quarta-feira, setembro 1

Ilustração


A mãe lua já partiu em viagem. As delícias das formas fractalizadas animam este amanhecer paradisíaco na cidade dos meus sonhos mais tripados. Os cães ladram. Acabei de ver um duende a passar. Ele exclamou com uma voz psicadélica que o dragão lhe estava a tirar fotografias fluorescentes.
A mais marada de todas as cenas foi uma menina linda (parecia uma fada vinda de um lago encantado) que chegou ao pé de mim e sorriu. Ficámos em silêncio durante 4 horas a olhar para as estrelas que se movimentavam em espirais. De repente passou um mocho branco que nos avisou que os Rastaliens iam começar a tocar. Não me lembro de mais nada a partir daí.

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Cheguei agora do Festival do Vento, de Castelo Novo, dum encontro de poetas ibéricos que me ficará para sempre na memória mais autêntica. Versos mágicos soprados pelo vento. Tenho pena de não ter ali estado o senhor Fernando Paulouro, certamente compreenderia a minha emoção.
Sabem porque não estavam lá os graníticos efectivos? Eu digo-vos porquê: porque se ouviu a voz da poesia, porque a chuva parou para o vento declamar, porque se ouviu a voz da cultura mais genuína, mais humana, mais pura, porque se viram os olhos das pessoas vibrarem, porque se viram as crianças sorrir rimando com a atmosfera, porque se ouviu a voz duma cultura ibérica e multidimensional, porque aquele pequeno local da lagariça se tornou universal pela poesia e pela participação daquelas pessoas. Onde estava o Nuno Miguel Henriques para aprender a declamar? Onde estavam os fiúzas e amigos da oposição? Onde estavam os professores e alunos de literatura do Fundão para aprenderam a ensinar e a amar poesia? Não podiam estar…O seu espírito alienado, ortodoxo e fechado não lhes permite aguentar tanta poesia. Não conseguem estar à altura nem do local nem do universal, são energúmenos sem memória e sem a mínima poesia ou humor, que só gostam de si próprios. Mas vendo bem, ainda bem que não estiveram lá, para não taparem a vista das pessoas nem para calarem a voz do vento.

Ass: Pascal
 
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