terça-feira, julho 13

Pablo Neruda: O militante da palavra



" Deixa que o vento corra, coroado de espuma, que me chame e me busque galopando na sombra, enquanto eu, mergulhado nos teus imensos olhos, nesta noite imensa, descansarei, meu amor..."



O nome de Neruda ficará para sempre como uma das vozes da América Latina que mais tem lutado nos últimos anos para se fazer escutar. Poeta do amor e militante comprometido com o seu país, o poeta chileno que escreveu «A minha luta é dura e regresso / com os olhos cansados / às vezes por ver / que a terra não muda» nasceu há exactamente 100 anos, a 12 de Julho de 1904 em Parral, no Chile. Se em 1971 foi laureado com o Prémio Nobel, a sua conquista da imortalidade justificou-se também pelo serviço ao governo chileno como cônsul em várias cidades do Mundo, de Singapura a Madrid, chegando a ser eleito senador, a ser obrigado a viver escondido no próprio país e a exilar-se por vários anos pelo facto de se ter oposto à política seguida pelo presidente González Videla.
Homem de convicções, a sua voz foi uma das que mais lutou para se fazer escutar. Quando há uns anos lhe perguntaram em entrevista «O que é angústia?», Pablo apenas respondeu «Sou feliz», talvez porque o importante é sentir, viver, amar, conhecer a solidão, mas também a sensualidade, experimentar a natureza e o contacto com os outros. “Político, poético, físico” é a trilogia para o que considerava ser o ser humano o mais complexo possível. Poeta do imaginário, Neruda era sobretudo um pensador e um cidadão, e será sempre um dos maiores artesãos da linguagem do século XX:

“Tudo o que você quiser, sim senhor, mas são as palavras que cantam, que sobem e descem... Prosterno-me diante delas... Amo-as, abraço-as, persigo-as, mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras...” (in Confesso que vivi – Memórias, 2ª ed., 1979)

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?