segunda-feira, março 14

"África, mas qual África...?!?", perguntou Bush, defensor da liberdade e da democracia, carrasco dos tiranos e protector dos oprimidos

ONU calcula em 180 mil o número de mortos em Darfur

Comments:
Bruno, não percebo se isso quer dizer que sugeres uma intervenção militar norte-americana no Sudão. Nunca percebi afinal se queremos que os EUA sejam ou não polícias do mundo. Não podem ser polícias do mundo para aquilo que nos convém, e isolacionistas para aquilo que não nos convém ou interessa. A única crítica possível de fazer é que os EUA são o braço armado da comunidade internacional, mas são cada vez mais um braço armado com vontade própria - só policiam o que lhes interessa. Era bom que nós europeus definissemos de uma vez todas o que é que queremos do Tio Sam, isso ajudava um pocuo a clarificar as coisas. Quanto às vítimas, são o resultado de uma política global de indiferença perante os problemas de África, o que deves conceder, não é um exclusivo da diplomacia de Washington. Todos temos culpa nesse esquecimento vergonhoso. Aliás, devo dizer-te que um dos principais aliados europeus do Bush, o sr. Tony Blair, avançou a semana passada com um mega-programa de ajuda ao desenvolvimento em África, solicitando um apoio financeiro e técnico sem precedentes à comunidade internacional para executar esta espécie de Plano Marshall para África. Goste-se do personagem ou não, parece-me que é significativo que os franceses e alemães ainda não se tenham pronunciado sobre o assunto, depressa não tardará a vir no Le Monde Diplomatique que o que o sr Blair quer é voltar a colonizar África, desta vez com uma economia de mercado, onde se possam escoar os produtos europeus. Resta saber quando é que o comérciio livre vai permitir a África desenvolver a sua agricultura, com potencial exportador, o que decerto iria causar a ira dos agricultores mais altamente subsidiados do mudno - os franceses e os americanos. Era bom que se pensasse mais em África, ao invés de viver ao sabor de indignações esporádicas.
 
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Pelejão, por acaso tocas num dos pontos em que tive mais dúvidas, exactamente por causa de alguma hipocrisia que pudesse ficar implícita: se no título pôr "Bush" ou outra qualquer entidade generalista e representativa do mundo ocidental e desenvolvido. Optei pelo presidente dos EUA, por várias razões. A primeira, desde logo, foi por uma questão óbvia de adequação do discurso aos actos e aos "alvos". A segunda deve-se a um excerto de uma outra notícia relacionada, e que não sei se tiveste oportunidade de ler, mas da qual passo aqui a transcrever um excerto:

"(...)o painel recomenda ao Conselho de Segurança que entregue o caso ao Tribunal Penal Internacional, organismo com capacidade para prosseguir as investigações e julgar os implicados.
Para facilitar o trabalho da instância, o grupo de investigadores anexou ao relatório um documento selado com o nome de pessoas suspeitas de envolvimento nas atrocidades cometidas, passíveis de ser julgadas pelo TPI. Os seus nomes não foram revelados, mas admite-se que entre os suspeitos estejam funcionários governamentais e membros das milícias árabes acusadas de ataques indiscriminados contra a população local.
A recomendação dos peritos deve, no entanto, esbarrar na oposição dos EUA e da China, países com assento permanente no Conselho de Segurança, e que não reconhecem o recém-criado TPI (...)"

Nada disto retira justeza aos teus reparos sobre o execrável cinismo da Europa, remetida ao seu silêncio amorfo e, provavelmente, mais assassino do que os perdigotos bombistas do Bush - por vezes o Velho Continente parece-me um enorme peido burocrático! Mas, lá está, a minha intenção neste post era simplesmente indignar-me e não filosofar à volta da Europa vs. Eua.

P.S.- Não acham que os posts deviam ter mais tempo de vida no Granito? Que tal alterar os settings de modo a permitir que sejam apresentados mais posts na página?
 
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