segunda-feira, setembro 13

Crónica da alienação do território (capítulo n. 389232345, tomo XIX)

A Companhia das Lezírias, para meu espanto e horror, está à venda. Por uma bagatela: 150 milhões de Euros, aproximadamente. Quem conhecer o território em causa, terá alguma vontade de rir perante tal possibilidade. Mas como em muitas coisas que têm acontecido ultimamente em Portugal, a "piada" não tem muita graça, porque afinal é a sério.

Para quem não tenha bem presente, relembro alguns factos: a Companhia das Lezírias é responsável por uma área de quase 20 000 hectares, 13 800 dos quais são cultivados ou explorados. Geograficamente, situa-se entre a zona a Norte do Parque Natural do Estuário do Tejo, e é bem visível na recta do cabo, que une Vila Franca de Xira ao Porto Alto, estendendo-se depois num enorme rectângulo de terra entre o Porto Alto, o Infantado, até quase Alcochete. Esta àrea, pelas suas características naturais e paisagísticas, é única no nosso país, e é também um dos últimos exemplos de renovação agro-pecuária. Para mim, que passo por ali muita vez, é um pedaço de território de uma beleza mágica, que simboliza um país ainda em contacto consigo próprio. A sua gestão estatal, historicamente desastrosa em termos financeiros (e invertida nos ultimos anos), tem-na salvo, contudo, das garras da especulação imobiliária, pelo que se tem mantido mais ou menos intacto.

O Passado

Esta àrea foi re-adquirida pelo Estado no tempo das escandalosas nacionalizações, em finais de 1975, e depressa começou a cavar um buraco financeiro, ano após ano, chegando a um passivo de 1,25 milhões de CONTOS em meados dos anos 80. A gerência de Hermínio Martinho (ex-líder do Partido Renovador Democrático), de 1990 a 1995, foi também financeiramente desastrosa, acumulando prejuízos de um milhão de Euros. Mas eis que, entre 1996 e 2000, rendeu 5 milhões de euros. O maior "culpado" por esta inversão será, provavelmente, o presidente actual, José Salter Cid, que parece ter operado uma revolução na Companhia.

O Presente

Reoganizou-se o pessoal, rescindindo nas àreas desnecessárias e contratando nas que mais se precisava (não havia um Engenheiro Agrónomo, nem um veterinário, nem um enólogo). Hoje a Companhia emprega 148 pessoas, 32 delas a contrato (longe dos 200 trabalhadores no início dos anos 90). Aumentou e optimizou-se a produtividade em muitas àreas: a produção de cortiça, que representa um terço das receitas da Companhia, chegou já quase aos 4 milhões de euros; o sector da caça, aumento os rendimentos de 12 para 32 mil contos; no sector madeireiro, foram regularizadas as contas, pois estava a ser desbaratado o seu património; o sector vinícola levou um investimento e agora com três marcas distintas, (uma delas com designação DOC), passando das 40 mil garrafas para as 400 mil. Os vinhos têm vindo a aumentar a sua qualidade também, levando vários prémios nacionais e internacionais. Desinvestiu-se onde dava prejuízo (cultivo do arroz), reorganizou-se a pecuária (investindo no bovino em detrimento do ovino), e manteve-se, não pelo lucro, mas pelo prestígio, o sector da coudelaria (vendendo cerca de meia centena por ano de poldros do cavalo lusitano), tendo-se construíndo até um belíssimo recinto para provas equestres (com um restaurante irrepreensível, que eu recomendo vivamente). A companhia arriscou até o investimento imobiliário, comprando terrenos em Salvaterra de Magos e Samora Correia, para assegurar a sua estabilidade financeira.

O Futuro

Há notícias que correm dizendo que um dos interessados será o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Uma espécie de "Angola é nossa!" ao contrário, ironias colonialistas à parte. Sinceramente, pouco interessa quem é o comprador, o que é um facto é o seguinte: quem é que está disposto, na realidade económica que vivemos, a investir 150 milhões de Euros numa sociedade agrícola que rende uns míseros 500 mil Euros anuais (de lucros consolidados)? Qual poderá ser o objectivo de tal investimento, perguntemo-nos? Como é querem que acreditemos que uma sociedade de capitais privados vai respeitar o valor de património ambiental e cultural, quando gastou 150 milhões de Euros e sente a pressão de obter um retorno? Ou pior: e se lhes derem "carta branca", ou fizerem concessões para dedicar fatias dessa àrea à construção imobiliária? Como é que podemos acreditar nisso, quando o estado central e local não respeita esse património, quando não dá sequer o exemplo??

Como é que é possível vir o nosso PPP (Pseudo-Primeiro-Ministro) vir à televisão falar de termos de ficar com os dedos depois de ter vendido os anéis? Ficar os dedos? Se vendemos zonas vitais do nosso território ao desbarato, às quantidades de 20 mil hectares de uma vez, ficamos com o quê, xò lopes, com o quê?????

