sexta-feira, agosto 13

Méééé! Méééé! A minha ovelha é mais culta do que a tua

"A cultura é indigesta, é por isso que se arrotam postas de bacalhau e se mandam peidos eruditos".
Autor anónimo



Legenda: Ovelha intelectual do Fundão, bebericando um caneco num bar local, enquanto discute com as amigas a importância do Grande Cisma do Ocidente para a emancipação das ovelhas bizantinas e a contribuição das experiências sodomitas com animais para uma mais clara visão da arte

Já soam os balidos e já cheira a carneirum.
É o maior e mais estimulante evento cultural à Beira da Cova que se aproxima a trote.
Falo claro está do Festival da Transumância, que durante uma semana vai colocar a altiva Alpedrinha no centro do mapa-mundi, ofuscando por completo as proezas trogloditas dos super-homens da nandralona de Atenas. São esperadas milhares de ovelhas que anualmente rumam à Meca da Transumância, para uma semana de delírio bestial que dá um forte sinal da pujança criativa e artistica da Beira.
Para quem duvida da massa cinzenta e do potencial artístico dos beirões, as centenas de ovelhas que participam nos desfiles com graciosas coreografias e uma propensão inegável para liderar o movimento de vanguarda da arte escatológica, são essas ovelhas que dão a resposta.

Este ano, uma coreografia de tosquiadores de ovelhas colocará em confronto os super-favoritos australianos bêbados, com uma equipa local, fortemente experimentada na arte de tosquiar os políticos lá da terra e que se inscreve com o sugestivo nome de “Cultura não é Sopas!”.
Mas o ponto alto do festival ovídeo é mesmo o concurso de esculturas escatológicas.
O Metropolitan Museum of New York vai enviar um observador, na esperança de adquirir a preço de saldo uma cagadela surrealista, ornamentada a caganitas de uma qualquer ovelha-escultora.

Outro dos pontos altos do cartaz do festival é a exibição da peça “O Pastor sodomita”, da autoria de António Artaud, encenada pelo famoso pilha-galinhas, Zeca da Fruta, natural da Orca, e que foi condenado a 3 anos de prisão por abuso sexual de galináceos e ovídeos. A companhia é a mais conceituada da região – a do Estabelecimento Prisional da Covilhã – mundialmente famosa por ter subvertido o método Stanislavski, que ao contrário do que a maior parte das pessoas julgam não é o nome de uma marca de vodka, mas sim de um célebre torturador da escola “gulag”.

Para todos nós que cagamos de alto para a arte e a cultura, vai ser refrescante ter finalmente a oportunidade de assistir a um grandioso espectáculo que colocará todos os pretensos artistas locais na sua escala real – a de insignes caganitas.
Como dizia o Gil Vicente saramicas de cagamerdeira, para acabar de vez com a cultura da carneirada ululante.
Espero que os artistas locais tenham a humildade de se deslocar a Alpedrinha e aprender algo com as ovelhas – ou seja a balir e a cagar – duas formas de arte infinitamente superiores áquelas que eles alegadamente praticam.


Comments:
Talvez este comentário não denuncie qualquer poder retórico, ainda assim aqui vai:
Foscas!
 
Don Fiúza, brindemos ao velho Stanislavski, e ao partido dos fumadores de ópio que eu pretendo fundar.

Um abraço
 
Ó amigo Pelejão vai mas é fazer noticias na Enxabarda e no Vale de Urso que é ai que te safas! E com papinha para ver se ficas mais gordinho!

És a minha ovelhina preferida! E já agora dou - t os parabéns deste teu texto tão cultural.

Abraço
 
Parabens senhor Presidente,
Desta vez acertou.

Ba
 
Cheguei agora do Festival do Vento, de Castelo Novo, dum encontro de poetas ibéricos que me ficará para sempre na memória mais autêntica. Versos mágicos soprados pelo vento. Tenho pena de não ter ali estado o senhor Fernando Paulouro, certamente compreenderia a minha emoção.
Sabem porque não estavam lá os graníticos efectivos? Eu digo-vos porquê: porque se ouviu a voz da poesia, porque a chuva parou para o vento declamar, porque se ouviu a voz da cultura mais genuína, mais humana, mais pura, porque se viram os olhos das pessoas vibrarem, porque se viram as crianças sorrir rimando com a atmosfera, porque se ouviu a voz duma cultura ibérica e multidimensional, porque aquele pequeno local da lagariça se tornou universal pela poesia e pela participação daquelas pessoas. Onde estava o Nuno Miguel Henriques para aprender a declamar? Onde estavam os fiúzas e amigos da oposição? Onde estavam os professores e alunos de literatura do Fundão para aprenderam a ensinar e a amar poesia? Não podiam estar…O seu espírito alienado, ortodoxo e fechado não lhes permite aguentar tanta poesia. Não conseguem estar à altura nem do local nem do universal, são energúmenos sem memória e sem a mínima poesia ou humor, que só gostam de si próprios. Mas vendo bem, ainda bem que não estiveram lá, para não taparem a vista das pessoas nem para calarem a voz do vento.

Ass: Pascal
 
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