quarta-feira, outubro 13
A ver um Fundão pelo Imago
Exmos. Srs e Sras da Direcção da Cinema Jovem
Dirijo-me aos Exmos. Srs e Sras. como fundanense, e na consciência de ter contribuído para as estatísticas do Imago na qualidade de público em geral, para lhes responder ao simpático “recado” que me dirigiram, como parte integrante desse grande conjunto que é a gente do Fundão e também do de público em geral, publicado no verso do chamado guia do festival, em seguimento ao brilhante texto do Sr. Presidente da Câmara Manuel Frexes, parte integrante do Jornal do Fundão, distribuído como guia do festival.
Em primeiro lugar quero felicitá-los por conseguirem chegar a esta edição de 2004 e, 6 anos volvidos, ainda encontrarem alguma semelhança com um qualquer sonho de 1998.
Desejo ainda endereçar-lhes os meus mais sinceros agradecimentos pelo bom “samaritanismo” com que apadrinharam “esta região onde quase todos se queixam de que nada acontece mas poucos fazem para mudar esse (“)status quo(“)” e nos oferecerem esta “metáfora” exemplar do que se pode fazer quando se tem todas as possibilidades e quase nenhum obstáculo.
A gente do Fundão agradece, muito obrigado.
E obrigado também pelo magnífico exemplo de inquietude que nos deram e pelo oásis que desvendaram.
Felizmente para nós que as pessoas de grande coração, as poucas que ainda restam neste mundo azedo, tomaram as rédeas da nossa pequena cidade e, consequentemente, dos nossos negros destinos, e que, através de resgates arriscados mas heróicos, conseguem trazer mais pessoas, com ainda maior coração, para a nossa modesta paróquia, mergulhando-nos em ondas de Hossanas e Aleluias pela salvação anunciada.
Essas pessoas trazem consigo a luz, a luz dos pacotes “ready-made” “pronto-a-usar” e nós agradecemos, oh como agradecemos que nos descalcem a bota e nos calcem o chinelo!
E gritamos bem alto:
-Hossana, muito obrigado.
Ah, como as nossas barrigas estão cheias e inchadas, depois da idade negra da fome e da pestilência, e como as exibimos às mesas dos cafés antes de, pela falta de razões para nos queixarmos, as exibirmos aos saltos nos concertos dos virtuosos Ramos e Felizardo ou dos Dezperados, ou ao som do magnífico Dj Portishead como da balalaica Rolling Stone. Até de manhã! Encharcar o corpo em vodka do Lidl na caverna da Beira Baixa, enquanto nos apercebemos que somos o centro do mundo!
Como somos felizes, agora que chegaram os grandes corações para nos proporcionarem diversão!
E somos felizes ao aninhar o corpo cansado num daqueles sacos de esferovite brilhantemente cedidos à última da hora por um “sponsor” de grande coração para dar alguma cor ao desértico multi-usos em véspera de festival.
Assim nascia o festival de cinema do Fundão, finalmente o oásis prometido, e por que todos esperavam. De um dia para o outro, 10 mil pessoas invadiam as ruas da cidade em frenesim, correndo avenida abaixo para conseguir chegar a tempo aos espectáculos das 0.00h, na outra ponta da cidade, depois de 45 minutos de cinema às 3 da tarde. Ou então deambulando freneticamente pelo multi-usos deserto, tentando decidir o que fazer a seguir, se ver as famílias “generosas” da cidade brincando alegremente nos sacos de esferovite, se ver a fabulosa exposição de fotografias e documentos valiosos relacionados com cinema. Entretanto ía-se jogando ao jogo do “E o teu cartão? Que letra tem?” com as 10 mil pessoas que por ali iam passando, havendo até registo de casos em que o jogo funcionou como de porca e parafuso, pois as letras “P” de “Public in general” e “N” de “No cards at all” eram raras, sendo que as “C” de “Camels in the desert” e as “G” de “Great hearted people” eram as mais frequentes, assim como as “V” de “Volunteers waiting to be taken advantage from”.
No caso dos “N”s e dos “P”s, 3 euros era o preço de uma viagem alucinante no universo cinematográfico. Duas horas enfiados numa tenda de trapos comprados no mercado de segunda-feira, com, pelo menos, 40 graus de temperatura a amenizar o ambiente montanhoso em que o som do filme se espalhava, devolvido depois por 6 ou 7 ângulos diferentes, acentuando o clima dramático em que se viam 30 cabeças de pessoas e por entre elas, o filme mais chato de Scorsese ou algumas curtas em competição de, possivelmente e dadas as circunstâncias, excelente qualidade.