Mas isto estará mesmo a acontecer???


* muitos dos dados apresentados aqui baseiam-se no trabalho do jornalista Pedro Almeida Vieira, "Lezíria à venda" para a Grande Reportagem do passado fim-de-semana, 11 de Setembro, que apesar do estilo jornalístico duvidoso, apresentou uma peça importante de leitura recomendada.


Comments:
Senhor Floriano Peixoto, bajuladores fiuzianos e restantes “beirões da Europa”:

Tentarei ser tão diplomático como o senhor Mário (mais conhecido por Tigana nos tempos áureos), mas onde cabe a cabeça também cabe o corpo.
Vim fazer filhos ao interior, desloquei-me pela auto-estrada, paguei a portagem que me era devida, e vou agora inverter o sentido da marcha naquela rotunda onde se lê “Scut”. A vossa montra provoca-me uma ansiedade josefiniana de tanta diversidade e um olhar miserabilista face ao mundo. Voltas e mais voltas, só para voltar a ver a montra dos vossos textos. Sou exigente, levo a puta mais barata e mais apresentável, esperançando alcançar o nirvana dos meus caprichos e fetiches.
Antes do Pelejão Alcoviteiro entornar umas graças nos seus sermões filosóficos ou moralistas, digo-lhe, desde já, senhor Floriano, que pela minha parte, pode seguir com a sua caganeira pseudo –literária, com os seus textos sublimados da piadinha enterrada e delgadinha na sua previsibilidade, acompanhando o Fiúza que seguirá escrevendo enquanto se olha ao espelho. Afinem uma boa calúnia os dois juntos, cantem em uníssono a vossa alma; não se acanhem, afinal a calúnia é apenas uma verdade adiada. E, mais importante de tudo, pesquem com a cana da eternidade o ónus de todos aqueles que aqui jazem. Assim ou não-assim, qualquer dia até terão uma corporação sindicalizada, não sei quando, embora desconfie que não falte muito. Mas não se entusiasmem: da outra margem, garanto-vos que a minha alma seguirá arrefecida, embora reconheça humildemente ligeiros aumentos de temperatura.
E lembre-se, Senhor Floriano, as minhas incitações não são um álibi para a sua doutrina exibicionista, “lacrimijada” de beiral em beiral. Está combinado, mijo nos meus comentários (dizem alguns químicos que acelera a decomposição) e deixo-me contagiar pela sua luxúria asiática, mas não diga nada a nenhum fariseu que seja meu sócio. Se, no entanto, escolher o caminho mais próximo, desejando insultar-me, prepare-se bem, olhe que sou duro como a concha do berbigão (basta uma semana com uma carpideira histérica do concelho para um gajo se empedernir).
Senhor Floriânus, antes que rasgue a sua escrita com os meus cornos de touro, espete-me a sua espada pálida decorada de bons intenções, como um toureiro na fiesta, e aguarde a minha caída inglória, dos pobres cornos sem mãe que reze por eles. Por fim, ate-me ao rabinho do Fiúza e deixe que o destino me arraste para fora do recinto(“A um morto nada se recusa e eu quero por força ir de burro”). Mas, senhor Floriânus, não fique coradinho da vitória enquanto chovem orelhas do céu, afinal o senhor é só um pretexto para a minha escrita se masturbar um pouquinho (podia ser outro qualquer).
Escreva por transigência com o seu paladar e, se precisar de mais sal, diga-me, pois conheço uma salina bem recheada. O sal ali é uma espécie de energia renovável, já lá estiveram o Peixoto, o Handke, o Bennet, o H.Helder, a Hatherly, e não se esgota. Das duas uma: ou eles precisam de pouco sal, ou a salina portuguesa gera sal como uma ratazana que caga os seus filhotes.
Para sua cultura geral, senhor Floriânus Peixoto (sim, ainda é para si) vou-lhe revelar a minha identidade. Chamo-me Leovigildo, vivi no séc. VI, unifiquei a nossa península que nem uma aliança de gâmetas opostas e a net deu-me recentemente a imortalidade que já disputara com Recaredo, um rei visigodo muito mais fodido do que o cherne. Hoje tenho uma política inspirada nas instituições bizantinas e no direito romano, mas não pense que parei no tempo: não diga nada a Bizâncio, mas estou a pensar cunhar moeda. Finalmente vamos ser autónomos e livres. Ora, a traição compensa. Pode não querer conhecer-me pessoalmente, mas olhe que lhe deixarei um importante legado. Agora vou colher um Tio Patinhas e visitar um templo maçónico.
Meus caros, não esmoreçam. Está aí a reentrée política do Pelejão! O Pelejão voltou, fresco que nem uma alface, com novos textos para vos entreter. Vilipendiado pela crítica, chegou a hora de ser substituído na certeza de que fui um blogger profissional. Parto com a consciência bem vitaminada, à sombra da mão esquerda do Floriano. Floriano, Floriano és idiota até ao tutano! Pascal, Pascal, és um inútil oriental!
Vou deixar de pastar neste prado rochoso. Já há aqui carneiros suficientes para um estrume bem aprumadinho. Para quê mais um? Adeus a todos! Oxalá não voltem os lobos. Pietà.

