terça-feira, dezembro 9

Jardim, o ingrato

Alberto João Jardim, o eterno presidente do governo regional da Madeira, é, com toda a certeza, a mais folclórica e burlesca personagem política portuguesa. Isto é tudo menos uma novidade. Hoje, os seus dislates cíclicos já não surpreendem nem chocam ninguém. Como alguém disse, não recordo quem, Jardim conseguiu algo que mais ninguém na vida política portuguesa pode usufruir: como já são poucos, ou nenhuns, os que o levam a sério, depois de anos a fio a discorrer ininterruptamente insultos e disparates políticos com obvio prazer pessoal e naquele estilo tão seu, goza do privilégio de uma forma particular de impunidade política. Desta forma, pode dizer, com o maior dos à-vontades, tudo o que lhe vai na cabeça sem o menor temor.
Desta vez, contudo, chocou-me a sua ingratidão. Apenas tinham passado poucos dias após termos conhecimento público que a ministra das Finanças deu parecer favorável a mais um empréstimo a contrair pelo governo regional da Madeira de 35 milhões de euros para fazer face ao seu crónico défice, contrariando dessa forma a sua própria lei do OE para 2004, e já o bom do Alberto João, lembrando de caminho o primeiro-ministro que "a paciência tem limites", exigiu ao governo que "a solidariedade continue a funcionar de Lisboa com o Funchal" ao mesmo nível do inverso. Tanta falta de pudor e tanta ingratidão é feio, mesmo muito feio. Caro Alberto João, nós por cá, pelo Continente, até passamos ao lado da sua quixotesca luta contra o neocolonialismo lisboeta e a perigosa multidão de marxistas que controlam o aparelho de Estado. Veja lá que até achamos alguma piada ao seu exibicionismo porno-rural por alturas do Entrudo. Mas tanta ingratidão com tão benévolo governo, e por arrastamento com todos os contribuintes do continente que mais uma vez vão pagar a factura do seu escandaloso despesismo, também é demais.

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