Desde já um agradecimento especial também pela dinamização da economia local, representada não só pela indústria dos têxteis, tão importante para a região, mas também pela grande “indústria” da restauração, “sempre presente nos grandes eventos”.
Srs. e Sras. Directores da Cinema Jovem, mais uma vez, um grande e último bem-hajam.
Deixem-me no entanto acrescentar que há aqui um erro grave que não posso deixar passar em branco, (apesar do inebriamento de perfeição geral a que estivemos sujeitos).
Ora, esqueceram-se concerteza os Exmos. Srs e Sras Directoras da Cinema Jovem que organizavam um festival de cinema e não um arraial “fashion” de qualidade provinciana”, com aspirações a feira de vaidades, e que “Cinema Jovem” será talvez uma designação demasiado falaciosa para ser usada por algo semelhante a uma comissão de festas.
Mas a confusão de palavras e designações não fica por aqui, afinal o Imago não foi o oásis que pretendia ser, terá sido antes uma visão enublada das políticas estruturais e da cultura a que temos direito, acentuando a sede a que a interioridade nos tem condenado.
Terão caído no conto do vigário dos nossos governantes que, nunca esquecendo este facto, continuam a acreditar que, para estes “pobrezinhos” que nunca tiveram nada e que “nunca fizeram nada para mudar esse (“)status quo(“)”, um valente arraial era suficiente para que, pelo menos, deixassem de se queixar.
Atiram-nos aos olhos imitações de modelos de culturas que não são nossas, que por sua vez imitam modelos de culturas que também não são deles e assim sucessivamente.
Temos assim, finalmente no Fundão, um chill out, uma guest list e um staff, temos o electro-retro-neo-punk-alienado na discoteca, os Portishead e o Herbert no Alambique Dourado, os pins no casaco, as coleiras no pescoço e o cartão mal passado, e acima de tudo aquela feição de arrogância no rosto, característica de um qualquer modelo civilizacional distante do nosso.
Somos todos muito modernos e somos felizes.
Mas será que as pessoas do Fundão mereciam isto?
As festas na discoteca, os Djs tão facilmente brilhantes como decadentes no ciclo vertiginoso das modas, a alienação?
Se calhar mereciam, se calhar este é o castigo de um povo que se esqueceu de sentir, de sentir a emoção de uma grande representação teatral, de experimentar um arrepio na espinha à entrada do violino no Quartetto n.1 de Ligeti, da gargalhada de Fellini em grande ecrã, ou na magia de um Rembrandt real, diante dos olhos, e de tantas outras coisas.
As pessoas do Fundão esqueceram-se do que é cultura, e o castigo é a grande festa constante, porque um povo distraído é um povo feliz, e se juntarmos a isso a sensação de estar no centro do mundo apesar da mediocridade das iniciativas, começa a vislumbrar-se a próxima maioria absoluta.
Srs. e Sras Directoras da Cinema Jovem, apesar das críticas que se impunham, acredito sinceramente que o Imago tem “pernas para andar”, apesar de ter ficado, este ano, ainda muito longe daquilo que se pode considerar um evento de qualidade, e não são os milhares gastos em dois ou três nomes sonantes que transformam um saco cheio de curtas em competição na pior sala onde já vi cinema, num festival com a qualidade que, com certeza, todos desejaríamos para a cidade. Muito menos a euforia e a assustadora falta de auto-crítica e modéstia que se gerou, correndo-se o risco de acreditar que foi tudo tão maravilhoso, que nada há a modificar para a próxima edição.
Parabéns sinceros pelo esforço e boa sorte para o próximo ano.
Sem mais assunto de momento
Atenciosamente
David Carvalho
Dirijo-me aos Exmos. Srs e Sras. como fundanense, e na consciência de ter contribuído para as estatísticas do Imago na qualidade de público em geral, para lhes responder ao simpático “recado” que me dirigiram, como parte integrante desse grande conjunto que é a gente do Fundão e também do de público em geral, publicado no verso do chamado guia do festival, em seguimento ao brilhante texto do Sr. Presidente da Câmara Manuel Frexes, parte integrante do Jornal do Fundão, distribuído como guia do festival.
