sexta-feira, outubro 22

…ainda os comentários

Confesso que tem-me sido difícil formar uma opinião devidamente fundamentada sobre a existência ou não, neste blog, das caixinhas dos comentários. Tenho lido as opiniões dos outros pedreiros e feito a devida digestão das suas razões. Mais do que apresentar uma opinião formada, acho que prefiro deixar aqui os argumentos pró e contra que têm alimentado as minhas dúvidas:
1- À partida, discordei instintivamente da abolição das ditas caixinhas. Tal como o Pelejão, penso eu, a reacção à queima-roupa foi mais por (de)formação profissional do que racional. Depois, deixei arrefecer o impacto inicial, destranquei o hermetismo dos princípios e desatei a pôr tudo em causa…
2- Não nego que me provocava um tremendo desconforto o nível baixo, reles e totalmente desprovido de sentido a que chegavam algumas trocas de opiniões. Principalmente quando insistiam mais no ataque pessoal, anónimo e insultuoso, do que no debate do conteúdo do post propriamente dito. Muitas foram as vezes em que a discussão perdeu todo o sentido de lógica e valor para se transformar numa guerrilha cobarde promovida por snippers camuflados. Estava aqui encontrado um argumento pró-abolição, essencialmente porque, por um lado, qualquer um tem direito ao seu bom nome e, por outro, não reconheço qualquer legitimidade a quem faz declarações públicas sob anonimato.
3- É indiscutível que a troca de opiniões em sede própria, e mesmo uma boa e inteligente picardia, enriquecem tremendamente o blog. Ver o Granito assim despido desse linguajar, imerso num estranho silêncio, parece-me claramente contrário à filosofia e mística que esteve subjacente à sua criação. Além do mais, dependendo do pé que saía primeiro da cama, ou simplesmente desdenhava de certos comentários com um sobranceiro desprezo, e isso parecia bastar-me, ou então entrava na barafunda e dizia de minha justiça. Esta liberdade de fazer uma coisa ou outra parece-me muito mais justa do que este silêncio. Cá estava um argumento contra a abolição dos comentários.
4- Porém, para o mal e para o bem, o Granito ganhou a "notoriedade" que se sabe e percebia-se que a regularidade das visitas e a acutilância dos comentários colocavam um simples blog num patamar que já não tinha nada de simples. Houve alturas em que dei por mim a pensar no Granito como quem pensa num jornal, com as inerentes regras, limites e filosofias editoriais. Partindo desta abordagem, nunca num jornal se publicariam alguns escritos que aqui deram à estampa nas caixas de comentários. No limite, por uma mera questão de bom-senso ou bom-gosto. Mas essencialmente por uma questão de princípio e seriedade. Ou seja, nos jornais publicam-se direitos de resposta, cartas de leitores, e outras opiniões várias mas sempre até um certo limite e com os seus autores claramente identificados. Para exemplificar gostava de ter agora aqui à mão um texto de Fernando Palouro Neves onde ele justificava a sua recusa em continuar a alimentar uma discussão entre duas pessoas, que se alongava há várias semanas no Jornal do Fundão através do espaço do leitor, mas que, entretanto, já descambara para o insulto pessoal e que nada de mais (sério) acrescentava.
5- A conclusão que me é possível tirar disto tudo é que por mais que queiram escudar-se na liberdade de expressão simplesmente para insultar, caluniar e denegrir sob anonimato, devem ser levantados limites. Quais? Bom, aqueles que cada um dos escribas entender. Proponho que cada um dos pedreiros dê a liberdade que entender aos seus posts, através das várias ferramentas que o Blog dispõe: ou impedir os comentários a um determinado post, ou impedir comentários anónimos, ou até mesmo ser o próprio a usar do seu discernimento e, em último caso, simplesmente apagar comentários que sinta que ultrapassam os seus limites. É algo discricionário mas penso que seja o melhor sistema.

Um grande abraço a todos

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