sexta-feira, abril 2

O Nojo

Em Portugal 200 mil pessoas passam fome, numa estimativa optimista, que Bruto da Costa, respeitado investigador social, pensa poder ascender a 1 milhão de pessoas. Ouviram bem, um milhão de pessoas em Portugal pode passar fome.
O tema foi notícia no Público, que fez um dossier completo e brilhante sobre o tema. Já lá vão duas semanas. Depois disso umas peçazitas de merda nas televisões do costume, um ou dois comentadores mais colados à esquerda a espigarem-se numa indignação frouxa, um ou outro político a fazer uma referência de rodapé, e depois disso, o mais insuportável e indecoroso dos silêncios. Há silêncios que são crime de cumplicidade activa. A fome em Portugal é motivo de vergonha para todos, políticos, empresas que não declaram rendimentos e cidadãos. Há uma vergonha caladinha e incómoda que nps leva a olhar para o outro lado quando nos cruzamos com a mais básica das misérias humanas.
Sempre houve fome em Portugal, ainda há fome em Portugal.
Anda para aí escondida, caladinha e esquecida.
Não sei como se resolve o problema da fome, mas sei que não é metendo as mãos nos bolsos e assobiando para o ar. Alguém reparou se os partidos políticos, da oposição socialista, comunista ou bloquista levou este tema verdadeiramente a sério ? Se convocaram um debate de urgência na AR, se mostraram a sua indignação, se apresentaram projectos para a erradicação da fome? E o Governo, alguém escutou alguma promessa, alguma medida, algum sinal de esperança para quem tem de comer côdea e privar-se para suprir aos filhos. Eu não ouvi nem um pio.
Há muito que não ouvia um tão ensurdecedor e impúdíco silêncio.
Os partidos políticos portugueses, sem excepção, metem NOJO, NOJO.
Puta que os pariu a todos.

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