segunda-feira, agosto 30

Toda a verdade sobre o Paralelo 40ºN.

Paralelo 40ºN, o Festival Que Refrescou Os Ares do Fundão
Por REPORTAGEM DE SANDRA INVÊNCIO (TEXTO)
Segunda-feira, 30 de Agosto de 2004
São pouco mais de uma dezena as pessoas que assistem, há cerca de cinco minutos no interior do antigo "wc" da desactivada estação ferroviária da Fatela, no concelho do Fundão, à primeira performance de Helena Botto. Apenas uma dezena de espectadores porque o espectáculo foi concebido para um público reduzido. E a lotação estava esgotada, na noite de sábado, com as cabeças da assistência em constante movimento, a tentarem furar por entre um grupo compacto que quer visualizar a performance da actriz do ACTO - Instituto de Arte Dramática. Lá dentro, Helena Botto interpreta um conjunto de textos de Al Berto, entre gritos e gemidos e, a certa altura, está mesmo a tocar o tecto.
"É tempo de simular a ressurreição", vai repetindo a actriz, em tom crescente. Com as costas apoiadas numa das paredes e os pés noutra lá vai trepando, até alcançar o tecto. A performance, intitulada "...de amor e de dor I...", avança e há cada vez mais público a chegar. Para os que não conseguiram um lugar no exíguo corredor, há a oportunidade de verem uma segunda versão do espectáculo mais tarde, lá para o final da noite, no exterior do edifício principal da estação. Será com o mesmo texto, com a mesma actriz, mas diferente, até porque o cenário será outro, completamente distinto... Daí que essa seja "...de amor e de dor II...". Mas antes há ainda muito para ver neste "Paralelo 40 º N", um festival multidisciplinar artístico organizado pela Câmara do Fundão.
Todas as instalações e divisões desta antiga estação, desactivada há dois anos, actualmente a funcionar como apeadeiro, aparecem ocupadas e com diferentes funcionalidades, ao serviço da arte contemporânea. A divisão situada logo à entrada do edifício principal é ainda de tamanho mais reduzido que o wc onde actua Helena Botto. Aqui, só caberão duas a três pessoas, no escuro, em "Dentro do Armário", onde está um pequeno ecrã que exibe outras performances que o ACTO gravou durante a residência artística que iniciou na estação no passado dia 16.
O Paralelo 40 º N tem por base a temática da viagem e as estórias que os 19 artistas ali reunidos colheram da população local. Está de tal forma ligado à Fatela que, diz o director do ACTO, Filipe Pereira, "levá-lo ao Algarve ou até mesmo ao Fundão não teria qualquer sentido". "Foi concebido exclusivamente para esta estação e só funciona aqui", sublinha. É todo ele "made in Fatela", desde a exposição multimedia numa das paredes das escadas que dão para o segundo piso do edifício, a outra exposição projectada numa das salas onde se visualiza o próprio autor, nu, em "Camuflagem", rodeado de folhas de figueira - colhidas lunto à linha de caminhos-de-ferro.
Para o ano há mais
Lá fora, junto à linha e na esplanada ali improvisada, sopram ares de jazz ao vivo. "Eu prefiro ranchos, mas estas modas também são bonitas", solta Salvador Dias, um espectador atento, de 64 anos. Apesar de uma boa parte dos visitantes do festival constituir público urbano, há bastante gente das freguesias limítrofes, para quem este evento multidisciplinar artístico aparece como uma novidade. "Uma boa novidade", enfatiza Dias.
E depois da primeira parte do café-concerto, a performance da noite: "Transfer", em instalações amplas, ao lado do edifício principal, com as primeiras filas da assistência a serem ocupadas por um público seguramente septuagenário, visivelmente pouco acostumado a este género de espectáculos. Lá vai largando umas gargalhadas, perante uma performance tão bem-humorada. Os quatro actores aproveitaram o que encontraram na estação para conceber o espectáculo, desde os mais variados utensílios das lides ferroviárias à papelada e documentação descoberta no meio do lixo. Brincam com aquelas mensagens tantas vezes ouvidas nas estações ferroviárias, aquelas de que às vezes apetece rir... "Pedimos desculpa pelos incómodos causados", vai repetindo um dos actores, provocando o riso aos restantes três. "E para mais informações consulte as nossas estações". E riem sem parar. Riem de tal forma de eventuais contratempos que terão ocorrido que contagiam o público...
Já depois da meia-noite, o Paralelo 40º N concentrou-se num público mais jovem, com uma sessão de Dj's. Concorrência DJ & Guests e Isabel Paiva VJ animaram a noite até às 7h25, altura em que o público foi convidado a ir até ao Fundão de comboio, o primeiro da manhã.
Para o ano, o festival promete ser mais arrojado. Luís Filipe Pereira, do ACTO, pretende um programa que englobe outras estações desactivadas do concelho (mais cinco) e já antevê uma locomotiva ao serviço do Paralelo 40º N, que possa transportar o público de espectáculo em espectáculo.


in Público 30 de Agosto de 2004

Épa, isto não foi bem asshim...
O psshoal tava a curtire, e acabou tudo à bulha às quatro da matina.
O comboio até passou, mas já tinhamoje sshido cumbidádos a sshair do rechinto.