Em primeiro lugar quero felicitá-los por conseguirem chegar a esta edição de 2004 e, 6 anos volvidos, ainda encontrarem alguma semelhança com um qualquer sonho de 1998.
Desejo ainda endereçar-lhes os meus mais sinceros agradecimentos pelo bom “samaritanismo” com que apadrinharam “esta região onde quase todos se queixam de que nada acontece mas poucos fazem para mudar esse (“)status quo(“)” e nos oferecerem esta “metáfora” exemplar do que se pode fazer quando se tem todas as possibilidades e quase nenhum obstáculo.
A gente do Fundão agradece, muito obrigado.
E obrigado também pelo magnífico exemplo de inquietude que nos deram e pelo oásis que desvendaram.
Felizmente para nós que as pessoas de grande coração, as poucas que ainda restam neste mundo azedo, tomaram as rédeas da nossa pequena cidade e, consequentemente, dos nossos negros destinos, e que, através de resgates arriscados mas heróicos, conseguem trazer mais pessoas, com ainda maior coração, para a nossa modesta paróquia, mergulhando-nos em ondas de Hossanas e Aleluias pela salvação anunciada.
Essas pessoas trazem consigo a luz, a luz dos pacotes “ready-made” “pronto-a-usar” e nós agradecemos, oh como agradecemos que nos descalcem a bota e nos calcem o chinelo!
E gritamos bem alto:
-Hossana, muito obrigado.
Ah, como as nossas barrigas estão cheias e inchadas, depois da idade negra da fome e da pestilência, e como as exibimos às mesas dos cafés antes de, pela falta de razões para nos queixarmos, as exibirmos aos saltos nos concertos dos virtuosos Ramos e Felizardo ou dos Dezperados, ou ao som do magnífico Dj Portishead como da balalaica Rolling Stone. Até de manhã! Encharcar o corpo em vodka do Lidl na caverna da Beira Baixa, enquanto nos apercebemos que somos o centro do mundo!
Como somos felizes, agora que chegaram os grandes corações para nos proporcionarem diversão!
E somos felizes ao aninhar o corpo cansado num daqueles sacos de esferovite brilhantemente cedidos à última da hora por um “sponsor” de grande coração para dar alguma cor ao desértico multi-usos em véspera de festival.
Assim nascia o festival de cinema do Fundão, finalmente o oásis prometido, e por que todos esperavam. De um dia para o outro, 10 mil pessoas invadiam as ruas da cidade em frenesim, correndo avenida abaixo para conseguir chegar a tempo aos espectáculos das 0.00h, na outra ponta da cidade, depois de 45 minutos de cinema às 3 da tarde. Ou então deambulando freneticamente pelo multi-usos deserto, tentando decidir o que fazer a seguir, se ver as famílias “generosas” da cidade brincando alegremente nos sacos de esferovite, se ver a fabulosa exposição de fotografias e documentos valiosos relacionados com cinema. Entretanto ía-se jogando ao jogo do “E o teu cartão? Que letra tem?” com as 10 mil pessoas que por ali iam passando, havendo até registo de casos em que o jogo funcionou como de porca e parafuso, pois as letras “P” de “Public in general” e “N” de “No cards at all” eram raras, sendo que as “C” de “Camels in the desert” e as “G” de “Great hearted people” eram as mais frequentes, assim como as “V” de “Volunteers waiting to be taken advantage from”.
No caso dos “N”s e dos “P”s, 3 euros era o preço de uma viagem alucinante no universo cinematográfico. Duas horas enfiados numa tenda de trapos comprados no mercado de segunda-feira, com, pelo menos, 40 graus de temperatura a amenizar o ambiente montanhoso em que o som do filme se espalhava, devolvido depois por 6 ou 7 ângulos diferentes, acentuando o clima dramático em que se viam 30 cabeças de pessoas e por entre elas, o filme mais chato de Scorsese ou algumas curtas em competição de, possivelmente e dadas as circunstâncias, excelente qualidade.
Desde já um agradecimento especial também pela dinamização da economia local, representada não só pela indústria dos têxteis, tão importante para a região, mas também pela grande “indústria” da restauração, “sempre presente nos grandes eventos”.
