quinta-feira, setembro 30

Governo da palheta

Este Governo tem um sinal de nascença muito particular, estilo mancha felpuda sob o mamilo esquerdo. Trata-se desta esquizofrénica mania de por dá cá aquela palha, vir um ministro falar ao país. O primeiro foi o Bagão a inaugurar o falatório, com um conversé de mestre-escola, umas falinhas mansas que até metiam dó.
A partir daí, não há compra de um caixa de clip`s para um Ministério que não mereça um ministro resoluto a dar saltada ao palanque estendido de uma televisão perto de si, para botar discurso, anunciar medidas, explicar reformas, e com um pouco de sorte, talvez, meter o clip no cú e dizer que a culpa é dos funcionários públicos.

O Governo está farto de falar ao país, mas o bom senso aconselha que o país deixe de falar com o Governo o mais rápido possível.
Para um Governo da palheta, nada como recuperar o infeliz defunto da gestualidade lusitana – o manguito!

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-Ora toma!


Comments:
Grande Luiz Pacheco! Esse, sim, é que faz falta no meio deste falatório todo. Já agora, para acompanhar a foto, recupero uma frase que disse, aqui há uns aninhos, numa das raras entrevistas que concedeu e que guardo com especial carinho. Perguntavam-lhe o que achava desta nova geração, de que fazem parte alguns político actuais. Respondeu, numa frase, a única coisa que é possível dizer:
"Puta que os pariu a todos!"
 
Ouvi dizer que houve uma rebelião no conselho de ministros, pois sempre que o Santana falava prometia algo que se lembrava na altura e quem depois tinha de se desenvencilhar eram os ministros das respectivas pastas...então o Santana amuou e disse: "ai é? então agora quando tiverem alguma coisa a falar, falam voces! Eu cá vou para New York! Não quero saber mais disso! Bagão dá aí uns trocos"...
 
O Bagão lá desembolsou o carcanhol para a viagem em executiva até à Grande Maçã e o nosso primeiro aproveitou para sacudir o provicianismo que o enterra em Portugal. Aprumou-se minuciosamente e lá entrou triunfante no grande palco da política internacional, as Nações Unidas. Mas isto de ser uma vedeta local não faz dele uma personalidade global. A prová-lo está uma fotografia da Associated Press, reproduzida esta semana na Visão. Nela vê-se Santana a apertar a mão a George Bush, com um outro senhor de permeio. Ora, na legenda são identificados o presidente dos EUA, o presidente da Guatemala (o tal senhor do meio) e ao nosso pobre primeiro referem-se-lhe como "an unidentified man". Depois de Durão "Burroso" segue-se o Homem Invisível! Olha lá, Santana, e que tal, nessas situações, ires com a cara pintada com as cores da bandeira nacional, ao estilo do Euro, para que todos saibam de onde vens, pá? Ou levares uma garrida t-shirt com as caras estampadas do Eusébio e da Amália?
 
Há ainda outra forma de olhar para a não identificação do nosso primeiro numa fotografia internacional (comentário anterior). Se é certo que era a primeira vez que o rapaz andava nas lides globais e, portanto, fosse considerado um estreante, uma espécie de caloiro no meio da classe de veteranos falcões da ONU, se não é menos verdade também que Portugal é encarado como uma Micronésia da Europa, o que remete os seus dirigente para a terceira ou quarta linha de personalidades globais, resumindo: mesmo com estas atenuantes acho, no mínimo, grosseiro (se virmos a coisa pelo lado da intencionalidade) ou pouco profissional (se virmos a coisa pelo lado da displicência) a leveza com que uma agência noticiosa de renome, como é a AP, publicou uma foto sem se preocupar muito em identificar os seus actores. Ainda para mais se considerarmos que o "unidentified man" estava a apertar o bacalhau ao W. Bush (vale o que vale), e que tinha um cartão oficial ao peito onde não deveria ser difícil descortinar um nome ou uma qualquer referência que o identificasse. Não é caso para uma crise diplomática mas também não se deve aceitar em demasia estas "gralhas" como sendo faits-divers inócuos a que estamos destinados. Há limites para um sorriso complacente.
 
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