sexta-feira, julho 8

Adeus Ballet Gulbenkian

Mais um grave erro cultural acontece no nosso país.
A Companhia de Dança mais antiga de Portugal, e que grande prestígio deu ao nosso país, encerra as portas de uma forma abrupta e indigna.
Realmente já se podia prever o pior depois de Paulo Ribeiro ter assumido o cargo de Director Artístico da Companhia.
O público que enchia o Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, parecia ter desaparecido nestas últimas temporadas. As escolhas extremamente peculiares de Paulo Ribeiro e nada adequadas a um público cada vez mais exigente, levou a uma quebra significativa no número da assistência.
Os ditos "democratas" da Nova Dança Portuguesa, de um snobismo atroz, criaram uma elite culturalmente pobre, que levou a Dança em Portugal ao estado em que se encontra.
A dança e a sua essência nunca foi para elites, nem de elites, mas sim para todos os que apreciam o movimento do corpo e a sua linguagem universal e quinestésica.

Por não haver um estatudo dos profissionais de dança em Portugal, é que assistimos a uma decisão inesperada e radical, por parte dos senhores Administradores de tão reputada fundação.

Não esqueçamos que foi o Ballet Gulbenkian que deu um grande contributo para a Internacionalização da própria Fundação...

Actualmente muito se fala sobre o tratado de Bolonha e da sua importância no que diz respeito ao ensino das Artes nas Escolas... Para quê? Pergunto, se o que realmente temos de bom e de caracter nacional têm se vindo a perder ao longo dos tempos, no que diz respeito à cultura?!

Enfim... Caríssimos, a arte nacional e internacional fica mais pobre.

Comments:
O grande erro da Gulbenkian reside na extinção de um património como o Ballet Gulbenkian. Num país órfão de projectos artísticos consistentes, duráveis e com uma inegável coerência e qualidade ao longo de tantos anos, este súbito desaparecimento só pode ser encarado com enorme tristeza e desilusão. Das muitas vezes que assisti às temporadas de dança da Gulbenkian, a sala estava sempre cheia. Percebia-se a comunhão de um público ansioso por ver em palco o movimento dos corpos engendrando uma linguagem sensorial única. Uma mímica à flor da pele. O gosto pela dança enquanto arte acentuava-se quando era o Ballet Gulbenkian que subia ao palco: identificavam-se os bailarinos/as, reconhecia-se o cunho dos coreógrafos, criticava-se esta ou aquela peça comparando-as com temporadas anteriores, percebia-se a evolução da companhia e os novos trilhos que desbravava. Por muito que se continue a dançar na Fundação, é esta empatia que se perde, a teia de cumplicidade entre o público e a companhia dilui-se inexoravelmente. Ao sentido adeus aos corpos seguem-se as cordiais boas-vindas a projectos exteriores. Não é a mesma coisa. Nunca será.
 
Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?