Srs. e Sras. Directores da Cinema Jovem, mais uma vez, um grande e último bem-hajam.
Deixem-me no entanto acrescentar que há aqui um erro grave que não posso deixar passar em branco, (apesar do inebriamento de perfeição geral a que estivemos sujeitos).
Ora, esqueceram-se concerteza os Exmos. Srs e Sras Directoras da Cinema Jovem que organizavam um festival de cinema e não um arraial “fashion” de qualidade provinciana”, com aspirações a feira de vaidades, e que “Cinema Jovem” será talvez uma designação demasiado falaciosa para ser usada por algo semelhante a uma comissão de festas.
Mas a confusão de palavras e designações não fica por aqui, afinal o Imago não foi o oásis que pretendia ser, terá sido antes uma visão enublada das políticas estruturais e da cultura a que temos direito, acentuando a sede a que a interioridade nos tem condenado.
Terão caído no conto do vigário dos nossos governantes que, nunca esquecendo este facto, continuam a acreditar que, para estes “pobrezinhos” que nunca tiveram nada e que “nunca fizeram nada para mudar esse (“)status quo(“)”, um valente arraial era suficiente para que, pelo menos, deixassem de se queixar.
Atiram-nos aos olhos imitações de modelos de culturas que não são nossas, que por sua vez imitam modelos de culturas que também não são deles e assim sucessivamente.
Temos assim, finalmente no Fundão, um chill out, uma guest list e um staff, temos o electro-retro-neo-punk-alienado na discoteca, os Portishead e o Herbert no Alambique Dourado, os pins no casaco, as coleiras no pescoço e o cartão mal passado, e acima de tudo aquela feição de arrogância no rosto, característica de um qualquer modelo civilizacional distante do nosso.
Somos todos muito modernos e somos felizes.
Mas será que as pessoas do Fundão mereciam isto?
As festas na discoteca, os Djs tão facilmente brilhantes como decadentes no ciclo vertiginoso das modas, a alienação?
Se calhar mereciam, se calhar este é o castigo de um povo que se esqueceu de sentir, de sentir a emoção de uma grande representação teatral, de experimentar um arrepio na espinha à entrada do violino no Quartetto n.1 de Ligeti, da gargalhada de Fellini em grande ecrã, ou na magia de um Rembrandt real, diante dos olhos, e de tantas outras coisas.
As pessoas do Fundão esqueceram-se do que é cultura, e o castigo é a grande festa constante, porque um povo distraído é um povo feliz, e se juntarmos a isso a sensação de estar no centro do mundo apesar da mediocridade das iniciativas, começa a vislumbrar-se a próxima maioria absoluta.
Srs. e Sras Directoras da Cinema Jovem, apesar das críticas que se impunham, acredito sinceramente que o Imago tem “pernas para andar”, apesar de ter ficado, este ano, ainda muito longe daquilo que se pode considerar um evento de qualidade, e não são os milhares gastos em dois ou três nomes sonantes que transformam um saco cheio de curtas em competição na pior sala onde já vi cinema, num festival com a qualidade que, com certeza, todos desejaríamos para a cidade. Muito menos a euforia e a assustadora falta de auto-crítica e modéstia que se gerou, correndo-se o risco de acreditar que foi tudo tão maravilhoso, que nada há a modificar para a próxima edição.
Parabéns sinceros pelo esforço e boa sorte para o próximo ano.
Sem mais assunto de momento
Atenciosamente
David Carvalho
Comments:
<< Home
Camarada David: Só posso concordar contigo quanto à falta de condições da sala de projecção e consequente acustica (ou falta dela) do espaço em geral.De qualquer maneira preferi aquela tenda improvisada do que ter que entrar num centro comercial para ver as curtas e os filmes exibidos... No entanto, discordo contigo, como sabes, na tua politica de terra queimada em que refastelado na capital dizes levianamente que mais vale não fazer nada no Fundão do que iniciativas deste tipo...Festa? Sim, e porque não? O espirito critico não desaparece pelo povo andar em festa...o Imago foi uma anormalidade, uma anormalidade para o normal marasmo duma terra que está morta quase todo o ano. É "cultura empacotada" e "fashion"? Sim, é! Mas talvez a culpa seja minha e seja também tua, pois é facil criticar o trabalho dos outros quando nós nada fazemos. É preciso dizer: "Isto é uma merda, o meu projecto é melhor. Está aqui e é exequivel", e a verdade é que não apresentamos alternativas (e aqui tambem me incluo), só bitaites para o ar...
