quinta-feira, outubro 28
Filosofia de bolso ou a Verdade de La Palisse?
Alguns chamam-lhe "postart", outros teimam em continuar a falar de pós-modernismo, os mais fiéis ficam-se por arte contemporânea, enquanto outros situam-nos no relativismo total.
A História como ciência humana aprendeu a distanciar-se do momento presente analisando e comentando a jeito de "press-release" os eventos pelo menos 20 anos depois de eles terem acontecido. Enquanto isso acontece e não acontece, os críticos de arte portugueses não perdem tempo e lançam mão à obra nos jornais de domingo, também em jeito de comunicado de imprensa.
Já os críticos estrangeiros redobram esforços para tentar compreender em que paradigma nos encontramos. A labuta destes últimos cai nas boas graças dos artistas portugueses que se apoiam nos neologismos criados pelos novo-filósofos para poderem continuar a mandar piadas uns aos outros nas conferências.
Se se tentar reduzir o sistema das artes ao essencial restam três factores: o artista, a peça, e o comprador. Não tenho a menor dúvida que destes três agentes, o mais importante é aquele que literalmente decide a validade e valor dos outros dois, ou seja, o comprador/espectador. Ele pode mesmo ditar sobre a existência do artista enquanto isso, e da obra de arte enquanto arte. Por outras palavras, se o comprador preferir, e achar que lhe daria mais "status", comprar um seixo da zona do Pinhal moldado pelo rio Zêzere, o artista morria de fome e consequentemente peça de arte não cumpria a sua função social.
Por outras palavras (tentando não cometer nenhuma falácia e prometendo a ausência de sufismos):
Como todos os outros conceitos e ciclos, como todas as outras sistematizações, ideias, imagens, palavras, narrativas, a arte não passa de uma construção mental humana. Se algum parvo achar que tudo é arte, essa ideia passa a existir. Citando as sábias palavras de Paradocsiére de la Palisse: "Não sabemos da existência de tudo, mas sabemos que tudo existe."
Voltando agora à realidade social, acredito piamente que há duas formas de ser respeitado por ser artista. A primeira é por conhecimentos e por trabalho, leia-se, tendo muitos amigos críticos, comissários, donos de museus, galeristas, jornalistas, fotógrafos e ao mesmo tempo ir desenvolvendo trabalho que seja validado por eles. A segunda é tendo algum dinheiro para fazer coisas bizarras, muito grandes, ou muito pequenas, internéticas, ou cirúrgicas aliando-se de algum modo à tonteria ou à ciência (está de volta a velha máxima: "ars sine scientia nihil").
Publicado primeiramente em dois "posts" distintos em www.fbaup.blogspot.com
A História como ciência humana aprendeu a distanciar-se do momento presente analisando e comentando a jeito de "press-release" os eventos pelo menos 20 anos depois de eles terem acontecido. Enquanto isso acontece e não acontece, os críticos de arte portugueses não perdem tempo e lançam mão à obra nos jornais de domingo, também em jeito de comunicado de imprensa.
Já os críticos estrangeiros redobram esforços para tentar compreender em que paradigma nos encontramos. A labuta destes últimos cai nas boas graças dos artistas portugueses que se apoiam nos neologismos criados pelos novo-filósofos para poderem continuar a mandar piadas uns aos outros nas conferências.
Se se tentar reduzir o sistema das artes ao essencial restam três factores: o artista, a peça, e o comprador. Não tenho a menor dúvida que destes três agentes, o mais importante é aquele que literalmente decide a validade e valor dos outros dois, ou seja, o comprador/espectador. Ele pode mesmo ditar sobre a existência do artista enquanto isso, e da obra de arte enquanto arte. Por outras palavras, se o comprador preferir, e achar que lhe daria mais "status", comprar um seixo da zona do Pinhal moldado pelo rio Zêzere, o artista morria de fome e consequentemente peça de arte não cumpria a sua função social.
Por outras palavras (tentando não cometer nenhuma falácia e prometendo a ausência de sufismos):
Como todos os outros conceitos e ciclos, como todas as outras sistematizações, ideias, imagens, palavras, narrativas, a arte não passa de uma construção mental humana. Se algum parvo achar que tudo é arte, essa ideia passa a existir. Citando as sábias palavras de Paradocsiére de la Palisse: "Não sabemos da existência de tudo, mas sabemos que tudo existe."
Voltando agora à realidade social, acredito piamente que há duas formas de ser respeitado por ser artista. A primeira é por conhecimentos e por trabalho, leia-se, tendo muitos amigos críticos, comissários, donos de museus, galeristas, jornalistas, fotógrafos e ao mesmo tempo ir desenvolvendo trabalho que seja validado por eles. A segunda é tendo algum dinheiro para fazer coisas bizarras, muito grandes, ou muito pequenas, internéticas, ou cirúrgicas aliando-se de algum modo à tonteria ou à ciência (está de volta a velha máxima: "ars sine scientia nihil").
Publicado primeiramente em dois "posts" distintos em www.fbaup.blogspot.com