Comments:
Ena pá!
Tchina!
Fogo!
Ena, ena!
Pfff...!
Possas!
Caraças!

"Valha-me DEUS"!!!

Ba dos Zinhos.
 
Bela crónica! Isto sim é um relato do que aconteceu. Parabéns!

Ass: Pascal
 
«PARELELO 40º ou em Paralelo um Fracasso Total»

Quem assune as consequências?


E o povo da Fatela que se foi embora e não percebeu nada!

E A Actriz Vedeta da iniciativa, uma tal Helena (que nem é má actriz, mas violenta pessoa) que andou a levar e dar porrada no público, e as zaragatas entre toda a gente, e os fumos e os copos muito acima do normal...e a Junta de Freguesia e o Vereador Paulo Fernandes a pagarem, ou melhor todos nós contribuintes a contribuir para uns tipos "Curtirem" bué!...

Afinal aquilo foi fraco, muito mau. Com subsídios, mas não atingiu os objectivos da Câmara, né!????....

A malta não se divertiu como prometeram, acabou antes do tempo com toda a gente a levar pancada ..enfim, CULTURA INTELECTUAL FALSA, porque Intelectual a malta do Fundão percebe, aquilo só o Miguel Rainha entende e os seus amigos que dizem que entendem sem entenderem e curtem sem curtir, yah !


O Grave é passarem uma imagem falsa do que aconteceu.

Foi um Fracasso e depois de ter terminado antes da hora, por birra da organização, o Senhor Rainha e os Senhores migueis e Senhora "não sei o quê" Correia do Gabinete Cultural, que estavam no local, deviam demitir-se das suas funções, pois nada fizeram com os organizadores a baterem com estaladas, pontapés e muito mais...no público. Então e a segurança onde estava. Roubaram não sei o quê...e o que temos a ver com isso, tantas cabeças pensantes no gabinete cultural e ninguém pensou nisso?!....

O Vereador que deu a entrevista na página 19 do Jornal do Fundão, sobre o que previa para a iniciativa, devia pedir desculpa ás populações pelos incidentes e fracasso da iniciativa.

Sem público, sem Cultura, sem educação, sem Respeito e sem muito mais…


Quando se assumem projectos de risco, tem de se assumir as consequências. Tenham Tomates, Alfaces, Cebolas da Fatela, quer dizer das quintas da Fatela/Penamacor.


Não fique indiferente. Questionar é um Direito. A Ideia é Boa. A Organização da câmara e do Acto é que foi péssima, muito má.

P) Já agora, não haviam pessoas na Beira Interior, capazes de fazer bem e muito melhor a iniciativa?!

R) Eram amigos do Miguel Rainha e do Vereador e ainda não tinham tido férias este ano.
P) Quanto pagaram pelos estragos ambientais e outros?

R) Nada. Porque a iniciativa é paga pelo Pelouro da Agricultura e Desenvolvimento de mentes em vias de desenvolvimento. Em breve iniciativas PARALELAS vão acontecer em várias estações do concelho, daí os Comboios passarem a ficar em Castelo Branco, com medo de matar algum que esteja na linha, porque estão todos fora da linha!....

L. Cipriano
 
Por favor não se apontem dedos ao Gabinete Cultural da Câmara Municipal do Fundão.
Por mais estranho que pareça, nunca se tinha trazido nenhuma companhia de fora para produzir um evento deste género. Com erros se riscam nomes.
E isto só aconteceu porque se sentiu a compreensível necessidade de marcar território no campo das artes performativas e no terreno da C.P. quando não existia uma única proposta na mesa de alguém de cá com formação específica e conhecimento do meio.
Houve dicas, e quem não se quis envolver não o fez.
 
Cheguei agora do Festival do Vento, de Castelo Novo, dum encontro de poetas ibéricos que me ficará para sempre na memória mais autêntica. Versos mágicos soprados pelo vento. Tenho pena de não ter ali estado o senhor Fernando Paulouro, certamente compreenderia a minha emoção.
Sabem porque não estavam lá os graníticos efectivos? Eu digo-vos porquê: porque se ouviu a voz da poesia, porque a chuva parou para o vento declamar, porque se ouviu a voz da cultura mais genuína, mais humana, mais pura, porque se viram os olhos das pessoas vibrarem, porque se viram as crianças sorrir rimando com a atmosfera, porque se ouviu a voz duma cultura ibérica e multidimensional, porque aquele pequeno local da lagariça se tornou universal pela poesia e pela participação daquelas pessoas. Onde estava o Nuno Miguel Henriques para aprender a declamar? Onde estavam os fiúzas e amigos da oposição? Onde estavam os professores e alunos de literatura do Fundão para aprenderam a ensinar e a amar poesia? Não podiam estar…O seu espírito alienado, ortodoxo e fechado não lhes permite aguentar tanta poesia. Não conseguem estar à altura nem do local nem do universal, são energúmenos sem memória e sem a mínima poesia ou humor, que só gostam de si próprios. Mas vendo bem, ainda bem que não estiveram lá, para não taparem a vista das pessoas nem para calarem a voz do vento.

Ass: Pascal
 
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