terça-feira, setembro 28

Poesia, Terra de minha mãe

A Rui Pelejão Marques

Há livros que nos marcam porque rimam com tudo aquilo que gostamos, o sol, a terra, a memória, a poesia. "Poesia, Terra de minha mãe" é uma festa das origens, é a peregrinação de Eugénio de Andrade pelos campos da Atalaia, por Castelo Novo, Alpedrinha, Fundão, fixada pelo fotógrafo Dario Gonçalves, detentor desse olhar solar sobre a realidade áspera do mundo.
A musicalidade da palavra de Eugénio, onde se pressente a memória de outros ritmos, dá forma a esse diálogo entre a terra e a vida.
Com uma luz intensa, basta um poema de Eugénio de Andrade para nos sentirmos num espaço que nos é familiar, em harmonia com o mundo e com as origens. Não será por acaso que Eugénio escolheu um nome que, à letra, significa "bem nascido".
No entanto, Eugénio não será nunca um poeta regional, mas sim universal. Os seus versos não são apenas para a Beira Baixa porque já são do mundo. Do mesmo modo, a imagem de Dario Gonçalves colhe o mesmo lirismo das coisas, com a mesma veemência. Quando abrimos "Poesia, Terra de minha mãe" sentimos a força das origens e esse odor inesquecível que é o da terra molhada depois da chuva.





Comments:
Mensagens como esta são uma verdadeira arqueologia visual, implícita nessa fotografia notável, mas, sobretudo, nessa grande referência que é a poesia de Eugénio de Andrade. Tomar consciência dessa prodigiosa lição que é a literatura, associada à vertigem da imagem é reencontrar para elas um lugar, não apenas na história das imagens, mas na própria memória do mundo e dos seus desígnios.
Uma leitura do livro muito pertinente. Vou já tentar comprá-lo! Obrigado.
 
Ricardo Coração de Leão, um grande bem haja pela evocação do Eugénio de Andrade, e pela dedicatória, costumo "frequentar" esse livro com o mesmo carinho com que visito a minha avó Piedade, é bom que as palavras sirvam a memória dos afectos.

Um abraço
 
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