terça-feira, julho 19

A mudança.

Orpheu (a revista):

do Gr. poeta e músico trácio que tinha a capacidade de dar vida a objectos inanimados
s.f.,

"Revista literária portuguesa de que saíram dois números, em Março e em Junho de 1915. Constituíu um marco fundamental na história da literatura portuguesa, devendo-se-lhe a introdução do movimento modernista. Nela colaboraram Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, Ronald de Carvalho, Almada Negreiros, Fernando Pessoa (ortónimo e Álvaro de Campos) e Ângelo de Lima, entre outros."

in http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=7_12

orpheu


Ou:

da revista modernista Orpheu
s.m.,

café da Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade;

No Fundão há já quase três semanas, sinto finalmente legitimidade para escrever um pouco sobre como se vão vivendo as aventuras de férias. Como não pertenço a nenhuma tribo (e, pasme-se, tenho amigos), posso garantir ao atento leitor uma visão autónoma. Se é de férias que falo, não escrevo de mim e dedico-me então à descrição do modo como se aproveitam os espaços de lazer que proliferam pela cidade.

Em pleno Cale Festival, a Rua que dá nome à festa de "cultura alernativa" (como alguém lhe chamou), transfigura-se. Existem esplanadas caminho acima, caminho abaixo, cheias de jovens e gerontes residentes, que entre telas, acrílicos, pinceís, tabuleiros de xadrez e projecções no vidro da Cooperativa vão passando uma ou duas horas de puro ócio. Pelo que sei a Cooperativa das Artes não é muito querida pelos habitantes de há décadas de uma das ruas mais antigas do Fundão. Vale aos jovens alternativos, a persistência de Alexandre e Rute para lidar com vizinhos que às duas por três já estão a enviar valentes baldes d'água para quem cantar mais alto, ou às escondidas a desinfectar com lixívia a grade das botijas da Galp, que ocupa o passeio, e a deixar marcas nas calças dos incautos.
Nos outros bares as pessoas também estão mais atentas. Os forasteiros e as forasteiras agitam os corações graníticos e até os matemáticos mais discrentes se rendem à emoção. Os espaços do costume mantêm a sua actividade normal potenciada pelo regresso dos estudantes e de um ou outro emigrante. As Tílias estão remodeladas e de momento acolhem um festival de jazz. O fim-de-semana tem-se acabado ao sábado no English Club, local onde Bernardo Sassetti se começou a profissionalizar e onde agora, ouvimos jazz até às duas da matina, sendo que a partir daí Dá-me más Gasoliná! e outros da espécie tunnig fazem as delícias dos mais dançantes. No próximo sábado o encerramento do Cale sobrepor-se-á à festa de apresentação do programa do Imago, que contará com VideoJamming de Nuno Roque e o DJing de Ivónio na Rua da Cale (até à uma da manhã), com os Ballet Mecânico e os habituais Imago Sellectors no English. Na mesma noite decorrerá o encerramento do Jazz nas Tílias, com Patterns, onde o fundanense José Marrucho demonstrará porque é que vai ser o quarto baterista licenciado em Portugal (aqui mantenho a imparcialidade e somo-lhe o orgulho).

O Fundão mudou em muitos outros locais, que de repente icentivam alterações ao modo de uso da cidade. A Santa, o Jardim das Tílias, o Mercado, o Pavilhão Multiusos e o seu jardim, são agora espaços que podem cumprir novas funções. Ninguém, por exemplo, vai ao Orpheu (café da biblioteca) que é de longe o espaço que reúne melhores condições para conversas sobre todas estas modificações já para não falar das tentadoras instalações que convidam qualquer criativo intervir.
Agora por favor em vez de encherem aquilo com quadros de artistas e desenhos de arquitectos, invistam num projector multimedia, num pedaço de lona ou num acces-point.
É tão fácil estragar o que é virgem como é cair do erro de não aproveitar a mudança. Como já é hábito vai-se preferindo o buraco maledicente onde se podem apontar os erros em vez de se reconhecerem as mudanças positivas. Nhe nhe nhe, tem muita luz, nhe nhe nhe esposições fraquinhas, nhe nhe nhe falta um caixote do lixo, nhe nhe nhe a música é má, nhe nhe nhe tem muita cor, nhe nhe nhe tem poucas árvores, and so on... Já agora, Nhe nhe nhe A exposição à entrada da biblioteca dos cartazes do Cascais Jazz podia ter os expositores mais afastados porque os cartazes não são livros.

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