Abraço.
Abraço.
Camarada David: não estou comprometido, como aliás sabes muito bem, com nenhuma "equipa" de produção cultural ou outra qualquer. Ambos pecamos por excesso, talvez eu só veja as coisas boas e tente tirar partido delas, e tu sejas absolutamente o oposto.
Abraços e vês se apareces na terrinha.
P.S.: O teu DVD está pronto.
Abraços e vês se apareces na terrinha.
P.S.: O teu DVD está pronto.
Amigo Careca
Estou a pensar organizar um concurso de cantigas de escárnio e maldizer, posso contar contigo como cantor e poeta convidado?
Um Abraço
Miguel Pereira
Estou a pensar organizar um concurso de cantigas de escárnio e maldizer, posso contar contigo como cantor e poeta convidado?
Um Abraço
Miguel Pereira
O despesismo é evidente, nisso tens toda a razão. No entanto, acho que ainda não há condições para os agentes culturais da sociedade civil da Beira Interior,e em especial do Fundão, terem meios para serem economicamente auto-suficientes...infelizmente na parte económica temos mesmo que depender em grande parte do Poder. Lá está o k dizia, se formos nós a apresentar projectos os fundos são direccionados para outras culturas, mas desengana-te, pois será sempre aproveitado propagandisticamente...resta-nos esperar que nos saia o euromilhões e transformarmo-nos em Mecenas, hehehe.
"Mas será que as pessoas do Fundão mereciam isto?"
Não! Definitivamente não!
Mereciam e merecem muito mais, e é isso que procuraremos oferecer nos próximos anos.
É com gente saudável, crítica e participativa como aquela com quem lidámos no IMAGO (e entre os quais o incluímos) que com certeza conseguiremos fazer um IMAGO cada vez melhor. Ao contrário do que pensa (porque não nos conhece) estamos sempre abertos a todas as críticas e sugestões.
Mas, como é natural, as decisões e opções programáticas continuarão a caber-nos a nós. Até porque se achamos perfeitamente justas e adequadas muitas das críticas que por aqui foram deixando, outras há que achamos não terem o mais mínimo fundamento. Alguém tem de decidir e escolher. E nesta como noutras situações não existem certos ou errados absolutos.
Quantas e quantas cidades gostariam de ter vivido os momentos únicos e irrepetíveis de fruição cultural que se viveram durante o IMAGO? Mas foi aqui no Fundão que eles aconteceram e por isso aqui se deslocaram centenas de pessoas de todas as partes de Portugal.
Na vertente financeira deveria preocupar-se mais com outras acções. Pois como poderá comprovar, se se quiser dar ao trabalho, o IMAGO custou à Câmara cerca de 25% do orçamento total do festival, tendo sido gasto directa ou indirectamente na cidade mais de 50% do mesmo. Se conhecer algum outro evento tão rentável nesta ou noutra câmara vizinha tiramos-lhe desde já o chapéu.
Esperamos continuar a agitar consciências e acreditamos piamente nas boas intenções da nossa inquietude.
Um grande obrigado, mais uma vez, a todos os que contribuíram para um IMAGO fantástico.
Os Srs e Sras da Direcção da Cinema Jovem
ps: Obrigado a todos os que por este ou outros meios nos foram fazendo chegar as suas críticas e sugestões. Continuem a fazê-lo que nós continuaremos a tomá-las em linha de conta para futuras edições, dentro das nossas possibilidades.
Também compreenderão que este post, mais que uma resposta, é uma forma de comunicar a todos o nosso agradecimento, pelo que a nossa participação no Granito começará e acabará por aqui. Sabem onde nos podem encontrar. As nossas portas estão abertas para todos!
Não! Definitivamente não!
Mereciam e merecem muito mais, e é isso que procuraremos oferecer nos próximos anos.
É com gente saudável, crítica e participativa como aquela com quem lidámos no IMAGO (e entre os quais o incluímos) que com certeza conseguiremos fazer um IMAGO cada vez melhor. Ao contrário do que pensa (porque não nos conhece) estamos sempre abertos a todas as críticas e sugestões.