Ass: Pascal(Leovigildo)
 
Senhor Rui:

Quando se gasta a energia de meio iogurte líquido que se ingeriu só pode sair algo entre o ridículo e o patológico. Por acaso, até nem queria pôr este comentário aqui. Não precisa de acrescentar mais nada, o rótulo do dito iogurte já diz tudo. Não seja estrambótico nem gaste 2 segundos de energia a escrever um comentariozinho que tenha piada, não responda a estas merdocas instantâneas. Vejo que até aqui os monumentos irrelevantes são dignos de museu. Olhe a minha rocha: tem um pequeno sulco, gravado por abrasão, muito fino e pouco profundo. Dizem que só é visível com luz rasante. É a arte pós- paleolítica à beira do Tejo que luta desesperadamente contra a erosão, já que o autor expressou nela umas provocações irrisórias e fracas, pouco profundas (só atrasados é que respondem a um doido varrido que escreve). Senhor rui, “granitonovista” do pós-pós- modernismo, coloque um brasão da sua lide na minha rocha e dê-lhe o estilo que manifestamente não possui.

Ass: Pascal
 
Fónix, de uma penada passo de alcoviteiro a fresca alface, o que aliás me parece um pouco contraditório, a não ser em casos de tara fétichista extrema.

Tem o seu potencial cinéfilo meter alfaces rechonchudas nos lençóis das incautas donzelas, e dizer que aquele é o último aviso antes do pénis, ao melhor estilo corleonesco.

De qualquer forma este refulgente visigótico, atacado por uma verborreia aguda só peca por ser comovedormente vazio. Como diria Baudolino, o vácuo só entretém quem faz do vazio seu pasto.

Este Visigótico sobranceiro julga ruminar em pastagens mentais inacessíveis a nós, comuns mortais. Hossana, hossana a esta divina entidade que nos bafejou com um "fiat lux" do seu espírito superior. Por favor não nos abandone mas trevas luxuriantes da nossa ignorância, estamos predispostos a deixá-lo pregar a sua palavra de avental e, jurar sobre o Tio Patinhas, a nossa devoção a sua divínissima e santíssima autoridade.

Somos seu servos e a sua gleba. Como penhor da minha genuflexão entrego-lhe o meu cajado, e o meu costado e dos meus camaradas, para zurzir a seu bel-prazer.

Talvez assim posssa apascentar essa megalomania delirante de quem olha para o umbigo como se fora a Nova Constantinopola, e modere um pouco essa erudição exibicionista, sob risco de se tornar uma autêntica "drag queen" do nonsense absoluto. Entre a erudição e o rídiculo há apenas uma linha ténue.

Quem, como o nosso Presidente da República, repete a lenga-lenga da crise de auto-estima nacional é porque não conhece este visigótico e outros "iluminados" que passeiam nesta pedreira.

Temos aqui superavit de auto-estima, que até dava para exportar para os países balcânicos.

A águia não se ocupa de mosquedo - Faça sua esta sábia máxima latina e vai ver que aumentará exponencialmente a sua qualidade de vida... e já agora a nossa.

É que essa merda de beber Ice-T e mamar filmes do T. Dryer está a fazer uma combustão intelectual vaporosa, que está a perturbar a clareza de espírito, que eu sei possuir, apesar oculta pelo majestoso manto da sua vaidade e soberba.

Respeitosamente
 
Quanto ao post do Rui, que ao contrário do que o nosso amigo Visigodo-novo, não é "alface" fresca desta pedreira - é aliás camarada de primeira hora, queria só acrescentar o seguinte.
A alienação da companhia das Lezírias é a continuação da política alienada que o Governo PSD/PP prossegue desde o início da legislatura. O objectivo é claro, não se trata apenas de financiar o déficit com os anéis de família (como o Sr. Santana Lopes descreveu). Trata-se de demitir por completo o Estado do seu papel regulador. Trata-se do mais feroz programa liberal que Portugal já conheceu. Só não privatizam a mãezinha porque não podem.
Sou a favor de um plano racionado e sustentado de privatizações, mas também sou a favor da participação empresarial do Estado em sectores-chave, onde esteja em causa a nossa verdadeira soberania estratégica e o bem estar dos portugueses. Quando o Dr. Sampaio e os portugueses acordarem Portugal estará a caminho de ser o Paraíso Liberal, onde nada se perde tudo se transforma no princípio do utilizador-pagador.
Hoje as Lezírias e as SCUT`s, amanhã a Saúde e o Ensino.
Depois disto tudo, percebe-se mal para que serve o Estado e a administração pública, e ainda menos para que pagamos impostos, se todos os szerviços do Estado se vão nortear pelo sacro princípio do utilizador-pagador.

