sexta-feira, agosto 5

terra queimada


António Ferreira do Amaral, presidente da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais, considera, no entanto, que os meios no terreno são suficientes, mas "nem sempre é possível apagar os incêndios com a rapidez necessária". Mas reconhece que a prevenção não foi a que devia ter sido. O cenário só será diferente quando "o poder autárquico se interessar, estiver sensibilizado e trabalhar para resolver esta questão".
in Diário de Notícias, 05 Agosto de 2005

É preciso ser de uma infinita amoralidade para dizer o que este grunho disse. Sacudir as brasas do cabelo para cima de terceiros, culpando o mais próximo para disfarçar a confrangedora inutilidade do cargo e da instituição que ocupa, é de uma hipocrisia atroz. Tão criminosos como quem ateia os fogos são também aqueles que tiveram a responsabilidade de evitar que o inferno de 2003 se repetisse e nada fizeram. Sentaram-se nas suas cadeiras almofadadas, em escritórios com ar condicionado e com cargos pomposos escritos na porta, brincaram aos mapas dando cores aos distritos, lançaram uma tímida campanha de publicidade e... nada mais.
"Os meios no terreno são suficientes"?!!? Vai para lá tu, ó palhaço, vai segurar numa mangueira de quintal enquanto uma frente de labaredas avança sobre a tua casa para ver se os meios são suficientes. Devias lá estar a ser lambido pelo fogo, a inalar o fumo e a veres tudo o que te sustenta reduzir-se a cinzas para sentires o que este país sofre com os incêndios. O QUE É ISTO? COMO SE PERMITE QUE ISTO ACONTEÇA ANO APÓS ANO? COMO É POSSÍVEL? COMO É QUE SE PERMITE QUE ESTE DESESPERO NOS CONSUMA?
E depois vêm-nos falar que uma das grandes opções estratégicas para Portugal é o turismo. Para ver o quê? Para usufruir do quê, de que paisagens, de que património natural. TGV? OTA? Puta que vos pariu, que eu não pago impostos para isso! Apelo à desobediência civil e ao incumprimento fiscal enquanto não nos apresentarem uma solução para a floresta, enquanto a vontade de preservar o território não for traduzida em medidas concretas. Quero a Floresta no Orçamento de Estado, JÁ! Recuso-me a viver e a contribuir para um deserto de terra queimada.

Comments:
Jack, aqui as câmaras talvez sejam o elo mais fraco de um encadeamento de inoperacionalidade que vem de cima. O que não existe é uma política global, coerente e única para o território. Não creio que nenhum presidente de câmara goste de ver o seu concelho a arder; e não esquecer que o fogo não olha a fronteiras concelhias, por isso se um município limpar as matas mas o outro não o fizer de nada vale. Ao andar pela zona do Pinhal no meu trabalho, o que me é dado a ver é uma confusão imensa de mapas administrativos sobrepostos apoiados por programas e ferramentas de gestão do território confusas, morosas, com fraco apoio financeiro e dependentes de coordenação superior. Quando a coisa dá para o torto, é claro que o mais fácil é culpar os outros, os bodes expiatórios do costume, como este senhor da Autoridade para os Incêndios o fez, nomeadamente os proprietários que não limpam os seus terrenos, os bombeiros sem formação ou as câmaras sem vontade. Mas e o resto (que é quase tudo)? Onde está uma política global para a floresta portuguesa, de preservação e aproveitamento dos seus recursos e com uma gestão integrada supra-municipal? Onde estão os instrumentos financeiros verdadeiramente eficazes e não unicamente centrados no "local" excessivamente pulverizado? Onde está o cadastro nacional das propriedades rústicas e florestais? Onde é que se diz como é que a floresta, as paisagens protegidas, os parques naturais, as reservas ecológicas, os eco-sistemas, a fauna, a flora, as serras e montanhas, as tradições rurais de cariz florestal podem contribuir para o turismo? Qual foi, em termos concretos, a resposta dos sucessivos governos ao desastre de 2003 senão um criminoso sil|êncio? Quem explica os interesses instalados do aluguer de meios aéreos que cobram milhões? Já se constituiu alguma comissão, ao nível da assembleia da república, para fazer face à mais que certa tendência de desertificação do território do interior (sim, porque com menos vegetação o mais certo é que os verões fiquem ainda mais quentes, que as secas sejam piores e mais prolongadas e que os solos definhem levando consigo as pessoas, já de si em tão pouco número)? Não deixemos que nos atirem areia para os olhos com manobras de diversão que mais não são do que um jogo de dardos hipócrita contra os alvos do costume. Se descuras a raiz, por certo não terás uma boa copa. DESOBEDIÊNCIA FISCAL, JÁ!
 
Realmente nunca irei entender o facto de já ter tido a experiencia de ver montes e montanhas noutros paises sem que estas desapareçam anualmente em combustão ! Alguma coisa está mal em Portugal... Muito mal mesmo!!
Eu proponho a utilização do exército Portguês na limpeza e segurança das florestas Portuguesas! Em vez de rastejarem pela pátria debrucem-se pela natureza Portuguesa!!!
 
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