Mas, como é natural, as decisões e opções programáticas continuarão a caber-nos a nós. Até porque se achamos perfeitamente justas e adequadas muitas das críticas que por aqui foram deixando, outras há que achamos não terem o mais mínimo fundamento. Alguém tem de decidir e escolher. E nesta como noutras situações não existem certos ou errados absolutos.
Quantas e quantas cidades gostariam de ter vivido os momentos únicos e irrepetíveis de fruição cultural que se viveram durante o IMAGO? Mas foi aqui no Fundão que eles aconteceram e por isso aqui se deslocaram centenas de pessoas de todas as partes de Portugal.
Na vertente financeira deveria preocupar-se mais com outras acções. Pois como poderá comprovar, se se quiser dar ao trabalho, o IMAGO custou à Câmara cerca de 25% do orçamento total do festival, tendo sido gasto directa ou indirectamente na cidade mais de 50% do mesmo. Se conhecer algum outro evento tão rentável nesta ou noutra câmara vizinha tiramos-lhe desde já o chapéu.
Esperamos continuar a agitar consciências e acreditamos piamente nas boas intenções da nossa inquietude.
Um grande obrigado, mais uma vez, a todos os que contribuíram para um IMAGO fantástico.
Os Srs e Sras da Direcção da Cinema Jovem
ps: Obrigado a todos os que por este ou outros meios nos foram fazendo chegar as suas críticas e sugestões. Continuem a fazê-lo que nós continuaremos a tomá-las em linha de conta para futuras edições, dentro das nossas possibilidades.
Também compreenderão que este post, mais que uma resposta, é uma forma de comunicar a todos o nosso agradecimento, pelo que a nossa participação no Granito começará e acabará por aqui. Sabem onde nos podem encontrar. As nossas portas estão abertas para todos!
É saudável que se critique um evento, mas cuidado com essa combustão, com essa distorção das coisas, com esse exagero que leva os factos para outros terrenos. O David, mais uma vez, apesar da sua habitual ironia fácil, não consegue disfarçar um ódio e uma inveja patológica por a coisas estarem francamente a melhorar. Pois é, já nos vamos acostumando a sujeitos como o David que precisam do discurso miserabilista como de pão para a boca. É uma espécie de auto-promoção, uma solução para problemas de auto-estima, porventura. O provincianismo também se deve, em grande parte, a tipos como o David que têm muitos nomes na cabeça, muitas referências avulsas, muita crítica de pacote cheia de clichés, mas poucas ideias, poucos conteúdos, pouco conhecimento em relação ao objecto da sua crítica,e em relação aos poetas, músicos, pintores, filósofos cujo nome vai pendurando na sua barraquinha da feira do "invoco em vão, mas invoco". O vento abala um nome. Resultará um poeminha, ou uma crítica "aclichezada"? É essa a sua forma de estar. Há espaço para todos.
Miguel
Miguel
Ó Miguel, acho que o David não exagerou assim tanto. A única coisa de jeito que vi, com alguma piada, foi aquela curta feita às três pancadas dos putos canzanas. Por aqui, já vemos como o festival esteve nivelado por baixo. Acredito que para o ano, com a Moagem, isto dê um salto qualitativo gigante.
pedro j.
pedro j.
A toda a equipa liderada pelo Pedro Ramos, ao pelouro da cultura e a todos os voluntários e participantes do Imago,
Como num célebre conto, muitos se riem e criticam as transformações, o progresso, a solidariedade entre os homens ou entre as instituições, a luta pela afirmação e democratização da cultura, o trabalho árduo, as novas ideias, as novas formas, mesmo quando a realidade é adversa. Aos verdadeiros criadores e inconformistas desta região, aqueles que não encaram tudo com o bafo da fatalidade, o meu obrigado pessoal por acreditarem e lutarem por este projecto. Continuem a debater-se pelo Imago, pois tenho a certeza que crescerá cada vez mais em qualidade e não liguem a meia dúzia de snobs reaccionários que temem que José Cardoso Pires deixe de ser actual, e que passe a ser datado, o que certamente lhes complicaria a crítica. Voltando a esse célebre conto, não se importem com o riso ou com a crítica dos outros, pois neste mundo nunca se fez alguma coisa boa que não fosse acolhida com sorrisos críticos por certos homens, e tenham o siso suficiente para perceber que nesses tais cegos, por sistema, o riso e a crítica são uma doença, ainda assim das menos repelentes.
