusar o seu homólogo de rapto de placa, crime punível com uma semana de prisão domiciliária.

Este episódio pode marcar o agravamento das tensões fronteiriças, e impedir que as raparigas da Aldeia Nova namorem com os rapazes da Aldeia de Joanes, pelo menos a céu aberto, e Shakespeare poderia ter matéria para um "Romeu e Julieta", edição beirã.

As eleições aproximam-se e certamente que algum vereador fundanense com residência de Verão na Aldeia de Joanes se prestará a pôr água na fervura e a acrescentar mais algumas benesses "compensatórias" à lista de promessas pré-eleitorais, mas uma coisa é certa, a diplomacia de punhos de renda só vai adiar o conflito armado e a contagem de espingardas de caça já se vai fazendo.
Na minha opinião, a solução ideal, era mandar para lá três soldados da GNR, daqueles que estão no Fundão para fazer a ponta de um chavelho, e impor com baioneta uma solução negociada, que poderia passar por:


1 - Um campeonato de emborcadores de Minis em que cada aldeia escolheria o seu campeão da goela aberta. O último a caír ganharia para a sua terra-mater o direito de escolher onde é que se enterra o raio da placa.

2 - O tradicional jogo da corda, a realizar em ambiente neutro (Pavilhão Multiusos, ou na inauguração da Moagem), de um lado toda a população da Aldeia Nova do Cabo, incluindo velhas e rafeiros, e do outro a Aldeia de Joanes, incluindo crianças e padres. Quem puxasse com mais força teria o direito de escolher onde meter a placa.

Em ambos os casos, as receitas reverteriam a favor dos Caminheiros da Gardunha.

Caso os aldeões não concordassem com esta liça, a solução seria impor uma medida musculada - fundir as duas aldeias numa só - que se passaria a chamar Aldeia Nova do Frexes, e que seria elevada a vila nas próximas eleições, passando a chamar-se Vila Nova do Frexes.

Todo o processo de fusão podia ser documentado pelos jovens Felinnis da terra, que em vez de andarem a fazer curtas para a parte de trás da nuca, podiam dar um novo rumo à sua carreira e emprestar forte contributo ao depauperado documentalismo português. Seriam assim uma espécie de leni riefenstahl do regime frexiano.

São só ideias, porventura parvas, mas ideias para o conflito, ou o fim dele.

Comments:
O melhor post de 2005! A maior "placagem" literária do Granito! Eu sou a favor do campeonato de minis para dessuadir qualquer atentado suicida ou mesmo um campeonato de minas!
 
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