segunda-feira, março 29

É a educação, estúpidos!

um povo que no pensamento põe bem menos que no sentimento
é um povo que existe e subsiste sobre o facto de ser triste

in A Margem da Alegria, de Ruy Belo

eu sei lá dizer portugal em sílabas ou em números quanto mais defini-lo mordendo a língua enrolada sobre a inteligência aleatória nobre história martirizada por sucessivos insucessos escolares e avulsas vociferações políticas hipócritas sanguessugas mentirosas fraques bolorentos até às costuras da existência avé maria cheia de desgraça que a igreja também é para aqui chamada à pedra ou à pedrada com bocados soltos de ardósia crivados por autos-de-fé e culpas expiadas aos pobres de espírito que hoje choram a falta de qualificação eu sei lá dizer portugal sem cerrar os punhos vazios de giz e de gente que saiba soletrar portugal oh bocas orgulhosas do nacional porreirismo à deriva nas estatísticas europeias sobre educação ai que lá vem mais uma zombar do cú do continente que nem a merda sabe definir sem um olhar copista ou um encolher de ombros assobiando dobrando a esquina à cata do desenrascanço rasca raspa as sobras da gamela da educação espreme da cartola uma qualquer percentagem que saiba a tabuada interprete um paragrafozito sem cábula cabulões e marrões porra para todos eles sem sonho debaixo do braço que valha a interpretação do destino à deriva o fado e tudo de negro até coimbra submerge na indecência da inteligência antes que a vida se encarregue da justiça de nos afundar no atlântico oceano eu sei lá dizer portugal sem educação prontos pá marca lá a merda do golo e engole a cerveja de uma golfada arrota a raiz quadrada do círculo vicioso estuda-e-vota-mas-nunca-acredites na virtude de saber aprender ensinar eu sei lá dizer portugal dez milhões de vezes portugueses sentados nas aulas escolásticas de suas excelências sebentas eminências pardas meretrizes do sistema lapas do funcionalismo público topo de carreira e reforma magra para mandar acender velas pelos que foram ficando para trás atrás de tudo e de todos somos os mais e os menos sem que nunca se saiba o que somos talvez má rês ou só mal educados

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