Boa Sorte nas edições futuras! Até ao próximo ano!
Vera
Como num célebre conto, muitos se riem e criticam as transformações, o progresso, a solidariedade entre os homens ou entre as instituições, a luta pela afirmação e democratização da cultura, o trabalho árduo, as novas ideias, as novas formas, mesmo quando a realidade é adversa. Aos verdadeiros criadores e inconformistas desta região, aqueles que não encaram tudo com o bafo da fatalidade, o meu obrigado pessoal por acreditarem e lutarem por este projecto. Continuem a debater-se pelo Imago, pois tenho a certeza que crescerá cada vez mais em qualidade e não liguem a meia dúzia de snobs reaccionários que temem que José Cardoso Pires deixe de ser actual, e que passe a ser datado, o que certamente lhes complicaria a crítica. Voltando a esse célebre conto, não se importem com o riso ou com a crítica dos outros, pois neste mundo nunca se fez alguma coisa boa que não fosse acolhida com sorrisos críticos por certos homens, e tenham o siso suficiente para perceber que nesses tais cegos, por sistema, o riso e a crítica são uma doença, ainda assim das menos repelentes.
Boa Sorte nas edições futuras! Até ao próximo ano!
Vera
Pedro, não tentes atirar pó para a cara das pessoas: a maior parte das vezes não se desculpou um criticado(só quando a crítica era totalmente descabida ou bastante discutível). Além disso, não vejo problema nenhum em criticar um crítico. Como alguém escreveu, esta nossa tendenciosa mania que um crítico é um "deus super omnia" tem de acabar. É provincianismo rematado. Agora é triste ver o ricardo camuflado constantemente(quantas vezes?), deve estar a fugir do espectro Paulouro. Ser ou não Ser...
João
João
O fiúza a dar lições de moral? Estarei a sonhar? Isto está mesmo mudado… Ai, este “sangue binário” está a dar voltas à cabeça deste amiguinho…Coitadinho do crítico que já não pode criticar sem ser criticado…Vamos formar todos o grupo dos “críticos criticados” com uma efectiva “consciência de classe”- Juntos podemos vencê-los!
Tão cómico este David! Escreva esse post à vontade, rebole nos seus queixumes. O poder político é por natureza mau, isso já se sabe que o David acha, mesmo quando tem uma base democrática. O David é que vive na tanga propagandística contra a cmf e o seu próximo post será mais um manifesto populista e demagógico. Nem precisa de o escrever. Se a cmf não tivesse apoiado o Imago, o senhor estaria a aplaudir, o resto são balelas! Não faço parte da organização do imago, nem da cmf; sou apenas um espectador a opinar e é por não querer ver ninguém a passar por parvo que lhe respondi. Se quer entrar pelo caminho da insinuação e da crítica destrutiva, faça favor, essa é a arma predilecta dos fracos. Quanto a mim, por aqui me fico. Conspirações, não, obrigado, prefiro um bom policial. Mais uma vez, não apresentou uma única ideia. Porque não escreve um “post” verdadeiramente construtivo com sugestões de índole diversa?
Miguel
Miguel
O David voltou ao granito. Sim senhor, é de louvar! Pensei que ainda não tivesse recuperado, depois de ter sido arrasado pelo famoso Pascal até ter dó de si, ou depois daquela célebre frase de antologia do Pelejão Iluminado, no seu discurso para a República terceiro-mundista que governa, quando se referiu ao David como “presa fácil dos abutres medíocres”(nem o pelejão conseguiu ser tão cínico ao ponto de dizer bem do David). Foi a cereja no bolo, a machadada final, um consolo masoquista para o alvo. Nada disto obviamente é trágico para um “existencialista amargo” como este, habituado a levar de todos os lados e de todos os maus. Estou em crer que para ouvir um cadáver ambulante como o David, precisamos de dois requisitos: ser gaja e ser vazia. Porquê? Porque o David não é misógino, por um lado, e porque gosta de encher gajas vazias, por outro lado. O resto é amizade.
