quarta-feira, janeiro 7

Pão e charutos

Sabemos viver num País que se governa a pão e circo. "Aqui na terra tão jogando futebol, há muito samba, muito show e rock&roll. Mas eu queria-lhe dizer que a coisa aqui tá preta." Já cantava o Chico Buarque. Pois é, a coisa aqui tá mesmo preta. "Non se vivere solo di pane", parece a máxima dos falcões de rapina neo-liberal que se acomodam altaneiros nos poleiros do galinheiro do Estado. Sem galinha de ovos de ouro para depenar, estes rapinadores de colarinho engomado e gravata "à Bush" - como diz o meu amigo Ricardo da minha gravatola vermelhusca. - vão se entretendo a depenicar o grãozinho escondido e a picar os miolos da populaça. Este é o País-Padaria-Galinheiro, onde o preço do pão pode vir a aumentar 35% - por concertação dos padeiros-liberais que vão amealhando a sua choruda côdea à conta daqueles que têm de diariamente de comer o pão que o diabo amassou.
Este é o mesmo País onde os charutos vão deixar de ser considerados bens de luxo, passando a pagar um imposto bem mais razoável.
Aquilo que até podia ser uma boa notícia para os apreciadores de "puros" e para as exportações do regime fiel de Castro, acaba por ser ensombrado pela carestia do pão. Por um lado, aumenta-se o pão, por outro, tornam-se os charutos mais acessíveis ao comum dos mortais. Por este andar, o melhor é mesmo trocar o pão com manteiga por umas belas baforadas de Montecristo.
Em vez de dar pão aos pobres, a nova caridade neo-liberal passará a estender a charuteira com umas beatas de charutilhas de má catadura. Em Portugal já temos o circo, só nos falta o pão.

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