quinta-feira, janeiro 29
Sempre dá para um papo-sêco!
As regulares negociações salariais entre governo e sindicatos da administração pública (os tais "parceiros sociais") são sempre marcadas por alguma tensão, provocada essencialmente pelo desvio dos números de parte a parte. Esgrimem-se percentagens de um e de outro lado e toda a gente fica algo hipnotizada pela abstracção dos números. Mas no essencial está a falar-se de maior ou menor poder de compra, está a decidir-se sobre o dinheiro no bolso das pessoas. Este é o princípio social que deve estar sempre na mente de governo e sindicatos, seja nestas negociações, seja em qualquer outro acto de política económica. Assim, é absolutamente espantoso saber que nesta última ronda de negociações, o único resultado tenha sido um aumento de dez cêntimos no subsídio de alimentação!! Haja alguma sensibilidade, meus senhores! Nem que fosse por uma questão de diplomacia – uma vez que, com este governo, dificilmente se possa falar em questões de ética e moral – , nunca se deveria ter permitido que esse fosse o único "aumento" que o governo de um Estado tem para oferecer aos seus funcionários administrativos. Por uma questão de decência, e já agora também reveladora de alguma consciência social que percebesse o sentir generalizado dos portugueses nestes últimos tempos, a opinião pública nem sequer deveria saber que esse cenário esteve em cima da mesa. Revela arrogância e falta de tacto. Ou provavelmente alguém os informou que dez cêntimos sempre dá para um papo-sêco. E como é para o povo…
Adenda: Neste caso também não se pode esquecer a postura dos sindicatos que, na minha opinião, foram extremamente inábeis a explorar esta declarada falta de chá do governo. Que eu tenha visto, nenhum dos seus representantes se mostrou indignado. É claro que, pela frente, há ainda muita peleja retórica com o governo e o panorama poderá eventualmente mudar, o que aconselha sempre a ter alguma prudência. Mas há uma grande diferença entre o aceitável e a ofensa, ou será que os senhores sindicalistas também precisam de engolir um papo-sêco por dia para perceber essa diferença?
B-Line
Adenda: Neste caso também não se pode esquecer a postura dos sindicatos que, na minha opinião, foram extremamente inábeis a explorar esta declarada falta de chá do governo. Que eu tenha visto, nenhum dos seus representantes se mostrou indignado. É claro que, pela frente, há ainda muita peleja retórica com o governo e o panorama poderá eventualmente mudar, o que aconselha sempre a ter alguma prudência. Mas há uma grande diferença entre o aceitável e a ofensa, ou será que os senhores sindicalistas também precisam de engolir um papo-sêco por dia para perceber essa diferença?
B-Line