domingo, junho 26

Um vermelho da Bandeira.

sunset

"Como já aqui se escreveu, a música não é uma ilha e a AnAnAnA também não. Foi, pois, com incómodo que tivemos conhecimento da manifestação contra a criminalidade organizada pela Frente Nacional. Como é sobejamente conhecido, os skinheads agrupados em torno deste grupo neonazi têm um longo currículo de actos de violência e casos já houve de assassinato que envolveram "cabeças rapadas", o que tentaram fazer esquecer na sua condenação do ataque perpretado por jovens negros na praia de Carcavelos. Como é: agora temos criminosos a condenar outros criminosos? Foi com desconforto, também, que ouvimos o Presidente da República apelar ao patriotismo dos portugueses, sabendo que a afirmação, traduzida por miúdos, não pretendia mais do que a nossa passiva aceitação dos sacrifícios impostos pela absurda política dita de "recuperação económica" do presente Governo. Ser patriota, ficámos a saber, é ser carneiro. Assim como ser criminoso é, por inerência, ser preto, segundo a mentalidade retrógrada de alguns. Eduardo Lourenço e José Gil teriam aqui mais matéria-prima para as suas respectivas análises da portugalidade, mas talvez aquilo que se anda a passar neste país e dentro das cabeças dos seus cidadãos tenha mais a ver com a psiquiatria do que com a filosofia. Depois do orgulho vivido durante a Expo 98, depois da exuberância do Euro 2004, passamos agora por um período de profunda depressão colectiva em que cada notícia, cada acção de rua, cada afirmação dos nossos eleitos na máquina do Estado só nos enterram cada vez mais. Até os círculos vermelhos que faziam as vezes de narizes de palhaço nos cartazes políticos e de publicidade deixaram de aparecer. O humor foi o último a morrer? Felizmente, parece que a música floresce mais em tempos de crise, e assim como a era Bush nos Estados Unidos conduziu a um "boom" de actividade musical, cá pela periferia do império as coisas vão mexendo, discretamente, muitas vezes ignoradas pelos media, mas resistentes. O pior é que a própria crise está em crise e com isso não sabemos como lidar... A coisa já não vai com baladas."

E-mail enviado pela Ananana.

Os versos de intervenção no início do século XXI em Portugal continuam. O outro no Público, diz que Portugal pode já não ser um país viável. O Rui Pelejão quer regressar ao Brasil. Venha a constituição europeia que eu já estou por tudo.

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