quarta-feira, maio 5

A cruel "Libertação"



Nunca será demais sublinhar o tremendo erro que foi a invasão do Iraque pelas tropas da coligação, numa operação militar de proporções indiscriminadas e baseada na mais gritante das mentiras. A voz também nunca poderá deixar de se fazer ouvir contra a arrogância e o total desrespeito pelas mais básicas leis internacionais (que devem, a todo o custo, tender cada vez mais para a Paz entre as Nações) e desconsideração pelos riscos humanitários de uma intervenção daquela envergadura. Também não é admissível aceitar a leveza com que algumas das principais nações do mundo "civilizado" encararam as previsíveis consequências da guerra sobre o instável (de)equilíbrio no Médio Oriente - não é lícito aceitar a ingenuidade e/ou a prepotência como truques de guerra. Há que lembrar, todos os dias, que sabemos - todos sabemos! - que a principal razão para invadir o Iraque foi económica, pintada a negro como o crude, ou reluzente como todo o metal gasto em bombas e máquinas de matar com precisão. A alegada "democratização do mundo árabe" deixou de ser a bandeira de liberdade com que se queria vingar o 11 de Setembro, para se transformar numa das mais tristes e negras páginas da nossa História. E o corolário de toda esta farsa está cruelmente estampado nestas imagens de maus tratos infligidos a prisioneiros iraquianos, por soldados da mais democrática das nações do mundo: os Estados Unidos da América. Se mais palavras de contestação faltassem, se não mais existissem razões válidas para denunciar e esmagar esta guerra, as imagens falam por si: a democracia falhou, impera a barbárie. Não estava na mente de ninguém libertar o Iraque e celebrar a democracia com o povo iraquiano. Não estava na mente dos governates, nem na do mais raso dos soldados. Todos sabiam que iam invadir e ocupar um país pela mais antiga das razões: a exploração. E se os motivos não são nobres, as acções ainda o são menos. Aqui fica uma cruel, triste, e profundamente assustadora actualização daquilo que poderia ser uma fotografia tirada num campo de prisioneiros da Segunda Guerra Mundial. Que não se calem as vozes!

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