O texto de carpideira moralista pelejónica bem se esforçou para que o clima de amizade voltasse a respirar no Modem de cada um de nós…em vão. Só podia falhar a sua missão, o nosso Príncipe Iluminado. Fífias de cariz processual. Começou por escamotear todas as contradições e divergências inerentes aos vários embates e, incapaz de as ultrapassar no plano real, refugiou-se em coisas tão vagas como os “valores eternos”. Assistimos, assim, a uma ganga filosofante, a uma carga palavrosa digna de uma caixa de pandora que se socorre de todos os clichés pseudometafísicos (sem esquecer os quadros para facilitar a nossa percepção), esforçando-se desesperadamente por arrancar lagriminhas ao cadáver e aos abutres. O resultado está à vista, népia.
Solução: bastava uma apropriação do rei do manguito (já vi a foto dele por aqui) para ser mais veemente e eficaz. Ora, leia(m):
“(…) se tudo nos prova, agora e aqui, que o autêntico convívio resulta de nos pronunciarmos como somos, rigorosamente pessoais, cruelmente duros para os hesitantes e para os oportunistas(que são a maioria), sem respeitos humanos nem silêncios falaciosos; se a convivência só é honrada por uma fecunda polémica, pela lealdade dos termos em que esta for posta, na mútua consideração que, mau grado adversários, se dedicam aqueles que sabem lutar e viver por uma (sua) verdade – como poderemos acreditar nessa outra convivência possível em que nada mais descobrimos senão um pretexto, uma escusa espertalhona para a nossa inutilidade e a nossa submissão conformista? A Polémica é a razão da nossa permanência.”
Em relação ao David, tenho a dizer que é muito mais idiota do que, à primeira vista, se podia imaginar. Além de idiota é reincidente, o que é deplorável. Mas tudo tem remédio: partilhem uma bolachinha com ele e molhem-na no chazinho das cinco ao som da “mais fina composição de Arvo Part”. Vão vê-lo sorrir.
P.S.: Agradeço do fundo do coração ao David por nos poupar a todos das suas receitas românticas e por nos ter brindado com uma pequenina e irrelevante polémica (tudo o que não seja poesia execrável é aceite pelo bom gosto e pelo pilar axiológico máximo da Tolerância).
Zé das caldas
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O texto de carpideira moralista pelejónica bem se esforçou para que o clima de amizade voltasse a respirar no Modem de cada um de nós…em vão. Só podia falhar a sua missão, o nosso Príncipe Iluminado. Fífias de cariz processual. Começou por escamotear todas as contradições e divergências inerentes aos vários embates e, incapaz de as ultrapassar no plano real, refugiou-se em coisas tão vagas como os “valores eternos”. Assistimos, assim, a uma ganga filosofante, a uma carga palavrosa digna de uma caixa de pandora que se socorre de todos os clichés pseudometafísicos (sem esquecer os quadros para facilitar a nossa percepção), esforçando-se desesperadamente por arrancar lagriminhas ao cadáver e aos abutres. O resultado está à vista, népia.
Solução: bastava uma apropriação do rei do manguito (já vi a foto dele por aqui) para ser mais veemente e eficaz. Ora, leia(m):
“(…) se tudo nos prova, agora e aqui, que o autêntico convívio resulta de nos pronunciarmos como somos, rigorosamente pessoais, cruelmente duros para os hesitantes e para os oportunistas(que são a maioria), sem respeitos humanos nem silêncios falaciosos; se a convivência só é honrada por uma fecunda polémica, pela lealdade dos termos em que esta for posta, na mútua consideração que, mau grado adversários, se dedicam aqueles que sabem lutar e viver por uma (sua) verdade – como poderemos acreditar nessa outra convivência possível em que nada mais descobrimos senão um pretexto, uma escusa espertalhona para a nossa inutilidade e a nossa submissão conformista? A Polémica é a razão da nossa permanência.”
Em relação ao David, tenho a dizer que é muito mais idiota do que, à primeira vista, se podia imaginar. Além de idiota é reincidente, o que é deplorável. Mas tudo tem remédio: partilhem uma bolachinha com ele e molhem-na no chazinho das cinco ao som da “mais fina composição de Arvo Part”. Vão vê-lo sorrir.
P.S.: Agradeço do fundo do coração ao David por nos poupar a todos das suas receitas românticas e por nos ter brindado com uma pequenina e irrelevante polémica (tudo o que não seja poesia execrável é aceite pelo bom gosto e pelo pilar axiológico máximo da Tolerância).
Zé das caldas
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