sábado, novembro 6
Histórias de ficção ou de vida
Chama-se “Crónicas” e foi o espectáculo que, encenado por José Carretas, esteve em cena até 23 de Outubro na sala do Teatro das Beiras, na Rua da Trapa, na Covilhã. Baseado em quatro peças cómicas de Eduardo de Filippo, “Crónicas” é, antes de mais, uma hora de humor, mas também de ironia e reflexão.
Tome-se por cenários, despojados quanto baste mas eficazes e operacionais, os bastidores de uma companhia de teatro, uma farmácia ou uma sala que facilmente dá lugar a um quarto. Um cenário que vai mudando à medida que os textos avançam, assim a nu, à vista do público, como se de uma instalação ou de um in-progress teatral se tratasse.
A escolha dos textos foi uma opção bem feita e sobretudo bem trabalhada, corroborando a fama que recai sobre aquele que é hoje considerado um dos mais geniais intérpretes do teatro italiano. Tendo interpretado todos os géneros teatrais, da comédia italiana, à revista, De Filippo também é famoso pelo seu trabalho como actor no cinema e pelas adaptações das suas peças para o grande ecrã, como por exemplo Matrimónio à Italiana (1964), que foi indicado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e de Melhor Actriz com Sophia Loren.
O jogo de encenação, a cargo de José Carretas, é aqui esse jogar com os limites ténues entre o que é a realidade e a ficção. A fala da vida quotidiana dos actores, da vida nos bastidores, é, como se adivinha, um dos mecanismos brilhantes deste texto, para além, também, da já citada excelente gestão de todo o cenário e dos poucos adereços que o constituem.
Com um texto absolutamente fluido e leve, é na metáfora da relação do mundo do teatro com a sociedade a que está atrelado que José Carretas encontra nestes textos grande vigor. As mais simples situações abrem espaço para a apresentação de personagens que, presos a uma realidade que já não se sabe ou não ficção, servem de motivo para uma profunda reflexão sobre a sociedade que representam. O que importa é, sobretudo, o teatro na sua plenitude de representação, sem rodeios ou subterfúgios.
A interpretação está a cargo de Ana Margarida Carvalho, Fernando Landeira, Flávio Hamilton, Inês Leite e Paulo Narciso. Levemente onírico, porque nele se reflecte sobre a permanente aprendizagem da arte de viver, o espectáculo “Crónicas” fala de teatro mas fala também do hoje em que vivemos e em que, por vezes, ainda nos continua a ser difícil distinguir a ficção da realidade.
PS- A peça vai abrir o o Festival de Teatro da Covilhã, no seu 30º aniversário amanhã Domingo dia 7 de Novembro.
Tome-se por cenários, despojados quanto baste mas eficazes e operacionais, os bastidores de uma companhia de teatro, uma farmácia ou uma sala que facilmente dá lugar a um quarto. Um cenário que vai mudando à medida que os textos avançam, assim a nu, à vista do público, como se de uma instalação ou de um in-progress teatral se tratasse.
A escolha dos textos foi uma opção bem feita e sobretudo bem trabalhada, corroborando a fama que recai sobre aquele que é hoje considerado um dos mais geniais intérpretes do teatro italiano. Tendo interpretado todos os géneros teatrais, da comédia italiana, à revista, De Filippo também é famoso pelo seu trabalho como actor no cinema e pelas adaptações das suas peças para o grande ecrã, como por exemplo Matrimónio à Italiana (1964), que foi indicado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e de Melhor Actriz com Sophia Loren.
O jogo de encenação, a cargo de José Carretas, é aqui esse jogar com os limites ténues entre o que é a realidade e a ficção. A fala da vida quotidiana dos actores, da vida nos bastidores, é, como se adivinha, um dos mecanismos brilhantes deste texto, para além, também, da já citada excelente gestão de todo o cenário e dos poucos adereços que o constituem.
Com um texto absolutamente fluido e leve, é na metáfora da relação do mundo do teatro com a sociedade a que está atrelado que José Carretas encontra nestes textos grande vigor. As mais simples situações abrem espaço para a apresentação de personagens que, presos a uma realidade que já não se sabe ou não ficção, servem de motivo para uma profunda reflexão sobre a sociedade que representam. O que importa é, sobretudo, o teatro na sua plenitude de representação, sem rodeios ou subterfúgios.
A interpretação está a cargo de Ana Margarida Carvalho, Fernando Landeira, Flávio Hamilton, Inês Leite e Paulo Narciso. Levemente onírico, porque nele se reflecte sobre a permanente aprendizagem da arte de viver, o espectáculo “Crónicas” fala de teatro mas fala também do hoje em que vivemos e em que, por vezes, ainda nos continua a ser difícil distinguir a ficção da realidade.
PS- A peça vai abrir o o Festival de Teatro da Covilhã, no seu 30º aniversário amanhã Domingo dia 7 de Novembro.