quarta-feira, agosto 4

Música para a aldeia global


De 29 a 31 de Julho teve lugar, em Sines, o Festival de Músicas do Mundo, cujo mote é sempre a aventura, melhor, a ‘música com espírito de aventura’.
Nesse encontro da tradição com a modernidade, muitos foram os nomes a destacar, aliando sempre a diversidade à qualidade: Savina Yannatou, cujo amplo registo de voz lhe fez valer a sua experiência quer na música erudita, quer no jazz, David Murray e a sua alucinante capacidade de improviso, Pharoah Sanders, o ‘swing’ do Septeto de Roberto Rodriguez, a hipnose de Rokia Traoré, o ritmo contagiante de Femi Kuti e destaque especial para o baiano Tom Zé, cuja ‘performance’ fez com que cada música tocasse o hino, a cantiga interventiva, o rock, a poesia.
Presenciou-se assim uma exemplar demonstração da “world music”, modo como passou a ser designado um conjunto heterogéneo de formas musicais originárias de diversas regiões do planeta. Todas as vozes e todos os sons, ali reunidos pela vinculação a determinadas situações étnicas ou localistas, provaram, mais uma vez, que vivemos numa cultura translocal, que ultrapassa em muito os limites da territoriedade.
Uma das grandes conquistas foi, sem dúvida, a mistura e o sentido de igualdade que moveu cada participante, a partir não da anulação mas do reconhecimento e admiração pelo diferente. É certo que nem sempre é fácil conciliar o etnocentrismo com o multiculturalismo, no entanto, que melhor veículo do que a música para incutir o respeito pela diferença?
Essa foi, sem dúvida, uma das conquistas do Festival em Sines. Em três dias brilharam juntas as estrelas de todo o mundo.


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