sexta-feira, junho 4

O Arco

O arco fechou-se em si
A parede caiada de chumbo
Chamou-se pelo nome a quem não conhecia
que lhe pediu a atenção e a comeu com batatas
Cosidas a saias e a meias de pés
mexericando os risos em volta.
Seu tom,
Sempre grave, calmo, bebedor.
Assimilante, lembras-te de mim,
Como borracha naqueles tubos de vidro
Traçando barreiras inquebráveis
de sons alucinantes.
Lembras-te de mim.
Lembras-te do fraco guerreiro,
que cruzava a noite em candeeiros
de azeite de chama apagada.
Lembras-te dos risos das coisas
torcidas e esfumeantes
Do barulho das palavras enroladas no mar
Do cheiro da alegria coberta pela toalha da mesa posta para jantar.
Eu esqueço.
Agora esqueço.
A sempre esqueço.
Enquanto a candeia estiver deborcada sobre a tal estrela, do tal mar
Caio e cairei
Enquanto tiver horas para comer e dançar
e a porta, meio aberta, não tiver força para se fechar
Começou por começar
Disse, já viste onde estão as canetas?
Estão torcidas
Torci-as hoje
E vou fora
Vou sair
Para depois poder entrar
Podia ir mas não fui
Já não penso nisso
Só o refiro agora
Porque esvazio o pensamento
e os borbotos libertam-se das laçadas
que os amarram e inundam as folhas
Ninguém os chamou, e mesmo assim vieram, fico contente
Também ninguém pediu ao pincel
que se enchesse de tinta e desatasse a traçar
Encruzilhadas pela cidade
Nas paredes e nas estradas
no mobiliário urbano.
Nas costas das pessoas.
Nem o presidente viu o que se passava.
Distraíra-se com a beleza da rebarbadora que polia os quintais.
Esbarrou em 3 semáforos, um de cada cor, todos inertes e silenciosos.
Pensou que fosse do calor que percorria as ruas misturado com o alcatrão.
Obviamente.
Este ano tiveste corte de cabelo!?
Sim, e mais, de Norte a Sul as casas voam.

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