A ridícula "aparição" de Bagão Félix ontem na Têbê, serviu apenas para demonstrar a urgente necessidade de privatizar o governo. Em vez de eleições passaríamos a ter uma concurso público por ajuste directo com uma empresa que apresentasse a melhor proposta para governar Portugal. Em vez de partidos teríamos empresas a mandar no País, o que aliás não é muito diferente do que se passa hoje em dia.
 
Senhor Floriano Peixoto:

Subscrevo praticamente tudo o que escreveu, com as devidas ressalvas:

1) Não tenho, ao contrário do senhor, qualquer pretensão literária. Não há ironia nenhuma no que lhe disse, não há figuras de estilo, não há nenhuma pretensão de qualquer índole, não há nenhum raciocínio e não há grande sentido nas palavras. Só uns comentarzecos bastante azedos, secos e mal escritos. Não percebo qual é o seu problema. Ainda bem que o seu olhómetro de meia-distância não viu lá nada disso, pois não está lá.

2) O senhor ainda consegue passar mais tempo do que eu em frente a esta inútil máquina. Veja bem, o senhor escreve textos no blog e ainda perde o seu tempo a comentar os meus comentários, enquanto eu apenas vou respondendo. No mínimo, temos algo em comum, somos semelhantes, e se o senhor não estivesse tão batido nisto até poderíamos acasalar.

3) A minha máscara é igual à sua. Não vale a pena especular. Só sei que o senhor assina Floriano Peixoto, tal como eu assino Pascal e que insultamos os comentários um do outro. A cobardia, a existir, é recíproca, tal como o nº de horas de playstation.

4) Pratico uma cultura-esmola de subsistência e desenrasque quando um chico esperto me tenta ultrajar. Está longe de ser ilimitada e de ser medievalmente facínora.

5) É verdade que nasci atrás do écran( no anterior comentário explico o processo) e que o alimentei; vi o senhor crescer neste lodo cibernético conhecendo o seu paleio anti- computadores sem nada lhe dizer, mas não deixei de fazer isso com uma benemérita consciência macabra e uma certa dose, aqui sim, de ironia.

6) Não me sinto desprezado nem frustrado, nem silenciado por ninguém. Só vim aqui desenferrujar a pilinha: não precisei de muito tempo nem de muitas palavras. Acho que só o seu automatismo venéreo me contagiou. Quando se mija ou se caga, salvo alguns vulgos narcisistas, não precisamos de espelho nem de rosto. O senhor compreendeu isso primeiro, porque é mais esperto e iluminado. Eu cheguei depois, mas não há mal nenhum nisso- todos temos pincel.

7) Já ando a despedir-me há bastante tempo, mas o senhor não me permite partir. Se não tiver mais nada a dizer, vou seguir o seu conselho: primeiro o granito e depois o mundo. Vou viver in vitro (lembra-se?) como um beneditino que quer altear a sua escrita aos céus. Mas, antes, talvez faça um estágio noutro blog. De facto, sou uma espécie de vírus. Deus escreve direito por linhas tortas.

Até sempre senhor Floriânus Peixoto, ou então até breve.

Ass: Pascal
 
então o pascal já não é sodomita? este blog anda chato.
 
Ainda nao sei porque continuo a vir ao Granito; este nao é o blogue que eu linquei, salvo honrosas e distantes excepçoes nao me reconheço nem nos textos nem nos pedreiros.
Rui, continua mas é no varanda, que isto nao é vida.
 
Cara Rititi, o Granito foi tomado de assalto. Os camaradas graniticos encontram-se dispersos pela blogosfera (vodka7, varanda, malvadezas), vetados ao exílio pelo novo poder instituido...é nisto que dá a democracia plena, deu-se-lhes a mão, levaram o corpo inteiro...Resta agora fazer força pelo O.L.G. (organização da libertação do granito) e esperar que os verdadeiros picaretas encontrem um exilio comum. Hasta la vitória! Fora com o Granito Pop Xula, umbiguista e pacoviamente provinciano! Ó Miguel Rainha dá lá de comer ao freak para ver se a verdadeira malta granitica volta!

Ex-fan do Granito
 
Depois desta simpática relexao... tau, o granito foi deslincado.
Voltará ao meu estendal quando regressar o espirito fundador!
(Malvadezas? tenho que ir ver!)
 
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